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N.º 079, Yiar 5697 (Abr 1937)







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 4          HA-LAPID
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A noção de alma entre os Israelitas

                  por NORBERTO A. MORÊNO

O problema da alma é tão delicado,
tào subtil, tão transcendente e tão filosó-
fico que apresentá-lo representa apresen-
tar tema para discussões capazes de se
prolongar indefenidamente sem nunca se
chegar a um perfeito acôrdo, visto que
obriga a embrenhar em labirintos donde
dificilmente se sai, donde a nossa imper-
feição e a nossa mesquinhez se revela e
donde, por isso, nunca se faz uma luz su-
ficientemente íntensa para iluminar clara-
mente a nossa razão ou o nosso intelecto.

Se hoje cometo a ousadia de o apre-
sentar é porque a afirmação de um escri-
tor de incontestável valor, tanto no campo
das letras como no das ciências, a isso 
obriga. Trata-se de A. Maury que, no seu
livro "La Terre et l'Homme", pag. 595,
afirma: "Os hebreus não acreditavam na
alma pessoal nem na sua imortalidade".
Gabriel Delanne aproveita a afirmação
acrescentando em "A Alma é Immortal":
"Era necessário que êsse povo fôsse para
o cativeiro de Babilônia, para que, entre
os seus vencedores, se compenetrasse da
idea da imortalidade, assim como da ver-
dadeira composição do homem."

Ora, estas palavras pronunciadas por
dois intelectuais, levam quem as ler e não
conheça bem a mentalidade do povo Is-
raelita nem se resolva a estuda-la cons-
cienciosemente, a concluir que se trata
dum povo essencialmente materialista e,
por isso, incapaz de compreender os ele-
vados problemas do espírito.

Lamentável engano e infeliz idea!

Representa precisamente o contrário
da realidade. A vida e e religião- deste
povo são, por si só, provas claras e evi-
dentes de que a afirmação feita é absolu-
tamente falsa e de que, pelo contrário, é
um povo altamente idealista, tão idealista
que os povos dêle contemporâneos jámais
o compreenderam, jámais poderam con-
ceber os elevados planos em que a sua
mentalidade pairava, bem como os seus
sonhos de paz, amor e fraternidade uni~
versais.

Para não me alongar em comentários
a essa afirmação que parece incrivel tenha



sido feita por intelectuais, direi que os
representantes desse povo provam clara-
mente, ainda hoje, que se preocuparam
sempre muito mais com os problemas do
espirito do que com os da matéria. E,
assim temos de confessar que é um povo
caracteristicamente intelectual e que foi o
primeiro a adquirir uma civilização digna
de ser admirada. O seu triunfo e a sua
existência que remonta à cerca de 60 sé-
culos, deve-a não ao seu número nem à.
fôrça do seu braço, mas sim ao seu espi-
rito. O seu escudo foi sempre a Biblia
Sagrada, produto vivo da sua mentalidade,
livro simplesmente formidável onde foram
beber todas as modernas civilizações.

Posto isto, que julgo ser o suficiente
para mostrar o grave êrro de Maury e
Delenne, vou embrenhar-me no complicado
labirinto a que comecei por me referir,
tentando explicar com a maior nitidez e
simplicidade possiveis, a noção que êsse
povo tinha do leolam habah (mundo fu-
turo) ou post-mortem bem como da divisão
da personalidade humana.

Verdade é que êsse povo não é dos
que apresenta os problemas com o estú-
pido severo aspecto do "crês ou morres"
e que, pelo contrário, respeita as opiniões
de todos as creaturas autorizadas, regis-
ta-as e concede aos seus representantes
plena liberdade de, entre elas, escolher
as que mais em conformidade estiverem
com a sua maneira de pensar. Por essa
razão, é natural que entre elas se encon-
tre quem discordo da minha opinião, mas,
estou bem certo, será apenas no respei-
tante a detalhes, que o esbôço será exacto.

Creado o homem, Deus insufla-lhe
uma alma que representa nada mais nada
menos que uma centelha do Seu Puro,
Imaterial e sumameute Perfeito Sêr. Essa
centelha possue todos os atributos da sua
origem, embora muitissimo mais limitados.

E' susceptível de se deixar influenciar,
pela matéria e por ele ser manchada ou.
maculada, bem como, depois de chegar a
êste ponto, de se purificar novamente,
até que, após um ciclo completo de evo-


 
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