6 HA-LAPÍD ======================================= lê nos nossos corações, que conhece os pensamentos mais escondidos das suas criaturas, e que nada se pode pensar nem fazer às suas escondidas. P.-O que é que nos torna responsáveis para com Deus, da nossa conduta? R.-O que nos torna responsáveis para com Deus, é: 1.° A razão com que Deus nos dotou e pela qual temos a faculdade de distin- guir o bem do mal; 2.° A revelação, pela qual Deus nos fêz conhecer a sua vontade e os nossos deveres; 3.° A liberdade moral, pela qual temos o poder de querer o bem e evitar o mal. R-Não poderiamos desculpar-nos com as inclinações com que Deus nos criou e que nos levam a praticar o mal? R.-Essa razão não poderia descul- par-nos; porque se Deus nos criou com as nossas inclinações deu-nos também o poder de as vencermos, e de nos servirmos dela unicamente para o bem e em conformidade com a vontade divina. P.-Como pode a bondade de Deus permitir o castigo dos maus? R.-A verdadeira bondade não podia ser contrária à justiça; é porque Deus é realmente bom que castiga a injustiça, e nada lhe é mais odioso que acções e pen- samentos culpáveis. P.-Porque acontece muitas vezes que o homem justo é infeliz, enquanto que o homem injusto vive na prosperidade? R.-Não conhecemos bastante nem os homens, nem a natureza, nem as circuns- tâncias dos acontecimentos, para que pos- samos explicar todos os caminhos da Providência. Basta-nos saber que Deus recompensa cada um segundo as suas obras, e que faz na sua sabedoria concorrer para o bem o que na aparência é um mal. R-Porque não vem o castigo imedia- tamente depois dama má acção? R.-Porque Deus, na sua magnanimi- dade deixa muitas vezes ao pecador o tempo de reflectir sôbre a sua conduta, de se arrepender e de emendar o mal que fêz. R-Porque é que Deus não recom- pensa imediatamente as boas acções? R-Se uma boa acção fosse sempre seguida duma recompensa, os homens fariam o bem pela recompensa, a virtude não seria louvável, mas sim interessada P.-O temor do castigo e a esperança duma recompensa é unicamente o que nas deve impedir de praticar o mal ou de nos incitar a praticar o bem? R.-Não devemos sómente praticar o bem pelo único motivo de agradar a Deus e de satisfazer a nossa consciência, como também a vergonha de merecer a repro- vação divina deve-nos bastar para conser- varmos as nossas mãos e o nosso coração puros de todo o acto e pensamento injusto, P.-Castiga Deus os filhos pelos peca- dos dos pais, ou os pais pelos pecados dos filhos? R.-Não: Deus sómente castiga os pecadores. P.-Em que caso sofrem os filhos pelos pecados dos pais? R.-0s filhos podem sofrer pelos erros dos pais e não pelos seus. Dando uma má educação aos seus filhos, os pais fazem dêles umas vítimas. Mas os filhos podem sempre reagir contra a má educação que receberam. Duodécimo artigo R-Que significa a palavra Messias? R.-Esta palavra quer dizer ungido: chamava-se assim os réis, por causa do óleo da unção, que lhe deitavam sôbre a ca- beça na ocasião da cerimónia da sagração. R-Porque se distinguirá a época do Messias segundo dizem os profetas? R.-Essa época será marcada pelo reino da verdade e da justiça, pelo triunfo da crença na unidade de Deus sôbre a terra pelo acabar do ódio da guerra e de tôdas as calamidades que afligem a humanidade; numa palavra pela união e a paz que for- marão de todos os homens um povo de irmãos e amigos concorrendo todos para o bem estar geral da humanidade. Trigéssimo artigo R-Que principio se liga ao da imor- talidade da alma? R.-Que o justo deve esperar a recom- pensa certa na vida futura e que o mau que morre sem se ter arrependido por meio duma penitência sincera, não pode escapar ao castigo.
N.º 110, Nissan-Yiar 5702 (Mar-Abr 1942)
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