N.º 050, Tishri-Heshvan 5693 (Out-Nov 1932) > P04
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Ha-Lapid הלפיד


N.º 050, Tishri-Heshvan 5693 (Out-Nov 1932)







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 4                 HA-LAPID
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var-se evidentemente a falsidade das suas interpreta-
ções, e que com um pouco de aplicação se separaria
a verdade da mentira, serviram-se, a-fim-de melhor
deslumhrar os cristãos, duma falsa explicação para
afirmar que o Profeta fala do Messias. Em lugar de
dizer nossas faces, versiculo 3.° dizem sua face no
singular, e sua ferida em lugar de nossas feridas
versículo 8.°: estranho efeito de cegueira e de perti-
nácia! faz se mais, separa-se o capitulo quinquagés-
simo segundo do capitulo quinquagéssimo terceiro,
como se não tivessem qualquer conexão, porque
sem isso não poderiam aplica-lo ao Messias. E' evi-
dente que este ultimo capitulo é a sequência do an-
tecedente. Para nos convencermos basta apenas ler
os dois; as coisas surpreendentes que são inunciadas
no 1.°, referem-se perfeitamente à miséria do povo
de Israel tão bém pintada no outro; é por este estado
horroroso que a grandeza que lhe é prometida deve
arrebatar de admiração lôdas as nações. Tóda a gen-
te verá o que não tinha sido contado, e ouvirá o que
não tinha ouvido. Haveria imperfeição no discurso,
que o fim deste capitulo não estivesse ligado com o
começo do outro. Os cristãos não podem moldar-se
a esta ligação: os seus autores esforçam-se por todos
os modos em separar estes dois capitulos: não que-
rem que sejam as nações que falam no 1.°, pretendem
que seja o povo judeu; e com efeito sem isto a sua
doutrina ficaria destruída e não mais teriam Messias.
E' necessário para que a sua religião subsista que
interpretem o texto sagrado a seu modo sem terem o
trabalho de dar-lhe o verdadeiro sentido de que é
susceptível e sem prever que para os convencer do
seu érro basta mostrar-lhes que não compreendem o
Hebreu ou que não querem compreende-lo. Quando
se chega a tais extremos, a verdade triunfa facilmen-
te da mentira. Mas o Cristianismos arranjou para isso
um remedio maravilhoso. Sómenee é primitido aos
Teólogos ler a escritura, a lingua santa não se apren-
de e é apnas pelo órgão dum Doutor cristão que ela
é explicada. Alguns enterpretes traduziram com um
artificio maravilhoso a palavra Hebreu Jasé, preten-
dem que ela significa ele orvalhará em lugar de dizer
ele fara' falar; e sôbre uma explicação tão falsa e
tao mítira estabelece-se a vinda do Messias. E' ver-
dade que Jasé significa orvalhar, mas não pode inter-
pretar-se assim neste ponto a não ser que se diga ao
mesmo tampo que o Profeta disparata. Vejamos neste
ponto a significação alegórica. Tendo sido o espanto
de muitos que vos teem VÍSIO na desgraça, assim a
vossa vista sera' desprezado dos homens; êle orva-
lhará muitas nações, etc. Aqui não há conexão,
nem sentido nestas palavras, ao passo que quando se
explicam no sentido do Profeta, êle fará falar as na-
ções. nela fica intelegível, é uma antitese de que se
serve este santo anunciador da palavra de Deus.

Os povos admirarão e falarão com espanto desta
prodigiosu mudança de povo escolhido, os Reis con-
servar-se-ão em silêncio, o que o capftulo 53.° ex-
plica muito claramente. E' mesmo impossível com-
preender éstes dois capitulos sem que a palavra Jasé
signifique falar e que se diga que as nações surprezas
do que virem o testemunhem pelas suas palavras. Se
o Profeta tivesse falado de Israel, ter-se-ia exprimido
diferentemente, o que prova à evidência que são as
nações que falam e não Israel, e que é necessário li-
gar-se ao espírito e não a explicação literal do termo
hebraico jacé. Estas espécies de expressões metafóri-
cas encontram-se tão comumente no texto sagrado
que ha sómente esta grande obstinação necessária pa-
ra apoiar uma falsa doutrina que obriga os cristãos a


 

sustentar o sentido e adaptaram neste ponto porque
é talvez o único donde podem inferir que o capitulo
quinquagéssimo terceiro de Isaias fala do seu preten-
so Messias.

