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Ha-Lapid הלפיד


N.º 078, Shebat-Adar 5697 (Jan-Fev 1937)







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                HA-LAPID                5
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directora de todas as maravílhas da Natu-
reza e do Universo. Não privamos ninguém
de O batisar com qualquer outro nome; o
nosso é que está definitivantente fixado:
"DÉUS".

É observação vulgar que os novos,
aspirates a cientistas ou literatos, quando
meia duzia de artiguetos ou novelas, possi-
velmente publicadas, os convencem de que
descobriram o róseo caminho que os há-de
conduzir ao términus glorioso da sua car-
reira, começam a pôr de parte as crenças
religiosas inclusivé a própria existencia de
Deus. E falam, discutem, barafustam, sin-
ceramente convencidos de que já descobriram
a grande verdade. Passam a ler escritores
materialistas, cujas afirmações proclamam
aos quatro ventos, e a formar, por assim
dizer, um mundo à parte, mundo este que
consideram superior ao outro, o dos crentes.

Coitados!... Não passam geralmente de
patetas vaidosos, cujos cérebros precisam
ser muito transformados e cultivados até
adquirir uma suficiente perfeição que lhes
permita compreender a necessidade absoluta
dum Creador.

Mas, alto; não é das crenças em perti-
cular que queremos falar. Não, porque, não
deixamos de concordar, entre elas aoundam
os absurdos. Queremos única e exclusiva-
mente referir-nos à síntese e ao purismo da
crença, isto é, à existência de Deus.

Quando se pregunta a esses pseudo-
-cientistas qual é a fôrça creadora de todas
as maravilhas que, se estendem à nossa vista,
obtem-se imediatamente esta resposta: -A
Natureza. E "impingem-nos", se preciso
fôr, as teorias das gerações espontâneas,
etc., etc., provas com que julgam arrazar-
-nos completamente.

É neste ponto que lhes talta a suficiente
largueza de vistas.

"Crer que seres vivos, vegetais ou ani-
mais-diz Flammarion-podem nascer es-
pontaneamente da combinação de certos ele-
mentos, é falar tanto contra o verdadeiro
Deus, como acreditar que os Planetas nas-
cem do sol ou que a galga é prima do cão
dos Pirineus."

"Julgarão eles, por ventura, ao supor
que a matéria inerte possa tornar-se semi-
Organlzada primeiro, e depois organizada,
sob a influencia de certas fôrças, que exilam
a causa soberana do império da Natureza?

Como se enganam! As suas experiências,
servem simplesmente, contra a vontade da

 

maior parte deles, para protestar contra o
Deus humano e para elevar o espírito para
a concepção mais pura e mais grandiosa
do misterioso Creador."

Será rebaixar a noção de Deus o consi-
derar o universo como o desenvolvimento
gigantesco duma obra única, cujos estados
se, manifestam sob formas diferentes, cujos
poderes se traduzem em fôrças particulares
distintas? A substância primitiva ocupava
os espaços sem fim. O plano de Deus é
que esta substância seja um dia condensada
em mundos onde a vida e a inteligencia
desanvolverão os seus explendores."

É então que a substância é atravessada
pela luz, o calor, a electricidade, o magne-
tismo, a atracção universal, e, duma maneira
geral, o movimento sob todas as suas formas
desconhecidas. E' então que, sob a influên-
cia desta causa primordial, a terra se abre
para a vida e esta surge.

O saudoso Leonardo Coimbra sintetizava
assim estas ideas: "A mecânica é o socorro
de Deus mandado ao Nada". Compreender
as causas determinantes é que é impossivel
porque, como disse, somos imperfeitos. Li-
mitemo-nos a abrir os nossos olhos e a
nossa alma e admirar a sublime obra da
creação, aspirando os sublimes odores que
da Natureza se evolam.

Mas, continua Flammarion: "Suponhamos
por um momento que a fôrça orgânica, que
hoje se transmite de gerações em gerações,
tenha aparecido como uma resultante natural
e inevitável das condições fecundis em que
a terra se achava quando soou a hora da
vida; suponhamos que as primeiras células
orgânicas, diversamente constituídas, for-
mando tipos primordiais distintos, embora
simples, pobres, grosseiros, sejam as lentes
das variedades sucessivas; suponhamos, em-
fim, que todas as espécies vegetais e ani-
mais, compreendido o género humano, sejam
o resultado de transformações lentas opera-
das sob as condições progressivas do globo
-em que é que esta teoria destroi a ne-
cessidade de um Creador primitivo e dum
organizador?

Quem deu este leito ao universo? Quem
organisou esta fecundidade? Quem impri-
miu à natureza uma tendência perpétua para
o Progresso? Quem deu aos elementos da
matéria o poder de produzir ou de receber a
vida? Quem concebeu a arquitectura dêsses
corpos animados, desses edifícios maravi-
lhosos cujos orgãos tendem todos ao mesmo


 
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