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N.º 110, Nissan-Yiar 5702 (Mar-Abr 1942)







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 4            HA-LAPID
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A DOUTRINHA DE SABATAI ZEBI

EM TRIPOLI (ÁFRICA DO NORTE)

    por GABRIEL V. RACCAH

(Estudo Inédito para HA-LAPID)

Na Sinagoga "SCIVEHA" de Tripoli
existe ainda hoje, uma Ner (lâmpada de
azeite) em memória de Sabatai Zebi.

É estranho o facto que o nome deste
homem, que terminou por abraçar a reli-
gião islamica, encontre ainda um lugar de
honra num sagrado templo de Israel.

A doutrina sabatiana, foi difundida em
Tripoli, por Haim GALBAN que compôs um
piut (poesia religiosa) em honra de Zebi e
com a colaboração dos jovens Joseph Fon-
seca e Abraão Haíun.

Muitos dos filhos de Israel nátos em
Trípoli, foram chamados Sabatai, em honra
de Zebi.

Mas a difusão da doutrina sabatiana
teve maior importância por obra de
Abraão Miguel Cardoso, um judeu ma-
rano, natural de Rio Sêco e que segundo o
seu testemunho regressou ao judaismo em
Livorno.

No ano de 1670, o duque da Toscana
recebeu de Osman de Chio, pachá de Tri-
poli o pedido para lhe ser mandado um
médico e o duque mandou-lhe Cardoso
(vide meu estudo no a "Avvenire di Tripoli"
de 2 de Agôsto de 1936).

Abraão Miguel Cardoso que era se-
quaz de Zebi aproveitou-se da ocasião
para difundir ainda melhor o sabatia-
nismo; mas a sua propaganda foi comba-
tida fortemente pelos chefes da Comunidade
israelita de Tripoli Isaac Lumbroso e Abraão
Nunes.

Depois duma áspera luta os chefes da
Comunidade conseguiram que saisse de
Trípoli, por ordem do pachá, o Cardoso
que se dirigiu para o Egito. Expulso o
Cardoso a sua obra foi continuada pelo
seu discípulo Jacob Fellah Bani. Como
Sabatai Zebi, também Jacob Fellah Bani
abraçou o islamismo. O seu túmulo está
situado na Giudecca de Tripoli e é também
venerada pelos árabes de Tripoli, que lhes
chamam Sidi Iagub.

Mortos Sabatai Zebi, Galban, Cardoso
e Fellah Bani a ner (lâmpada) posta em

 

honra de Zebi envia na noite tenebrosa e
silenciosa os seus raios, para iluminar, em
conjunto com as outras neroth (lâmpadas),
a Sinagoga Sciveha.

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         A moral do Judaismo

Meus caros leitores, vós ouvireis mais
duma vez, talvez, afirmarem perante vós
que uma outra religião ensina ao mundo
os preceitos de moral, que regulam hoje
as acções dos homens. Vos dirão que a
moral do judaismo é muito menos pura é
menos elevada que a das crenças que sai-
ram do seu seio.

É necessário que vós estejais em condi-
ções de refutar estas afirmações inexactas e
para isso, julgamos bem fazer-vos dando
aqui algumas máximas extraídas da Escri-
tura Sagrada e do Talmud.

Elas terão a dupla vantagem de vos
fazer apreciar, como ela merece, a religião
dos vossos antepassados e de vos fornecer
preciosas indicações sôbre o que tereis de
fazer para agradar a Deus e aos homens.

    Máximas extraidas do Pentateuco
               (Thorah)

Amarás Adonai, teu Deus, com todo o
teu coração, com tôda a tua alma e com
todas as tuas fôrças.

-Amarás o teu próximo como a ti
mesmo.

-Que cada um de vós honre vosso pai
e vossa mãe.

-Vós não praticareis nenhum furto
nem mentireis um ao outro.

-Vós não julgareis falsamente.

-Vós não amaldiçoareis o surdo, e não
coloqueis obstáculos diante do cego.

-Vós não praticareis iniquidade em
julgamento, não deveis favorecer o pobre e
não tereis atenções para o rico, mas vós
julgareis o vosso próximo com justiça.

-Não useis da maledicencia no meio
do vosso povo.

-Não odiareis o vosso irmão no vosso
coração.

-Não vos vingareis e não guardeis
rancor.


 
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