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N.º 149, Shevat-Elul 5711 (Jan-Ago 1951)







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samentos ordinários, e cujas franjas rituais
(Sissith) são destinados a lembrar que nós
não nos devemos "deixar arrastar pelos
impulsos do nosso coração nem pelas ten-
tações da nossa vista". (Números, XV, 39).

O judaísmo repele também a concepção
pagã da oração que faz dela um acto má-
gico, cuja virtude de cada palavra é sufi-
ciente para satisfazer os nossos votos. Não
são nem as fórmulas, nem o número das
palavras, nem a duração dos ofícios, nem
mesmo a lingua na qual se ora que con-
tam, mas a convicção que nisso pomos
(Kawaná). Na pratica constituiu-se um
ritual cujas fórmulas são determinadas
hoíe para as diferentes comunidades (ritos
espano-português, italiano, germano-es-
lavo), e que e redigido em hebreu ou em
arameu. Mas este ritual não se formou
com o próprio judaísmo; foi uma obra
espontânea dos diferentes rabinos, que,
cada um para si, reteve as fórmulas mais
felizes e as mais conformes ao seu espi-
rito do momento. Elas são mantidas na
ausencia de todo o espirito criador. Mas,
na origem, a oração era deixada à apre-
ciação do chefe da sinagoga que indicava
um tema a um improvizador, o qual bor-
dava as fórmulas, segundo a sua inspiração
e o espirito dos fiéis.

Este modo de proceder. bem que ele nãp
seia já praticável hoje em que o público é
mais difícil e sobre a forma e no fundo,
era mais conforme com o espírito dos
nossos sábios que não aprovam a oração
que se pratica como um trabalho pesado
ou como um dever mecânico (Aboth II,
Ber. 28 b, 29 a, 30 a, 34 b, etc.). Certos
sábios do Talmud, Rabba e Rab Joseph,
consideram que uma oração feita segundo
um formulário fixo não é uma delas.

Da mesma maneira que as palavras em
si próprias não tem nenhuma importância,
a quantidade das que se empregam não
tem nenhuma influência sobre o valor;
trata-se menos de orar muito do que de
orar bem, isto é com convicção e sinceri-
dade. "Perante Deus, diz R. Meir, sede
sóbrios de palavras" (Ber. 61a). O Tal-
mud dá como modelo de oração a que
Moisés dirigiu em favor de sua irmã.
Miryam, atingida de lepra, e que só se
compõe de quatro palavras: Perdoa, cura-a
pois! (arra refa na la) (Ber. 34a). Con-
forme com este espírito. "não se pode pôr



a orar, nem quando está preocupado com
aborrecímentos, nem quando o humor con-
duz a preguiça, nem quando se tem no
espírito futilidades": não é preciso orar 
senão quando o coração nos leva a isso
(E. c. 31 a).

Esta oração, devendo ser antes de tudo
a expressão do nosso coração, pode ser
feita em toda a língua na qual este coração
e capaz de se exprimir. Os nossos sábios
especificam que até as nossas duas orações
mais importantes, o chemá e o chemoné
esré, podem ser ditas em todas as línguas
(Sota 32 b). Se a tradição se manteve de
as dizer em hebreu, é unicamente com o
fim de manter uma certa unidade através
as comunidades dispersas. Contudo, ali
onde o hebreu é ignorado da maior parte
dos fiéis, é "sabotar" a oração e tirar-lhe
o seu carácter edificante, querido pelos
nossos sábios, que mantê-lo como língua
única; é conduzir a um fim do qual as
autoridades de Israel quiseram afastar os
seus correlígionários, em lhes fazendo um
dever mecânico (Kevá).

   II -Local e pessoal do culto, Templo
e Sinagoga. Padre e Rabino

A oração, sendo antes de tudo uma
expressão sincera dos sentimentos, pode
ser dita por toda a parte: "Em todo o
lugar onde o meu nome é invocado Eu
venho para vós". No periodo da formação
da religião judaica, onde não se podia
contar com a consciência individual, foi
bem preciso agrupar os fiéis num lugar
único, o Templo de Jerusalém, que, por
este facto, se tornava: o Lugar Santo, para
todo Israel. Além disto, foi preciso lhe
manter o seu carácter excepcional quando,
na destruição da nação judia, ele se tornou
o simbolo de unidade de Israel disperso.
Mas, hoje, a religião não reconhece nenhum
lugar que seja santo por si própnío: a
sinagoga é o local onde a comunidade se
reune para ler a Lei, orar e meditar: esta
qualidade pode ser reconhecida a toda a
sala dum edifício digno e próprio para
receber a santidade divina.

Como o lugar do culto, o pessoal
mudou de carácter hoje; o padre (Cohen)
não existe mais no judaismo senão em
estado de recordação. Os chefes da reli-
gião são os rabinos, simples fiéis especia-


 
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