HA-LAPID 5 ============================================ samentos ordinários, e cujas franjas rituais (Sissith) são destinados a lembrar que nós não nos devemos "deixar arrastar pelos impulsos do nosso coração nem pelas ten- tações da nossa vista". (Números, XV, 39). O judaísmo repele também a concepção pagã da oração que faz dela um acto má- gico, cuja virtude de cada palavra é sufi- ciente para satisfazer os nossos votos. Não são nem as fórmulas, nem o número das palavras, nem a duração dos ofícios, nem mesmo a lingua na qual se ora que con- tam, mas a convicção que nisso pomos (Kawaná). Na pratica constituiu-se um ritual cujas fórmulas são determinadas hoíe para as diferentes comunidades (ritos espano-português, italiano, germano-es- lavo), e que e redigido em hebreu ou em arameu. Mas este ritual não se formou com o próprio judaísmo; foi uma obra espontânea dos diferentes rabinos, que, cada um para si, reteve as fórmulas mais felizes e as mais conformes ao seu espi- rito do momento. Elas são mantidas na ausencia de todo o espirito criador. Mas, na origem, a oração era deixada à apre- ciação do chefe da sinagoga que indicava um tema a um improvizador, o qual bor- dava as fórmulas, segundo a sua inspiração e o espirito dos fiéis. Este modo de proceder. bem que ele nãp seia já praticável hoje em que o público é mais difícil e sobre a forma e no fundo, era mais conforme com o espírito dos nossos sábios que não aprovam a oração que se pratica como um trabalho pesado ou como um dever mecânico (Aboth II, Ber. 28 b, 29 a, 30 a, 34 b, etc.). Certos sábios do Talmud, Rabba e Rab Joseph, consideram que uma oração feita segundo um formulário fixo não é uma delas. Da mesma maneira que as palavras em si próprias não tem nenhuma importância, a quantidade das que se empregam não tem nenhuma influência sobre o valor; trata-se menos de orar muito do que de orar bem, isto é com convicção e sinceri- dade. "Perante Deus, diz R. Meir, sede sóbrios de palavras" (Ber. 61a). O Tal- mud dá como modelo de oração a que Moisés dirigiu em favor de sua irmã. Miryam, atingida de lepra, e que só se compõe de quatro palavras: Perdoa, cura-a pois! (arra refa na la) (Ber. 34a). Con- forme com este espírito. "não se pode pôr a orar, nem quando está preocupado com aborrecímentos, nem quando o humor con- duz a preguiça, nem quando se tem no espírito futilidades": não é preciso orar senão quando o coração nos leva a isso (E. c. 31 a). Esta oração, devendo ser antes de tudo a expressão do nosso coração, pode ser feita em toda a língua na qual este coração e capaz de se exprimir. Os nossos sábios especificam que até as nossas duas orações mais importantes, o chemá e o chemoné esré, podem ser ditas em todas as línguas (Sota 32 b). Se a tradição se manteve de as dizer em hebreu, é unicamente com o fim de manter uma certa unidade através as comunidades dispersas. Contudo, ali onde o hebreu é ignorado da maior parte dos fiéis, é "sabotar" a oração e tirar-lhe o seu carácter edificante, querido pelos nossos sábios, que mantê-lo como língua única; é conduzir a um fim do qual as autoridades de Israel quiseram afastar os seus correlígionários, em lhes fazendo um dever mecânico (Kevá). II -Local e pessoal do culto, Templo e Sinagoga. Padre e Rabino A oração, sendo antes de tudo uma expressão sincera dos sentimentos, pode ser dita por toda a parte: "Em todo o lugar onde o meu nome é invocado Eu venho para vós". No periodo da formação da religião judaica, onde não se podia contar com a consciência individual, foi bem preciso agrupar os fiéis num lugar único, o Templo de Jerusalém, que, por este facto, se tornava: o Lugar Santo, para todo Israel. Além disto, foi preciso lhe manter o seu carácter excepcional quando, na destruição da nação judia, ele se tornou o simbolo de unidade de Israel disperso. Mas, hoje, a religião não reconhece nenhum lugar que seja santo por si própnío: a sinagoga é o local onde a comunidade se reune para ler a Lei, orar e meditar: esta qualidade pode ser reconhecida a toda a sala dum edifício digno e próprio para receber a santidade divina. Como o lugar do culto, o pessoal mudou de carácter hoje; o padre (Cohen) não existe mais no judaismo senão em estado de recordação. Os chefes da reli- gião são os rabinos, simples fiéis especia-
N.º 149, Shevat-Elul 5711 (Jan-Ago 1951)
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