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N.º 101, Tishri-Heshvan 5701 (Set-Out 1940)







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 2            HA-LAPID
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     COMEMORAÇÕES CENTENÁRIAS

        Don Yahia Ben-Yahia

(Um dos colaboradores de D. Afonso Henriques)

     Por A. C. de BARROS BASTO

    (Continuação do numero 100)

Vejamos agora qual foi a influência do
movimento almóada na vida judaica penín-
sular:

Como narramos, Abd-Almumen, chefe
dos almóadas. Emir Almumenin (Principe
dos crentes) caminhando de vitória em
vitória. destruiu o império dos almorávidas
e o seu dominio estendeu-se de-pressa
sôbre toda a África do Norte.

No seu fanatismo ardente, este chefe
venturoso não tolerava crença alguma dife-
rente da sua. Quando se apoderou de Fez,
fêz convocar a Comunidade Judaica, muito
numerosa, daquela cidade, e disse-lhe:

-Vós negais a missão do Profeta e
esperais um Messias. Já passou muito
tempo e o vosso Messias não apareceu.
Não podemos, por mais tempo, tolerar a
vossa incredulidade. Escolhei: o Islam
ou a morte!

Os judeus ficaram desesperados. Re-
considerando, Abd-Almumen permitiu que
emigrassem os judeus que não queriam
abjurar. Muitos, que deixaram a África,
foram estabelecer-se em Espanha. O maior
número converteu-se aparentemente ao
Islamismo, esperando tempos melhores.

Êste procedimento impiedoso era apli-
cado a todos os judeus das regiões que
caiam em poder dos almóadas. Os cris-
tios sofreram a mesma sorte, mas como
havia na Espanha reinos cristãos, na sua
maior parte preferiram retirar-se para junto
dos seus correligionários. Sinagogas e
igrejas foram destruídas em todo o impé-
rio almóada.

Os judeus tinham-se facilmente resi-
gnado a praticar exteriormente o islamismo,
porque esse culto se limitava a fórmulas



de reconhecimento da missão do Profeta e
a algumas cerimónias monoteístas, isentas
de toda a idolatria.

Estas considerações tranqüilizavam a
consciência de vários rabinos muito piedo-
sos. De-resto, os almóadas contentavam-se
com a aparência e não exerciam a menor
vigilância sobre os falsos convertidos.
Estes não somente praticavam em segredo
a religião judaica, mas continuavam a
entregar-se activamente aos estudos talmú-
dicos e reuniam nas suas escolas a juven-
tude estudiosa, que ia, em seguida, por
obrigação, ouvir explicações do Koran.
Contudo houve homens enérgicos a quem
repugnava esta hipocrisia; estes confessa-
ram publicamente o judaismo e morreram
mártires da sua fé. Entre estas vitimas,
cita-se em primeiro lugar uma autoridade
talmúdíca: Judah Ha-Kohen Ben-Sussan.
de Fez.

Na Peninsula, em todos os territórios
que caiam na mão dos almóadas sucedia o
mesmo. As sinagogas sumptuosas de Anda-
luzia foram pilhadas e destruídas. O velho
Rabi de Córdova, Joseph Ben-Sadik, teve a
dor de assistir à ruína da sua comunidade,
a mais antiga e a mais considerável do
pais e morreu pouco depois (1148-1149)-
As grandes academias judaicas de Sevilha
e de Lucena foram fechadas. Rabi Meir
filho e sucessor do chefe da Escola, de
Joseph Ibn-Migash, emigrou para Toledo e
foi seguido por todos que puderam sub-
trair-se ao jugo dos conquistadores.

Os seus bens foram confiscados e as
suas familias reduzidas à escravidão-
Quanto aos outros, converteram-se osten-
sivamente ao islamismo, mas praticavam
em segrêdo a sua verdadeira fé, esperando
um momento favorável para arrancarem a


 
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