HA-LAPID 3 ======================================== posição e então a terrivel moléstia desa- pareceu. Com estas provas o poder com que o tinha investido, Deus ordenou a Moises que procurasse o seu irmão Aarão, e que juntos fossem a Pharaon pedir a liberdade do seu povo Assim o fizeram, mas Pha- raon, que era um pagão, disse-lhes que não reconhecia a autoridade do Deus os enviava, e que não deixaria sair os judeus seus escravos. Moises e Aarão usaram de todos os meios de persuasão, mas foi inú- til, nada conseguiram. Então Deus fêz recair sôbre os egípcios pragas terríveis, e o povo reclamava de Pharaon que deixasse partir os Judeus. Mas tinha o coração duro o imperador, e só a última praga, a mais terrivel de tôdas, o fêz ceder. Deus disse a Moisés que estivessem os judeus prontos para partir, e nessa noite mandou o seu anjo da morte às casas dos egípcios. Em tôdas elas havia um morto; o primo- génito de cada familia, desde a de Pharaon até a do mais humilde dos servo. O anjo só tinha poupado as casas dos judeus em Gochen. Os egípcios lamentavam-se cheios de pavor, e imploravam que se deixasse partir Esse povo para eles netasto. Enfim veio a palavra de Pharaon a Moisés e Aarão. Ide, parti, levai convosco o povo de Israel, ide servir o vosso Deus. E os próprios egípcios que antes os tinham mal- tratado, davam-lhes jóias, ouro e prata para que partissem. Como lhes tinha recomendado Moisés, já estavam êies preparados para a partida, com o pão, que não tinha tido tempo de levedar, atado às costas. Assim saiam os judeus do Egito e, não esquecendo a pro- messa feita a Joseph, levaram com êles os seus restos mortais, para os enterrarem em Canaan. Pelo deserto caminharam dias e noites esses pobres judeus fugitivos, extenuados com a canseira do caminho, homens, mu- lheres e crianças com a fé de breve verem terminados os seus supiícios. Mas ainda ameaçava o perigo. Chegaram ao Mar Vermelho e já os egípcios arrependidos de os terem deixado partir, vinham em sua perseguição. Pharaon com um poderoso exército os seguia e diante deles só o mar: nenhum meio possivel de salvação Então ciamaram a Moises, revoltando-se contra a sua triste sorte. "Para que nos trouxeste do Egito para fazer-nos sair do nosso cativeiro? Não havia lá covas, que precisassemos vir mor- rer aqui?" E Moisés disse-lhes que não receassem, que tivessem fé em Deus, que não os abandonaria. E êle implorava-o pela salvação do seu povo. Veio a res- posta divina tão bela, infundir coragem a Israel." "Porque chamas por mim? Dize ao povo de Israel que vá avante!". Então Moisés estendeu a sua vara sôbre o mar, e as águas partiram-se formando duas paredes e o povo passou entre elas pelo seco. Pharaon e os seus guerreiros, que pre- senciavam atônitos êsse milagre seguiram- -nos e nesse momento as ondas uniram-se, afogando todos os egípcios. Os judeus vendo-se enfim libertados dos seus antigos inimigos, romperam em cânticos de alegria. louvando e abençoando o Deus que os tinha salvo. E Miriam tirou a sua lira e ao seu acompanhamento cantou o povo de israel a nossa linda Achirá, que nos conta os feitos dessa milagrosa jornada. Está terminada a minha história. Naomi. Agora diz, o que mais gostaste dela? E respondeu a pequena, pensativa: "Porque chamas por mim? Diz ao povo de Israel que vá avante!". D.X. (Do Boletim do Comité Israelita de Lisboa- de 16 de Abril de 1916). ---------------------------------------- Vida comunal Pessah e Shebnoth Não só a festa de Pessah' (Páscoa) a festa da Libertação, mas também a festa de Shebnoth (que comemora a outorga da Lei no Monte Sinai) foram devidamente celebradas na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim, à Rua Guerra Junqueiro desta cidade. Na festa de Páscoa foi feito pão ázimo e pela primeira vez foi recebido dêsse pão (Matsah) fabricado nos Estados-Unidos da America do Norte o qual foi distribuido pelos refugiados residentes nesta cidade e arredores.
N.º 110, Nissan-Yiar 5702 (Mar-Abr 1942)
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