4 HA-LAPID ===================================================== ram ai muita tempo depois da sua morte, da mesma maneira que durante a sua vida. Não é senão pela perseguição dos novos senhores que conquistaram, que foram obrigados a sair dali e espalhar-se por to- do a mundo, o que é um efeito evidentemente contrá- rio á promessa do Senhor que deve uni-los na vinda do Messias. Os cristãos ficaram mais unidos por ter querido usurpar o que não lhes pertencia, e por ter tomado o nome do povo escolhido por Deus? Ousa- riam êles dizer que gosam deste repouso, desta tran- quilidade e desta união prometida e que o Messias que êles adoram devia absolutamente procura-los? Durante quantos séculos depois da morte do seu re- dentor não foram eles oprimidos pelos Romanos? O seu Martirologio està cheio dos tormentos que se lhes tem feito sofrer: a Igreja grega foi e é ainda actualmente perseguida pelos Turcos; os Godos e vá- rias outras nações barbaras destruíram quàsi toda a Igreja Romana. E' inutil expor aos olhos de toda a terra, as desordens, as divergencias e as guerras que nós vemos todos os dias pelas diversas seitas que ha no cristianismo. Os protestantes asseguram que pou- cos anos depois da instituição da Igreja, o Papa que se tinha estabelecido nela para chefe introduzir ai a idolatria, e que deslisou um milhão de erros, que Lu- tero e Calvino os dois primeiros reformadores repri- miram: sucederam tantas outras mudanças tão consi- deraveis na Igreja primitiva que quasi a não mais se reconhece. Valdiris das Montanhas da Saboya foram os unicos que se conservaram puros a primeira insti- tuição do cristianismo. Durante 1200 anos o resto da cristandade é mergulhar-se na idolatria submetendo- -se á autoridade do Papa. Eis a apologia dos protes- tantes. Escutemos os Catolieos Romanos. Lamentam o erro e a cegueira dos hereticos, nome que dão em co- mum a todos que não obedecem ao Bispo de Roma: detestam Arins e todos os outros que interromperam os progressos da Igreja Romana, que lhe diminuíram a grandeza e o poder. Odeiam Lutero e Calvino que subtrairam à autoridade do Papa tantos reinos e tan- tas Províncias pela sua preciosa reforma. Os catolicos Romanos deferem tanto entre si no culto da sua reli- gião que os Armenios e os Moscovitas são declarados cismaticos pelos concilios. Se passarmos para a Afri- ca mal encontraremos ai vestígios do cristianismo. E' portanto a unica parte do mundo que então a tem ge- ralmente abraçado. Ela não reconhecia senão a lei ridicula de Mahomet: os Asiaticos estão todos infecionados da doutrina deste impostor e dizem que não poderão compreender que Deus esteja fechado no ventre duma mulher para tornar-se homem e que é impossivel que ele tenha morrido. Pode-se, apesar de tantas provas tam incontestaveis, sustentar que o verdadeiro Mes- sias tenha com efeito chegado pois que se não gosa de qualquer dos bens temporais nem espirituais pro- metidos pelo seu advento? Não se gosa deste repouso esta união, esta uniformidade de sentimentos para o culto de Deus e para a observancia da santa lei e dos seus preceitos. Encontra-se no Evangelho que o Messias não veio para os gentios, mas somente para salvar as ove- lhas que tinham perecido de Israel. Isto concorda perfeitamente com uma das qualidades essenciais que deve ter o Messias segundo o que diz o Profeta Ize- quiel. "Salvarei o meu povo, o meu rebanho e ele não sera mais exposto como presa. Suscitarei nas minhas Ovelhas um pastor para as apascentar. E ninguem pode dizer com a menor aparencia de verdade que jesus Cristo tenha sido jamais o Pastor destas ove- lhas desgarradas nem que as tenha reunido num reba- nho. E se é desgarrado ele proprio e pelo pouco res- peito que teve para a lei de seus pais, o sa- grado conselho de sanhedrim a condena-lo à morte Se a sentença que se pronunciou contra ele não tives- se sido justa, seria encontrado algum dos juizes neste sabio Tribunal que teria tomado antes a sua defesa, mas as suas acções eram tão condenaveis que quando se publicou, segundo a formalidade ordinaria que se havia alguem que pudesse declarar qualquer coisa em sua defesa se mostrasse para ver se havia meio de o absolver ou de o condenar a uma punição menos ru- de que a morte, não se encontrou ninguem que viesse justifica-lo? Se o reino do Messias não esteve sobre a terra, se as ovelhas que ele reuniu são de Israel espi- ritual, e se todos os efeitos das promessas divinas se não devessem cumprir senão no ceu, todas as Profe- cias são inuteis para aquele que espera a vinda do Messias, pois que se não podia conhecer nem distin- guir d'entre os outros homens a não ser por sinais de irreverencia contra os preceitos de Deus e de im- piedade para todas as coisas sagradas. Desde a criação do mundo todos os homens sabem que depen- de deles ser chamados á gloria, para aí gosar de beatitude ou ser condenados ao inferno para ai sofrer tormentos que jamais acabarão. O Senhor fez anunciar por todos os Profetas qual deve ser o Messias que ele enviaria para resgatar os filhos de Israel. Ele diz a todos por que sinais, e por que pontos poderão reconhece-lo sem se enganar prevenido que chegaria um dia em que apareceria en- tre eles alguns Israelitas que as nações tratassem como Deus e recebessem com o mesmo respeito que devem ao criador do ceu e da terra, que o nomeariam o Mes- sias verdadeiro e que depois de ter subjugado os Is- raelitas, os obrigariam pelas suas perseguições a de- clarar-se ao seu partido, a abandonar o verdadeiro Deus para seguir aquele que elas se obstinam de ado- rar. Os Profetas dizem todos que será um de entre os filhos de Israel que o Senhor escolherá para ser o seu Rei, o seu Pastor e o seu Messias, mas ele deve ser homem e descendente de David sem que possa arro- gar-se os atributos da Divindade; e ainda que estejam dispersos entre todas as nações depois de vários se- culos, não podem enganar-se, porque não vêm ne- nhum dos sinais que deve ter infalivelmente o Mes- sias que eles esperam naquele que se lhes disse ser vindo. E' por uma Providencia divina que os cristãos teem tão fortemente elevado aquele que adoram; tal- vez tivessem podido seduzir os Israelitas, se se teem contentado em dar-lhes as qualidades que os Profetas lhe atribuiram; as honras, os encargos e a estima das outras nações os teriam talvez esquecido, preferindo todos o repouso, as grandesas e uma satisfação bri- lhante ás perseguições e aos oprobrios. Os cristãos empregam todos os meios para obs- curecer o que o Senhor fez anunciar tão claramente aos filhos de Israel. Vós sois o meu povo e eu serei o vosso Deus e o meu servidor David será o vosso Rei. Há pois, diferença entre ser o Deus de Israel ou o Rei que deve governa-lo com justiça e mantê-lo no amor e crença de Deus. Em vão, dizem que é a mes- ma coisa, que é Deus que é o Rei e o Pastor de Israel. Se a sua Divina bondade tivesse resolvido comuni- ear-se ele próprio ao seu povo tomando a qualidade que êles cristãos lhe davam, ter-lhes-ia feito conhecer a sua vontade sem o obrigar a perseverar num peca-
N.º 047, Nissan 5692 (Abr-Mai 1932)
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