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Ha-Lapid הלפיד


N.º 047, Nissan 5692 (Abr-Mai 1932)







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 4                  HA-LAPID
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ram ai muita tempo depois da sua morte, da mesma
maneira que durante a sua vida. Não é senão pela
perseguição dos novos senhores que conquistaram,
que foram obrigados a sair dali e espalhar-se por to-
do a mundo, o que é um efeito evidentemente contrá-
rio á promessa do Senhor que deve uni-los na vinda
do Messias. Os cristãos ficaram mais unidos por ter
querido usurpar o que não lhes pertencia, e por ter
tomado o nome do povo escolhido por Deus? Ousa-
riam êles dizer que gosam deste repouso, desta tran-
quilidade e desta união prometida e que o Messias
que êles adoram devia absolutamente procura-los?
Durante quantos séculos depois da morte do seu re-
dentor não foram eles oprimidos pelos Romanos? O
seu Martirologio està cheio dos tormentos que se
lhes tem feito sofrer: a Igreja grega foi e é ainda
actualmente perseguida pelos Turcos; os Godos e vá-
rias outras nações barbaras destruíram quàsi toda a
Igreja Romana. E' inutil expor aos olhos de toda a
terra, as desordens, as divergencias e as guerras que
nós vemos todos os dias pelas diversas seitas que ha
no cristianismo. Os protestantes asseguram que pou-
cos anos depois da instituição da Igreja, o Papa que
se tinha estabelecido nela para chefe introduzir ai a
idolatria, e que deslisou um milhão de erros, que Lu-
tero e Calvino os dois primeiros reformadores repri-
miram: sucederam tantas outras mudanças tão consi-
deraveis na Igreja primitiva que quasi a não mais se
reconhece. Valdiris das Montanhas da Saboya foram
os unicos que se conservaram puros a primeira insti-
tuição do cristianismo. Durante 1200 anos o resto da
cristandade é mergulhar-se na idolatria submetendo-
-se á autoridade do Papa. Eis a apologia dos protes-
tantes. Escutemos os Catolieos Romanos. Lamentam o
erro e a cegueira dos hereticos, nome que dão em co-
mum a todos que não obedecem ao Bispo de Roma:
detestam Arins e todos os outros que interromperam
os progressos da Igreja Romana, que lhe diminuíram
a grandeza e o poder. Odeiam Lutero e Calvino que
subtrairam à autoridade do Papa tantos reinos e tan-
tas Províncias pela sua preciosa reforma. Os catolicos
Romanos deferem tanto entre si no culto da sua reli-
gião que os Armenios e os Moscovitas são declarados
cismaticos pelos concilios. Se passarmos para a Afri-
ca mal encontraremos ai vestígios do cristianismo. E'
portanto a unica parte do mundo que então a tem ge-
ralmente abraçado.

Ela não reconhecia senão a lei ridicula de
Mahomet: os Asiaticos estão todos infecionados da
doutrina deste impostor e dizem que não poderão
compreender que Deus esteja fechado no ventre duma
mulher para tornar-se homem e que é impossivel que
ele tenha morrido. Pode-se, apesar de tantas provas
tam incontestaveis, sustentar que o verdadeiro Mes-
sias tenha com efeito chegado pois que se não gosa
de qualquer dos bens temporais nem espirituais pro-
metidos pelo seu advento? Não se gosa deste repouso
esta união, esta uniformidade de sentimentos para o
culto de Deus e para a observancia da santa lei e dos
seus preceitos.

