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Ha-Lapid הלפיד


N.º 053, Shebat 5693 (Fev 1933)







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 2             HA-LAPID
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são vitimas em Portugal, não é evidente
que deviam estar ao facto de quem é o
seu zeloso advogado? Há cincoenta anos
a esta parte, a minha obra não precisaria
doutro incentivo, por assim dizer, que o
fornecido pelos israelitas, no meio dos
quais abundavam homens tão ilustres co-
mo generosas. Outros tempos, outros cos-
tumes! Mas voltando ao assunto: da mes-
ma maneira que sou português e cava-
leiro de Cristo, podia igualmente ser di-
namarquês, polaco, francês, espanhol, na-
politano, ou alemão, e, revestido da or-
dem do Elefante, da Aguia, da Pomba,
do Nó, do Dragão, do Cão ou do Javali,
entrar tambem na Sinagoga de Haia com
um destes sinais distintivos. O rabino, que
é de seu natural polido, ter-me-ia acolhi-
do igualmente bem. Se para prestar ho-
menagem á sua bôa educação e ao seu
trato afável, tivesse publicado que me re-
cebera daquela guisa em consideração
para com a minha insígna, podia concluir-
se que o meu desígnio fôra fazer acredi-
tar que o rabino respeitara na minha or-
dem um elefante, uma águia, um dragão,
ou um porco-espinho? Ou muito me en-
gano, ou o que eu queria inculcar é que
êste homem estava a-par das regras da
etiqueta e era pessoa de boa civilidade.
Os hebreus, salvo êrro, tiveram a sua or-
dem Equestre. Ocorre-me que Flávio José
fala da sua fundação e conta que a ca-
deia e o anel de oiro eram as insignias
com que os príncipes honravam súbditos,
amigos e partidários. A Escritura Sagrada
cita-nos o caso do ilustre José que, me-
diante seu espirito profético, interpretou
e explicou os sonhos de Faraó. Modo de
premiar a sua sciência, vestiu-o o monar-
ca de púrpura e em cerimónia publica lhe
conferiu a ordem Equestre enfiando-lhe
êle mesmo no dedo o anel simbólico e
deítando-lhe ao pescoço o colar respec-
tivo.

Os mesmos exemplos constam do tem-
po de Moisés e Josué, que concederam a
mesma dignidade a hebreus, notáveis pe-
lo valor e a coragem. Daniel, ainda, foi
glorificado por Baltasar, depois que deci-
frou os caracteres misteriosos que tinham
aparecido na parede. 0 rei ordenou que
lhe vestissem túnica escarlate, lhe puses-
sem um colar de oiro ao pescoço e fôsse
proclamado que era o terceiro do reino.



Este colar, ou insignia de honra só con-
cedida aos homens de mérito, é denomi-
nado torques ou torquis por Cícero, tor-
quis aureus por Vegécio; e Plinio chama
torquatus àquele que tinha a honra de
com ele ser agraciado. Ora, se José do
Egito pudesse voltar com todo o prestí-
gío que lhe atribui a História Sagrada e
entrasse numa igreja cristã não creio quo
houvesse sacerdote ou sacristão tal mal
educado ou soez que lhe negasse consi-
deração só porque ostentava o distintivo
duma ordem, hebraica ou faraónica que
fôsse. As ordens são, com efeito, uma re-
comendação a todos aqueles que as esta-
deiam; pessoas de bem não lhes faltam
com a sua vénia. Assim procedeu o rabi-
no para comigo, como procederia, de cer-
to, pertencendo eu á ordem do Porco,
animal a que os judeus votam a sua me-
lhor antipatia. Alega o critico que o meu
livro foi escrito para uso dos ignorantes.
Talvez não fôsse essa a minha intenção
quando o publiquei, mas, pois que caiu
entre as suas mãos, o endereço que lhe
sobrescrita não está de todo errados".

              o o o

conferência comemorativa do
Auto de Fé de 1543

Realizou-se no dia 11 de Fevereiro
na Comunidade Israelita desta cidade,
uma conferência em comemoração do pri-
meiro e ultimo Auto de Fé que teve lo-
gar no Porto.

Foi conferente o Ex.mo Snr. Capitão
Barros Basto que nos deu o praser de o
ouvir durante largo tempo.

As suas palavras encontraram eco nos
nossos corações, nos quais, naquele mo-
mento, parecia existir o fogo que devo-
rou outrora os corpos dos nossos ante-
passados.

Eram nossos irmãos...

-Eram maus?

-Não... pelo contrário eram de bom
carácter. porem de ideias firmes.

O cristianismo tinha de aumentar!...

A religião do "Deus Uno-Invisivel" ti-
nha de desaparecer!...


 
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