6 HA-LAPID ====================================== Era uma vez um distinto químico... E' uma história autêntica, pouco conhe- cida, à qual os acontecimentos dão uma certa actualidade. Põe em cena o Dr. Haim Weizmann, que há dias, encerrando o 21.° Congresso Sionista de Génova, con- firmou e exaltou a lealdade dos judeus palestinianos quanto à Grã-Bretanha. Em 1916, o Dr. Weizmann, distinto quimico, era professor na Universidade de Manchester. Nesta época, os laboratórios do Almirantado sofreram duma escassez de acetona, indispensável para o fabrico de certos explosivos, Lloyd George, primeiro ministro, tinha-se dirigido a vários sábios para que substituissem a acetona sintética pela verdadeira. Mas as pesquisas eram muito demoradas. Foi então que o Dr. Weizmann foi mandado ao 10 Downing Street. Lloyd George explicou-lhe o que a Grã-Bretanha esperava dêle. -Seja, respondeu o químico, não me pouparei a trabalhos. E visto que se trata de salvar o país, trabalhareí mesmo no Sábado. E saíu, digno, pronunciando fórmulas de química como encantos. Nos laboratórios do Almirantodo Durante todo o mês, o Dr. Weizmann permaneceu fechado nos laboratórios do Almirantado, curvado sôbre as suas retor- tas e as suas provetas. Mandou buscar bizarros ingredientes. As sentinelas postas diante das portas ouviam por vezes surdas detonações. Emfim, um dia que uma ex- plosão mais forte que as outras tinha feito saltar, viu-se o Dr. Weizmann, com a sua bata manchada de ácidos, e rosto iluminado. Apresentou-se neste estado diante de Lloyd George. - Senhor primeiro ministro, não faltará a acetona à armada britânica, as minhas experiencias estão concluídas. -Como conseguistes isso? O sábio explicou detalhadamente, donde se percebia claramente que tinha isolado átomos de cereais em fermentação e átomos de... escremento de cavalo. Perfeita- mente. Um cheque Lloyd George abriu a sua gaveta, tirou um livro de cheques, datou e assinou um cheque. -Pegue, meu caro professor, preencha o senhor próprio, com a importância que quiser... O Dr. Weízmann levantou-se, envol- veu-se na sua bata. -Exceléncía. recuso. Está escrito no livro de Salomão: "Um serviço que se faz pagar perde por isso mesmo todo o seu perfume". -Êsse sentimento honra-o, respondeu Lloyd George, sem se demorar sôbre o perfume da acetona sintética. Permita-me então que peça ao rei que o ennobreça. Heim! Um título de barão? -Nada mais. Porque está escrito no Cântico dos Cânticos... Lloyd George passou a mão pelos ca- belos, que anunciavam um precoce em- brauquecimento, e replicou: - A Grã-Bretanha é generosa; tem por tradição recompensar os seus filhos quando êles a servem bem. Esta recompensa, Sr. Professor, escolha-a o senhor próprio; é mais uma ordem que um pedido. Nascimento do Lar judeu Foi então. depois de reflectir um pouco. que o Dr. Weizmann pronunciou estas palavras: -Sería feliz se os meus correligioná- rios errantes pudessem ter um lar bem deles, sendo possivel na Palestina, terra dos seus antepassados... Assim nasceu, graças à acetona sinté- tica, o Lar judeu da Palestina. Sabe-se por outro lado que o Grande mufti de Jerusalém assegurou, há dias, a sua fideli- dade à Grã-Bretanha. Judeus e Arabes reconciliaram-se graças à Alemanha, ini- miga comum. "De Paris-Midi". ---------------------------------------- ESTE NÚMERO FOI VISADO PELA COMISSÃO DE CENSURA
N.º 095, Tishri-Heshvan 5700 (Set-Out 1939)
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