Encontra-se no Evangelho que o Messias não
veio para os gentios, mas somente para salvar as ove-
lhas que tinham perecido de Israel. Isto concorda
perfeitamente com uma das qualidades essenciais que
deve ter o Messias segundo o que diz o Profeta Ize-
quiel. "Salvarei o meu povo, o meu rebanho e ele não
sera mais exposto como presa. Suscitarei nas minhas
Ovelhas um pastor para as apascentar. E ninguem
pode dizer com a menor aparencia de verdade que


 
jesus Cristo tenha sido jamais o Pastor destas ove-
lhas desgarradas nem que as tenha reunido num reba-
nho. E se é desgarrado ele proprio e pelo pouco res-
peito que teve para a lei de seus pais, o sa- 
grado conselho de sanhedrim a condena-lo à morte
Se a sentença que se pronunciou contra ele não tives-
se sido justa, seria encontrado algum dos juizes neste
sabio Tribunal que teria tomado antes a sua defesa,
mas as suas acções eram tão condenaveis que quando
se publicou, segundo a formalidade ordinaria que se
havia alguem que pudesse declarar qualquer coisa em
sua defesa se mostrasse para ver se havia meio de o 
absolver ou de o condenar a uma punição menos ru-
de que a morte, não se encontrou ninguem que viesse
justifica-lo? Se o reino do Messias não esteve sobre a
terra, se as ovelhas que ele reuniu são de Israel espi-
ritual, e se todos os efeitos das promessas divinas se
não devessem cumprir senão no ceu, todas as Profe-
cias são inuteis para aquele que espera a vinda do
Messias, pois que se não podia conhecer nem distin-
guir d'entre os outros homens a não ser por sinais de
irreverencia contra os preceitos de Deus e de im-
piedade para todas as coisas sagradas. Desde a
criação do mundo todos os homens sabem que depen-
de deles ser chamados á gloria, para aí gosar de
beatitude ou ser condenados ao inferno para ai sofrer
tormentos que jamais acabarão.

O Senhor fez anunciar por todos os Profetas
qual deve ser o Messias que ele enviaria para resgatar
os filhos de Israel. Ele diz a todos por que sinais, e
por que pontos poderão reconhece-lo sem se enganar
prevenido que chegaria um dia em que apareceria en-
tre eles alguns Israelitas que as nações tratassem como
Deus e recebessem com o mesmo respeito que devem
ao criador do ceu e da terra, que o nomeariam o Mes-
sias verdadeiro e que depois de ter subjugado os Is-
raelitas, os obrigariam pelas suas perseguições a de-
clarar-se ao seu partido, a abandonar o verdadeiro
Deus para seguir aquele que elas se obstinam de ado-
rar.

Os Profetas dizem todos que será um de entre os
filhos de Israel que o Senhor escolherá para ser o seu
Rei, o seu Pastor e o seu Messias, mas ele deve ser
homem e descendente de David sem que possa arro-
gar-se os atributos da Divindade; e ainda que estejam
dispersos entre todas as nações depois de vários se-
culos, não podem enganar-se, porque não vêm ne-
nhum dos sinais que deve ter infalivelmente o Mes-
sias que eles esperam naquele que se lhes disse ser
vindo. E' por uma Providencia divina que os cristãos
teem tão fortemente elevado aquele que adoram; tal-
vez tivessem podido seduzir os Israelitas, se se teem
contentado em dar-lhes as qualidades que os Profetas
lhe atribuiram; as honras, os encargos e a estima das
outras nações os teriam talvez esquecido, preferindo
todos o repouso, as grandesas e uma satisfação bri-
lhante ás perseguições e aos oprobrios.

Os cristãos empregam todos os meios para obs-
curecer o que o Senhor fez anunciar tão claramente
aos filhos de Israel. Vós sois o meu povo e eu serei o
vosso Deus e o meu servidor David será o vosso Rei.
Há pois, diferença entre ser o Deus de Israel ou o
Rei que deve governa-lo com justiça e mantê-lo no
amor e crença de Deus. Em vão, dizem que é a mes-
ma coisa, que é Deus que é o Rei e o Pastor de Israel.
Se a sua Divina bondade tivesse resolvido comuni-
ear-se ele próprio ao seu povo tomando a qualidade
que êles cristãos lhe davam, ter-lhes-ia feito conhecer
a sua vontade sem o obrigar a perseverar num peca-


 
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