HA-LAPID 5 ======================================== luções, volte a unir-se ao Elohim (Deus dos deuses). Isto explica-se duma maneira mais ou menos compreensível pela teoria da reen- carnação e evolução das almas: O mundo terreno representa, afinal, o lugar de provação, castigo ou preparação para a futura e eterna vida. As manchas ou máculas que embaciam a alma são devidas ao egoismo, ao ódio, à inveja e a todos os outros defeitos, que não passam de pestiferos cancros. O Elohim, pelo dom de Justiça Supre- ma, põe diante da personalidade humana dois caminhos divergentes: o do Bem ou da paz eterna e o do mal ou da provação; aconselha-lhe a escolha do primeiro, dan- do-lhe, contudo, a liberdade de a fazer ou não. O paraíso terrestre e o primeiro par representam, duma maneira simbólica, esta teoria. Esse Eden esta povoado de árvo- res cheias de belos frutos. Deus autoriza a comer de todos (caminho do Bem) ex- cepto dos da célebre árvore que repre- senta o Mal. O ditoso par prefere enveredar pelo mau caminho e "Ele", como Supremo Juiz, dá-lhe o respectivo castigo. Assim o que se passa com a alma. Depois de um determinado tempo de vida terrena, Deus toma o corpo e lança-o aos bichos. Procede em seguida ao julga- mento das almas. No tribunal celeste as manchas que a embaciam são outras tantas testemunhas de acusação. O Supremo Juiz indica-lhes e mostra-lhes a necessidade de as apagar. O que faz para isso? Cozê-las em caldeírões de água a ferver ou lançá- las às fogueiras? Não. Esse dantesco in- ferno, pintado a trágicas côres por algu- mas religiões, não existe. "Ele" procede duma maneira mais simples e menos bár- bara: manda-as novamente à terra, intro- du-las num novo corpo material, isto é, fá-las reencarnar e deixa-as continuar a sua evolução. Essas almas já têm uma no- ção mais ou menos completa do que devem ou não fazer. Tudo depende da coragem e, digamos, da força de vontade que tiverem para se vencer a si próprias enveredando pelo bom caminho. Cada vicio vencido é uma mancha que na alma se apaga para sempre, o que garante uma marcha gradual para a perfeição, banindo ao mesmo tempo a hipótese duma reencarnação perpétua. Assim se explica a extraordinária noção que por vezes temos de que já vimos um certo rosto ou ouvimos uma certa voz e de que já fizemos ou pensamos uma determinada coisa. Esta noção umas vezes apaga-se rapidamente sem que, por mais que pensamos, por mais que investigue- mos dentro em nós, nada consigamos ver ou compreender; outras vezes averigua- mos que aquêle rosto ou aquela idea nunca tinham sido do nosso conhecimento. A propósito pode vir a lembrança dos fi- losóficos fenómenos do sub-consciente, mas diferem muito porque se não trata de coisas apenas apagadas na nossa me- mória momentânea, mas sim de coisas que nos são inteiramente desconhecidas. Poder-se-â explicar o caso dizendo que o rosto que tivemos a impressão de ver ou a voz que tivemos a impressão de ouvir nos foram talvez familiares n'alguma outra vida por que tivéssemos passado. Pode até ser que se trate de duas almas noutra encarnação ligadas por laços fraternais. Esta última hipótese explicaria ainda, p. ex., a atracção espiritual que por vezes sentimos por uma creatura que vemos pela primeira vez e à qual nem sequer ouvimos a voz. Porém, como os nossos cérebros são diferentes na nova forma, não há nitidez de compreensão. Mas... uma existência passou mais, composta por dias meses ou anos. O novo corpo vai dar vida a outras vidas, asso- ciando as suas vitaminas a outras vitami- nas e a alma vai novamente ao celeste julgamento. Está mais cristalina? Tem as mesmas manchas? Lá se verá. As que tiver trá-la-ào outra vez à carne, vi- verá uma nova vida e, assim, evoluirá ate' atingir a suprema perfeição que lhe dará direito à paz e à felicidade eternas. Chegados a êste ponto, uma dúvida poderá surgiu-Será possível que haja creaturas tão perfeitas que possuam uma alma em estado de pureza tal que não necessite voltar à carne? Mas se refletirmos um pouco esta dúvida desvanecer-se-à: Como sabemos Deus, é um espírito infinito, "está no céu, na terra e em toda a parte". Sendo assim ainda que a alma não esteja completlssimamente pura, isto é, ainda que haja alguma mancha, isso não deverá servir de obstáculo à comu-
N.º 079, Yiar 5697 (Abr 1937)
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