4 HA-LAPID ===================================== A DOUTRINHA DE SABATAI ZEBI EM TRIPOLI (ÁFRICA DO NORTE) por GABRIEL V. RACCAH (Estudo Inédito para HA-LAPID) Na Sinagoga "SCIVEHA" de Tripoli existe ainda hoje, uma Ner (lâmpada de azeite) em memória de Sabatai Zebi. É estranho o facto que o nome deste homem, que terminou por abraçar a reli- gião islamica, encontre ainda um lugar de honra num sagrado templo de Israel. A doutrina sabatiana, foi difundida em Tripoli, por Haim GALBAN que compôs um piut (poesia religiosa) em honra de Zebi e com a colaboração dos jovens Joseph Fon- seca e Abraão Haíun. Muitos dos filhos de Israel nátos em Trípoli, foram chamados Sabatai, em honra de Zebi. Mas a difusão da doutrina sabatiana teve maior importância por obra de Abraão Miguel Cardoso, um judeu ma- rano, natural de Rio Sêco e que segundo o seu testemunho regressou ao judaismo em Livorno. No ano de 1670, o duque da Toscana recebeu de Osman de Chio, pachá de Tri- poli o pedido para lhe ser mandado um médico e o duque mandou-lhe Cardoso (vide meu estudo no a "Avvenire di Tripoli" de 2 de Agôsto de 1936). Abraão Miguel Cardoso que era se- quaz de Zebi aproveitou-se da ocasião para difundir ainda melhor o sabatia- nismo; mas a sua propaganda foi comba- tida fortemente pelos chefes da Comunidade israelita de Tripoli Isaac Lumbroso e Abraão Nunes. Depois duma áspera luta os chefes da Comunidade conseguiram que saisse de Trípoli, por ordem do pachá, o Cardoso que se dirigiu para o Egito. Expulso o Cardoso a sua obra foi continuada pelo seu discípulo Jacob Fellah Bani. Como Sabatai Zebi, também Jacob Fellah Bani abraçou o islamismo. O seu túmulo está situado na Giudecca de Tripoli e é também venerada pelos árabes de Tripoli, que lhes chamam Sidi Iagub. Mortos Sabatai Zebi, Galban, Cardoso e Fellah Bani a ner (lâmpada) posta em honra de Zebi envia na noite tenebrosa e silenciosa os seus raios, para iluminar, em conjunto com as outras neroth (lâmpadas), a Sinagoga Sciveha. ------------------------------------------ A moral do Judaismo Meus caros leitores, vós ouvireis mais duma vez, talvez, afirmarem perante vós que uma outra religião ensina ao mundo os preceitos de moral, que regulam hoje as acções dos homens. Vos dirão que a moral do judaismo é muito menos pura é menos elevada que a das crenças que sai- ram do seu seio. É necessário que vós estejais em condi- ções de refutar estas afirmações inexactas e para isso, julgamos bem fazer-vos dando aqui algumas máximas extraídas da Escri- tura Sagrada e do Talmud. Elas terão a dupla vantagem de vos fazer apreciar, como ela merece, a religião dos vossos antepassados e de vos fornecer preciosas indicações sôbre o que tereis de fazer para agradar a Deus e aos homens. Máximas extraidas do Pentateuco (Thorah) Amarás Adonai, teu Deus, com todo o teu coração, com tôda a tua alma e com todas as tuas fôrças. -Amarás o teu próximo como a ti mesmo. -Que cada um de vós honre vosso pai e vossa mãe. -Vós não praticareis nenhum furto nem mentireis um ao outro. -Vós não julgareis falsamente. -Vós não amaldiçoareis o surdo, e não coloqueis obstáculos diante do cego. -Vós não praticareis iniquidade em julgamento, não deveis favorecer o pobre e não tereis atenções para o rico, mas vós julgareis o vosso próximo com justiça. -Não useis da maledicencia no meio do vosso povo. -Não odiareis o vosso irmão no vosso coração. -Não vos vingareis e não guardeis rancor.
N.º 110, Nissan-Yiar 5702 (Mar-Abr 1942)
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