HA-LAPID 5 ========================================== solenidade de Rosh Hashanah (Ano Novo). É pois todo este periodo dos dez dias, dos quais Kipur é a conclusão, que corresponde no ano o que o sábado é na semana e que é destinado a renovar o nosso fundo de santidade. CAPÍTULO XIV Rosh Hashanah Bem que o mês de Tishrí não seja o primeiro do ano, nós devemos considera-lo como tal, moralmente, da mesma maneira que nós consideramos o mês de Outubro como o início do ano escolar bem que ele seja o décimo do calendário: porque, no ponto de vista israelita, é neste mês que se procedem ao renovamento moral dos fiéis, que ali são convocados pelo apelo do shofar (buzina de chifre de carneiro). Para melhor exprimir a ideia da grande purificação das nossas consciências, que é celebrada por este dia como pelo de Kípur, os fiéis tinham outrora o hábito de se apre- sentarem na sinagoga vestidos de branco. É nesta disposição de espírito que eles se preparavam a retemperar-se na vida reli- giosa, e daí tirar uma nova provisão de ener- gia espiritual para o ano que vem, a afir- mar-se no reconhecimento do Reino de Deus, e a aceitar a sua vontade, como outrora Abraham. prestes a lhe abandonar Isaac. CAPÍTULO XV Yom Kipur Este retorno sobre nós mesmos termina solenemente pelo grande dia de Kípur. Este que se caracteriza por um jejum de vinte e quatro horas, nos dispõe a ficar constantemente senhores dos nossos ape- tites. O seu valor é feito do pensamento que nós lhe pomos. A um pagão que não apanhava o sentido profundo dos ritos da vaca ruiva, cujas cinzas deviam servir para confeccionar a água de purificação. Rabbi Yohanan Ben-Zakai respondia: certamente, não é a água por si própria nem as cinzas que purificam, mas é a influência que o rito exerce (Tanhumah Hakaton). Da mesma maneira para o que é de Kipur, não é tanto o jejum nem as numerosas orações que, lhe determinam o valor como a nossa própria vontade de velar pelo valor dos nossos actos. Esta ideia é lembrada aos fiéis na lei- tura complementar à Lei, que é tirada duma passagem do profeta Isaías, onde este exclama com o ardor que o caracte- riza: "É que o jejum consiste em curvar a cabeça como um cana?... Não, não, eis o jejum que Deus deseja: desatai os cintos da maldade, rompei os feixes da iniquidade, dai a liberdade aos oprimidos, quebrai as tiranias, partilhai o vosso pão com os necessitados, dai hospitalidade aos infor- tunados e vestidos aos que vão nus, e não vos desinteresseis do vosso próximo. Então somente a vossa oração irá a Deus." (Isaias LVIII, 5-8). Esta sinceridade cultivada por este dia é ainda reforçada pela cerimónia que inau- gura a solenidade, na véspera à noite, e que pede conta aos fiéis dos compromissos que eles teriam podido tornar levemente e que teriam esquecido de manter. Dali vem este nome de Kol Nidré, primeiras palavras invocação que abre o grande dia de Perdão e onde se pede em primeiro lugar o perdão de todo o compromisso não comprido, mesmo involuntàriamente. Esta oração, como de resto todos estes dias de Penitência tem por fim tornar-nos vigilante do lado dos nossos pontos fracos, e de incitar a nossa vontade a levar aos dias que seguirão um vigor novo no cum- primento dos nossos deveres e na nossa conduta na vida. (Continua). ------------------------------------ Em organização: Posto de Socorros clínicos do Ma- ghen Adom (Signo vermelho) Alber- garia Escolar Israelita para alunos dos cursos religiosos da Comunidade. Sede provisória : Rua Guerra Junqueiro, 340 - PORTO PEDEM-SE DONATIVOS ------------------------------------ Visado pela Comissão de Censura
N.º 152, Shevat-Yiar 5714 (Jan-Abr 1954)
> P05