6 HA-LAPID ======================================== nhão com o Sêr Supremo, porque essa mancha será de nulos efeitos no infinito espirito divino. Equivale a lançar uma microscópica gota de água suja no imenso oceano. Certo é também que ainda que a alma contivesse muitas manchas, não seria im- possivel a Deus agrega-la a si porque oo+0,000.001=oo assim como oo+1=oo (infinito mais uma milionésima é igual a infinito, assim como infinito mais uma unidade é igual a infinito). Porém o seu dom de Suprema, justiça impede-O de assim proceder. E necessário que, por si própria, a alma adquira a perfeição máxima. Eis, pois, aqui uma idea nobre e de um grande alcance Ela nos mostra que o ódio, o egoísmo, a inveja e os demais defeitos nos afastam da suprema perfei- ção e, pelo contrário, a resignação, a hu- mildade, a paz, a justiça, o amor e as de- mais qualidades nos aproximam dela. Sendo assim porque é que voluntária- mente, nos havemos de afastar dessa paz e dessa perfeição para nos expormos ao contacto da podridão e da matéria? As teorias enunciadas vão-me permitir ampliar a lei do grande químico Lavoisier. Ele dizia: "Na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma". Eu direi: "No Universo inteiro também nada se perde nem nada se cria; tudo se trans- forma (evolue)." Aqui temos dois ciclos completos res- pectivamente da vida material e da vida espiritual. Exemplifiquemos, embora desnecessá- riamente, a evolução da matéria: Supo- nhamos, ex., o nosso corpo material. Abandonado pela alma decompõe-se. Vai alimentar milhares de seres, animais e vegetais. Estes, por sua vez, vão, possi- velmente, ser ingeridos por novos corpos materiais humanos e despontarão em crian- ças recem-nascidas. Estas crescerão e vi- verão, decompondo-se novamente mais tarde, sendo oferecidas a outros ani- mais e a outras plantas. E... assim du- rante tôda a eternidade. A evolução do espirito é análoga. Começa, como já disse, por uma centelha divina que é insuflada no corpo. Em se- guida a evolução descendente (a alma sendo manchada) e ascendente (purificação dessas manchas). Por último o seu regresso à comunhão com o Sêr Supremo. E... tam- bém, assim durante tôda a eternidade. As ideas que acabo de expor estão su- mariamente condensadas na seguinte pas- sagem do Zohar (Livro do Explendor) III, 278.a: "A alma puríficada voltará a Deus como a ave volta ao seu ninho. Neste ni- nho divino, que náo é outra coisa senão a verdade absoluta, a alma encontrará tôda a sua felicidade. Nela mergulha até tomar consciencia da sua individualidade: ela não é mais que um ramo da grande árvore. A real princeza reentrará mages- tosamente na côrte do rei seu pai." Dir-se-ía que há uma generalização de ciclos eternos. O que se passa com a nossa alma e com o nosso corpo em conjunto, passa-se ainda com cada célula dêste último, como provam as modernas descobertas da mi- crocinematografia. Dentro de cada célula, que até agora se julgava ser o mais sim- ples dos organismos dos sêres vivos, tra- vam-se, afinal, combates formidáveis entre micróbios e fagocitos. E essas infimas células normais "desenvolvem-se em per- feita harmonia: nascem, evoluem, reprodu- zem-se e morrem, substituindo-se conti- nuamente, enquanto o corpo vive." (1) Sempre e em tudo a lei da evolução. Vimos três ciclos separados respectiva- mente por distâncias quási infinitas. Mas, estou certo que, à medida que, a ciência fôr progredindo nos irá revelando a exis- tencia de muitos mais, constituindo todos por sua vez um ciclo único sabiamente organizado e dirigido que representará um hino de louvor ao Eterno, e admira- ção à sublime obra da Creação. Fica explicada, o mais claramente que me foi possível, a concepção da alma se- gundo a religião Israelita em geral e se- gundo a minha opinião em particular. Resta-me apresentar a divisão da per- sonalidade humana. Vejamos, pois, essa divisão em síntese e segundo a escala as- cendente: a) Corpo adâmico ou material. b) Nephesh, termo hebraico de que se não pode fazer uma versão literal e que sen- sivelmente designa a parte conhecida com o nome de per-espirito ou corpo astral: (1) inteligência, n.° 27, pág. 87: "A microcine- matografia".
N.º 079, Yiar 5697 (Abr 1937)
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