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Ha-Lapid הלפיד


N.º 095, Tishri-Heshvan 5700 (Set-Out 1939)







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 6            HA-LAPID
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Era uma vez um distinto químico...

E' uma história autêntica, pouco conhe-
cida, à qual os acontecimentos dão uma
certa actualidade. Põe em cena o Dr.
Haim Weizmann, que há dias, encerrando
o 21.° Congresso Sionista de Génova, con-
firmou e exaltou a lealdade dos judeus
palestinianos quanto à Grã-Bretanha.

Em 1916, o Dr. Weizmann, distinto
quimico, era professor na Universidade de
Manchester. Nesta época, os laboratórios
do Almirantado sofreram duma escassez
de acetona, indispensável para o fabrico de
certos explosivos, Lloyd George, primeiro
ministro, tinha-se dirigido a vários sábios
para que substituissem a acetona sintética
pela verdadeira. Mas as pesquisas eram
muito demoradas.

Foi então que o Dr. Weizmann foi
mandado ao 10 Downing Street. Lloyd
George explicou-lhe o que a Grã-Bretanha
esperava dêle.

-Seja, respondeu o químico, não me
pouparei a trabalhos. E visto que se trata
de salvar o país, trabalhareí mesmo no
Sábado.

E saíu, digno, pronunciando fórmulas
de química como encantos.

    Nos laboratórios do Almirantodo

Durante todo o mês, o Dr. Weizmann
permaneceu fechado nos laboratórios do
Almirantado, curvado sôbre as suas retor-
tas e as suas provetas. Mandou buscar
bizarros ingredientes. As sentinelas postas
diante das portas ouviam por vezes surdas
detonações. Emfim, um dia que uma ex-
plosão mais forte que as outras tinha
feito saltar, viu-se o Dr. Weizmann, com a
sua bata manchada de ácidos, e rosto
iluminado.

Apresentou-se neste estado diante de
Lloyd George.

- Senhor primeiro ministro, não faltará
a acetona à armada britânica, as minhas
experiencias estão concluídas.

-Como conseguistes isso?

O sábio explicou detalhadamente, donde
se percebia claramente que tinha isolado
átomos de cereais em fermentação e átomos
de... escremento de cavalo. Perfeita-
mente.

             Um cheque

Lloyd George abriu a sua gaveta, tirou
um livro de cheques, datou e assinou um
cheque.

-Pegue, meu caro professor, preencha
o senhor próprio, com a importância que
quiser...

O Dr. Weízmann levantou-se, envol-
veu-se na sua bata.

-Exceléncía. recuso. Está escrito no
livro de Salomão: "Um serviço que se
faz pagar perde por isso mesmo todo o
seu perfume".

-Êsse sentimento honra-o, respondeu
Lloyd George, sem se demorar sôbre o
perfume da acetona sintética. Permita-me
então que peça ao rei que o ennobreça.
Heim! Um título de barão?

-Nada mais. Porque está escrito no
Cântico dos Cânticos...

Lloyd George passou a mão pelos ca-
belos, que anunciavam um precoce em-
brauquecimento, e replicou:

- A Grã-Bretanha é generosa; tem por
tradição recompensar os seus filhos quando
êles a servem bem. Esta recompensa,
Sr. Professor, escolha-a o senhor próprio;
é mais uma ordem que um pedido.

      Nascimento do Lar judeu

Foi então. depois de reflectir um pouco.
que o Dr. Weizmann pronunciou estas
palavras:

-Sería feliz se os meus correligioná-
rios errantes pudessem ter um lar bem
deles, sendo possivel na Palestina, terra
dos seus antepassados...

Assim nasceu, graças à acetona sinté-
tica, o Lar judeu da Palestina. Sabe-se
por outro lado que o Grande mufti de
Jerusalém assegurou, há dias, a sua fideli-
dade à Grã-Bretanha. Judeus e Arabes
reconciliaram-se graças à Alemanha, ini-
miga comum.

                  "De Paris-Midi".

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ESTE NÚMERO FOI VISADO
PELA COMISSÃO DE CENSURA


 
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