HA-LAPID 5 ========================================== directora de todas as maravílhas da Natu- reza e do Universo. Não privamos ninguém de O batisar com qualquer outro nome; o nosso é que está definitivantente fixado: "DÉUS". É observação vulgar que os novos, aspirates a cientistas ou literatos, quando meia duzia de artiguetos ou novelas, possi- velmente publicadas, os convencem de que descobriram o róseo caminho que os há-de conduzir ao términus glorioso da sua car- reira, começam a pôr de parte as crenças religiosas inclusivé a própria existencia de Deus. E falam, discutem, barafustam, sin- ceramente convencidos de que já descobriram a grande verdade. Passam a ler escritores materialistas, cujas afirmações proclamam aos quatro ventos, e a formar, por assim dizer, um mundo à parte, mundo este que consideram superior ao outro, o dos crentes. Coitados!... Não passam geralmente de patetas vaidosos, cujos cérebros precisam ser muito transformados e cultivados até adquirir uma suficiente perfeição que lhes permita compreender a necessidade absoluta dum Creador. Mas, alto; não é das crenças em perti- cular que queremos falar. Não, porque, não deixamos de concordar, entre elas aoundam os absurdos. Queremos única e exclusiva- mente referir-nos à síntese e ao purismo da crença, isto é, à existência de Deus. Quando se pregunta a esses pseudo- -cientistas qual é a fôrça creadora de todas as maravilhas que, se estendem à nossa vista, obtem-se imediatamente esta resposta: -A Natureza. E "impingem-nos", se preciso fôr, as teorias das gerações espontâneas, etc., etc., provas com que julgam arrazar- -nos completamente. É neste ponto que lhes talta a suficiente largueza de vistas. "Crer que seres vivos, vegetais ou ani- mais-diz Flammarion-podem nascer es- pontaneamente da combinação de certos ele- mentos, é falar tanto contra o verdadeiro Deus, como acreditar que os Planetas nas- cem do sol ou que a galga é prima do cão dos Pirineus." "Julgarão eles, por ventura, ao supor que a matéria inerte possa tornar-se semi- Organlzada primeiro, e depois organizada, sob a influencia de certas fôrças, que exilam a causa soberana do império da Natureza? Como se enganam! As suas experiências, servem simplesmente, contra a vontade da maior parte deles, para protestar contra o Deus humano e para elevar o espírito para a concepção mais pura e mais grandiosa do misterioso Creador." Será rebaixar a noção de Deus o consi- derar o universo como o desenvolvimento gigantesco duma obra única, cujos estados se, manifestam sob formas diferentes, cujos poderes se traduzem em fôrças particulares distintas? A substância primitiva ocupava os espaços sem fim. O plano de Deus é que esta substância seja um dia condensada em mundos onde a vida e a inteligencia desanvolverão os seus explendores." É então que a substância é atravessada pela luz, o calor, a electricidade, o magne- tismo, a atracção universal, e, duma maneira geral, o movimento sob todas as suas formas desconhecidas. E' então que, sob a influên- cia desta causa primordial, a terra se abre para a vida e esta surge. O saudoso Leonardo Coimbra sintetizava assim estas ideas: "A mecânica é o socorro de Deus mandado ao Nada". Compreender as causas determinantes é que é impossivel porque, como disse, somos imperfeitos. Li- mitemo-nos a abrir os nossos olhos e a nossa alma e admirar a sublime obra da creação, aspirando os sublimes odores que da Natureza se evolam. Mas, continua Flammarion: "Suponhamos por um momento que a fôrça orgânica, que hoje se transmite de gerações em gerações, tenha aparecido como uma resultante natural e inevitável das condições fecundis em que a terra se achava quando soou a hora da vida; suponhamos que as primeiras células orgânicas, diversamente constituídas, for- mando tipos primordiais distintos, embora simples, pobres, grosseiros, sejam as lentes das variedades sucessivas; suponhamos, em- fim, que todas as espécies vegetais e ani- mais, compreendido o género humano, sejam o resultado de transformações lentas opera- das sob as condições progressivas do globo -em que é que esta teoria destroi a ne- cessidade de um Creador primitivo e dum organizador? Quem deu este leito ao universo? Quem organisou esta fecundidade? Quem impri- miu à natureza uma tendência perpétua para o Progresso? Quem deu aos elementos da matéria o poder de produzir ou de receber a vida? Quem concebeu a arquitectura dêsses corpos animados, desses edifícios maravi- lhosos cujos orgãos tendem todos ao mesmo
N.º 078, Shebat-Adar 5697 (Jan-Fev 1937)
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