Pagueninus no seu Dicionário Hebreu explica a
palavra jasé por estas, orvalhará ou fara' falar. Esta
segunda explicação é totalmente oposta á dos Douto-
res cristãos e destruindo completamente a sua opinião
se fica surprézo por ter sido permitido a este autor tor-
ná-la pública. E' um efeito da verdade que se desco-
bre sempre, muitas vezes mesmo contra a intenção
daquele que a produz; e nada é mais evidente que
são as nações admirados da redenção de israel que
dirão quem é que acreditou o que temos ouvida?
Vimos o que foi predito aos verdadeiros israelitas;
esta redenção prometida por todos os Profetas che-
gou. a sua glória é grande; entraram na graça do
Senhor que os reuniu de todos os pontos onde esta-
vam dispersos e os colocou na posse da terra santa
seu antigo património.

O mesmo Profeta lhes afirma isto ainda nesta
passagem: "que todos os povos se reunem: qual de
vós outros anunciou isso. Fui eu que anunciei as
coisas futuras. Fui eu que vos salvei a-fim-de que
saibais, de que compreendais e de que vejais que fui
eu; que não houve Deus formado antes de mim e
que o não haverá depois de mim". Diz que escolheu
seu servo para vir anuncíar-nos os seus divinos orá-
culos, mas que não vir á ele mesmo. "Fóra de mim,
diz êle, não ha salvador. porque é a mim só que
pretendo que seja devida a redenção de Israel. O meu
Mesias virá cumprir esta promessa tantas vezes reite-
rada pelos Profetas: será o precursor desta miraculo-
sa redençáo que lôdas as nações da terra hão-de ver
com espanto e assombra". O número de pessoas reu-
nidas nesta parte da Judea e que deram fé á redenção
de Jesus Cristo como os seus discípulos teem pregado
foi tão pequena que com dificuldade se pode contar
um por mil. Ela mesmo foi envolta no esquecimento
duram mais dum século depois da morte do preten-
dido redentor. O que o Senhor promete aos Israelitas
pela boca dos Profetas é bem diferente Toda a terra
terá uma fé completa e toda a terra o admirará sem
qualquer intorrução de tempo.

Estas palavras de Isaias no capítulo quinquagés-
simo segundo; a quem se fez ver o braço do Senhor?
tem dois sentidos ambos literais. Um negativo pela
interrogação: a quem o braço do Senhor, a sua força
e o seu poder infinito podem ter sido descobertos?
Quem poderia jamais conceber, quem poderia acredi-
tar o que nós vemos manifestamente? A elevação e a
glória de israel, vergando sob o péso duma dura es-
cravidão, o opróbrio de tõdas as nações, errantee
perseguido, é aquele que dormira, é aquele de ante
de quem os Reis e os povos se humilham: ninguém
poderia crér uma metamorfose tão surprendente.

O sentido positivo é bem mais claro e mais inte-
ligivel. E' apenas a éste povo que o Senhor fará ver
o seu santo braço; é a ele somente que comunicará
os efeitos do seu amôr e da sua omnipoténcia. As na-
ções veem claramente que estas promessas são unica-
mente feitas aos Israelitas, a não ser que regeitem
absolutamente o tento sagrado. "Rejubilai, desertos
de Jerusalém; louvai todos em conjunto o Senhor,
porque ele consolou o seu povo e resgatou Jerusalém.
0 Senhor descobriu a santidade do seu braço aos
olhos de todas as nações. Tôdas elas verão a salva-
ção do nosso Deus"; e visto que devem ver este mi-
lagre, porque querem elas duvidar disso? Porque
preguntam o sinal da graça do Senhor? E mais um


 
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