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N.º 043, Tishri 5692 (Set-Out 1931)







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              HA-LAPÍD                 7
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brado o Ano Novo judaico pelos cripto-ju-
deus desta cidade. O Dia de Kípur tambem
foi solenisado.

Ha entusiasmo em organisar aqui uma
Comunidade israelita afim de aberta e legal-
mente ser praticada a religião, mãi das reli-
giões.

               o o o

Regras deontolágicas do século XII

De sempre, o exercício médico foi colo-
cado na ordem dum verdadeiro sacerdócio
pela aplicação das regras de proceder as
mais severas, as mais elevadas, ás quais
todos os médicos se sujeitavam tradicional-
menta. O juramento de Hipócrates, tão co-
nhecids, é um dos primeiros monumentos
deontológicos e conservou, até nossos dias,
um valor moral que os tempos não tem
apoucado.

Representa contudo apenas o embrião
de deontoiogia e muitos principios novos
vieram juntar-se aos que êle nos ditava.

Pois bem! Desde o XII século, as regras
que em nossos dias regulam as relações
recíprocas dos médicos e entre estes e os
doentes, já estavam encontradas quasi in-
teiramente formuladas.

Pelo ano de 1160, a Escola de Medicina
de Marrocos abriu um concurso que atraiu
um grande número de médicos. Um médico
muito novo, de 21 anos apenas, vindo de
Córdova, apresentou nesse concurso uma
oração que, por unanimidade, obteve o pri-
meiro premio. Este jovem médico era judeu
e chamava-se Abn Amran Musha ben Mai-
meen ben Obão Allah el Kortobi el Israel.
Não era mais que o famoso Maimónidas
cujos trabalhos filosóficos e médicos mere-
ceram, durante séculos, a veneração dos
norte-africanos.

Não nos demoraremos nem sôbre a sua
obra nem sôbre a sua vida vamos repro-
duzir apenas esta parte da sua "prece" que
continha, admiravelmente ditas, as mais
precisas e mais elevadas regras deontológi-
cas, e que merecem ser meditadas muitas
vezes no decorrer da nossa carreira médica:

"Que o amor da minha arte e das tuas
criaturas me anime sempre, e que nem a
avidez ou avareza, nem a sede de gloria ou
de alta reputação se apoderem da minha
alma; porque inimigos da verdade e da fi-
lantropia, poderiam facilmente enganar-me


 
e afastar-me da alta distinção de fazer o
bem aos teus filhos!

"Sustenta as forças do meu coração e
da minha alma, a fim de que estejam sem-
pre igualmente dispostos a servir o rico e
o pobre, o bom e o mau, o amigo e o ini-
migo, e a não ser na doente mais que o
meu semelhante que sofre!

"... Conserva a minha inteligencia sã
e natural, e torna-a capaz de compreender
o presente e de calcular com exactidão o
futuro ainda oculto, preserva igualmente o
meu espirito duma cegueira pertinaz, que
recuse reconhecer o que é evidente, e duma
fátua presunção que lhe faria ver o que nao
deve ver!...

"... Que o meu espirito seja sempre
senhor de si junto da cabeceira do doente;
nenhum pensamento extranho deve distrai-lo;
que tudo o que a experiência e a reflexão
lhe tenham ingerido se mostre deante dêle,
sem que nada o possa perturbar na sua
meditação! ...

"... inspira aos meus doentes confiança
em mim e na minha arte e obediência ás
minhas prescriçoes. Atasta dêles todo o
pseudo médico o que destruiria e que, com
a tua infinita bondade, eu faça de bem; da
mesma forma afasta o enxame de pessoas
consultadoras e as mulheres que se dizem
prudentes, por ser uma gente cruel que,
por vaidade, contraria e neutraliza os me-
lhores resultados da nossa arte sublime e
santa, e prepara a morte precoce ás tuas
criaturas.

"Se médicos mais instruidos do que eu,
querem guiar-me e aconselhar-me, inspira-
me confiança, obediência e reconhecimento
para com êles! Porque o estudo da arte é
imenso, e não é dada a um só ver tudo o
que os outros veem. Mas se ignorantes me
censurarem e se rirem de mim, que o amor
pela minha arte sirva de escudo ao meu
espírito e o torne invulnerável, a-fim-de
que, sem olhar â reputação, á idade e á
alta posição dos seus adversários, persista
no que reconheceu como verdade, porque a
condescendência seria neste caso um crime
e provocaria a morte das tuas criaturas.

"Concede-me a brandura e a paciência
necessárias aos doentes caprichosos e em
frente dos confrades mais idosos que, en-
vaidecidos da sua antiguidade, pretendam
repelir-me ou criticar-me. Permite que eu
aproveite do bem que uma longa experiên-


 
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