2 HA-LAPID ============================================= PARA OS PEQUENINOS Historietas Talmudicas Utilidade das coisas insignificantes Tem sido imensamente proclamada a utilidade das coisas insignificantes sem que, contudo, ninguém se preocupe com elas. Parece que custa a entrar nas cabeças a idea de que as pequenas coisas é que são as grandes, ou melhor, que as grandes coi- sas são devidas às pequenas. Porém a ex- periência e a observação há-de encarregar-se de mostrar que assim é realmente. Mas... o nosso intuito não é vir para aqui barafustar; é única e simplesmente contar uma historieta a propósito. Ouçamo- -la, pois: Um dia o célebre rei David, sentado num divan, deixava-se embrenhar em profundas meditações. Ao seu cérebro ocorriam tôda a espécie de ideas. Quando pensava nas ma- ravilhas do mundo viu subir pela parede acima uma aranha. As suas meditações tomaram um novo rumo. Para que existirão as aranhas? pensou. -Parece incrível que Deus creasse estes repugnantes animais, que, afinal, servem apenas para sujar as paredes, enchendo-as de teias. Nisto vieram anunciar-lhe que um louco estava ali e insistia em lhe falar. -Os loucos! E' verdade!-esclamou êle -Para que existirão os loucos? São uns desgraçados e só servem para nos massar. Se Deus creou todas as coisas, não podia ter evitado mandar loucos ao mundo? Esta- ria isso fora dos domínios do seu poder? Buscava a explicação do caso quando sentiu uma forte ferradela numa orelha. -Um mosquito!-exclamou-Para que serão bons estes malditos? Deus também podia ter-nos livrado deles, visto que enco- modam ao máximo sem terem utilidade alguma. Mais tarde, porém, veio a convencer-se de que todos esses sêres, cuja vinda ao mundo considerava uma desgraça, existiam e até para seu beneficio. Quando fugia de Saúl, foi preso pelos Filisteus que o levaram junto do seu rei, Gach. Mas, fingindo-se louco, conseguiu livrar-se da morte porque não houve meio de o rei dos Filisteus acreditar que aquêle homem era o célebre rei David. A isto refe- re-se o cap. 21, v.° 13 do livro de Samuel: "E mudou a sua fala deante dêles e fingiu-se louco nas suas maneiras e escrevia nas portas deixando correr a sua saliva pela boca." Uma outra ocasião, como David fôsse novamente perseguido, escondeu-se numa cova. Pouco depois de êle entrar, uma aranha estendeu a sua teia no buraco. Chegados os inimigos àquele lugar, um dêles propôs: -Vejamos se acaso estará nesta cova.-E's tolo-tornou logo outro-Ali não pode estar. Não vez as teias de aranha que tapam o buraco?-Tens razão-concordou o primeira -continuemos E lá seguiram escapando assim David à morte. Os mosquitos também tiveram ocasião de prestar um bom serviço quando David entrou no campo de Saul para procurar a espada. Ao passar iunto de Abner que dormia êste estendeu uma perna, tendo David a pouca sorte de ficar debaixo dela. Ficou, pois, numa situação embaraçosa. Se se mo- vesse despertaria Abner e seria homem morto. Se se deixasse estar ali até ao dia seguinte, seria apanhado e ficaria da mesma maneira sem a vida. Pensava na resolução a tomar, quando um mosquito pousou na perna de Abner. Como êste a movesse para fazer fugir o mosquito, proporcionou a David ocasião de se pôr a salvo. Quando voltou ao seu palácio não pôde deixar de esclamar:-"A obra da creação é magnífica e nela não há nada absolutamente inutil." Norberto A. Morêno ------------------- Abraham e os Hebreus Sir Leonard Woolley, que dirige as famosas escavações em Ur, na Caldeia- (onde nasceu Abraham), apresenta em vo- lume o primeiro estudo documentada sôbre o patriarca de Israel. Fundador da raça hebraica, Abraham está na origem de três grandes religiões modernas: a judia, a islamita e a cristã. Mas a história desse patriarca é meio desconhecida, e o que Genesis diz passa aos olhos de muitos como pura lenda. Sir Woolley preocu- pa-se com o mostrar que a narrativa da Bíblia é substancialmente verdadeira. Ti- tulo do volume: "Abraham-descobertas recentes sobre a origem dos Hebreus".
N.º 078, Shebat-Adar 5697 (Jan-Fev 1937)
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