4 HA-LAPID =========================================== das línguas e das literaturas europeias, juntaram-se aos Mitnaghedim para comba- terem o H'assidismo; éste então começou a perder terreno e parecia estar destinado a desaparecer num futuro próximo. Sejam quais forem as críticas que pos- sam incidir sôbre o H'assidismo, êle insu- flou à alma popular o sentido profundo do divino, que a casuística dos Talmudistas lhe tinha quási feito perder, e êle deu, du- rante quási um século, à vida religiosa e social do judaísmo, na Europa Oriental, formas duma grande originalidade, que inspiraram aos escritores da lingua Ydish (dialecto judeo-germânico) as suas obras mais características. Ainda umas notas sôbre o fundador desta seita. Baal Shem, era o cognome como já dissemos de israel Ben-Eliezer, de Miedzboz, nasceu em 1698 e morreu em 1760. Não concordando com o judaismo ortodoxo, que, na Polónia, exagerava até à minúcia a prá- tica religiosa e com os Talmudistas, cujas discussões conduziam a sêcas argúcias, Baal Shem refugiava-se nas florestas e nas montanhas para escutar a sua alma que lhe dizia que Deus está muito próximo do homem e que uma oração intensa lhe per- mite desembaraçar-se dos laços carnais e lhe permite de coração para coração pôr-se em comunicação com a divindade. Se- gundo os seus discípulos, êle era o herdeiro popular da Kabalah, cujos segredos lhe davam um poder mágico sobre os sêres e sôbre as cousas. Sejam quais forem as opiniões diver- gentes, é certo, porém, que o H'assidismo é impregnado de potência moral e de ele- vado sentimento poético. * TESHUBAH (O arrependimento) A doutrina judaica exprime a possibilidade de anular, pelo arrependimento, pela dor e pela expia- ção, as conseqüências do pecado e da degradação que ela imprime na alma do culpado: A justiça de Deus não pode admitir que um filho seja respon- sável pelas faltas cometidas por seus pais:-cada um suporta a falta cometida por ele próprio. (Deut, 24-16). As seitas judaicas no comêço da Era Vulgar (Segundo Flávio Joseph) Do livro "Antiguidades Judaicas", vol. VII, cap. I. Cirenio Senador Romano, que era um homem de grande merecimento, e que depois de ter passado por todos os outros cargos de honra, tinha sido elevado à digni- dade de Cônsul, foi, como já vimos, eleito por Augusto, Governador da Siria, com ordem de fazer o alistamento e inventário de todos os bens dos particulares; e Copó- nio, que comandava um corpo de cavalaria, foi mandado com êle para a Judeia. Mas como esta província estava unida à Siria. foi Cirenio, e não êle, quem fêz o tal recenseamento, e tirou todo o dinheiro pertencente a Aquelão. Não podendo os judeus sofrer seme- lhante inventário, Joazar, Grande Sacer- dote, filho de Bocto, os persuadiu a não resistirem: mas passados tempos, um cha- mado Judah, que era Gaulanita, e da ci- dade de Gamala, protegido de um fariseu chamado Sadoc, solicitou ao povo a que se levantasse, dizendo que êsse recenseamento não era outra cousa mais que uma mani- festa declaração da sua escravidão; e para o exortar à sua liberdade, representou-lhe: Que se o sucesso da sua emprêsa fôsse feliz, êles não gozariam com menos glória que sosségo de todos'os seus bens; mas que deviam confiar em Deus, que lhe seria propício, se éles da sua parte fizessem tudo o que estivesse em suas mãos. Penetrou-se o povo tanto déste discurso. que logo se revoltou. E' incrível que fôsse a revolução, que estes dois homens concitaram de tôda a parte. Tudo eram mortes e assassinios: roubava-se indiferentemente amigos e ini- migos com o pretexto de defenderem a liberdade pública; matava-se com o desejo de enriquecer as pessoas mais graduadas; a raiva dos sediciosos passou até ao exces- sivo furor de que nem a grande fome, que sobreveío, os impedia a que entregassem as
N.º 101, Tishri-Heshvan 5701 (Set-Out 1940)
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