N.º 116, Nissan-Yiar 5703 (Mar-Abr 1943) > P02
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 116, Nissan-Yiar 5703 (Mar-Abr 1943)







fechar




 2             HA-LAPID
=========================================

Transmiti esta idéia a Teixeira Rêgo,
que pouca atenção deu preocupado com
várias fantasias. Após a sua morte alguns
amigos, que conheciam o assunto das nossas
conversas, incitaram-me a que investigasse
para ver se encontrava fundamentos para
esta minha hipótese.

Resolvi pois lançar-me nesta árdua em-
prêsa nos momentos da calma possiveis
entre vários incidentes e acidentes da minha
vida profissional militar e, após a minha
retirada do serviço efectivo, entre vários
aborrecimentos e contrariedades que a vida,
por vezes, nos traz. Procurei ler o que
vários escritores disseram de Bernardim e
resumidamente darei aqui o que colhi de
útil para a minha hipótese. Dos traços bio-
gráficos colhidos nas obras do nosso poeta
e Eclogas do seu amigo sa de Miranda
falarei quando tratar da exegese delas.

Manuel de Faria e Sousa (1590-1649),
na Europa Portuguesa, escreve:

-"Oygamos un dos mas raros exem-
plos de amor en un pecho, de pena en un
amante. Bernardin Ribeyro, hombre noble,
y de nobilissimo ingenio, amava cordeal y
puramente a esta Princesa (D. Beatriz) por-
que ella, como apreciadora de la Poesía
benemerita, le honrava y favorecia com
escuchar cuidadosamente sus versos, por
que no eran ellos en lo afectuoso para
oyir-se con descuydo.

..compuso aquel Libro tan estimado
que intituló Saudades-y por las que Bea-
triz le dexó a el de su estimacion, ya por
las que llevava ella de su patria. Passó...
a peregrino em Italia. Vió todas sus gran-
dezas. y teníendo por mayor que todas su
pena y el motivo della bolvió por Saboya.
Sabiendo alli que Beatriz (no perdiendo la
piedade de principes portuguezes, aunque
perdiesse el vivir entre ellos) sahia en horas
señaladas a poner-se en una puerta para dar
limos na a los pobres, introduxose entre
ellos para verla; y ella, reconociendo-le.
mandole que no se detuviese en 1a ciudad,
por que ya eram passados los dias de los
entretenimientos antigos de Palacio. Obe-
deciola en esto, mas no en acetar un socorro
gruesso que le oferecia para bolver-se...

Deviose un escrito tan afetuoso a tan
elevado amor; un amor tan notable a tan
virtuosa Princeza: un vivir tristissimo a
tanto sentimiento.

...O mesmo autor na Fuente de Aga-



nipe y Rimas Varias, diz tambem de Ber-
nardim:

-Era natural de la villa del Torram,
hidalgo de nascimiento e jurista de professiõ.
Dio-se tanto a las amorossas passiones, i 
tristezas, i soledades, que de noche se que-
dava algumas vezes por los bosques, i a las
margenes de los rios, gimiendo e llorando.

Resultóle esto de aver dado en el desa-
tino de enamorarsse profundamente da 1a
Infanta D. Beatriz, hija del Rei D. Manuel,
i ella, com irle dando cuerda (burlas de
Palacio) le acabó de rematar. Escribio sus
Eglogas, i otros versos a estes amores; i sus
prosas intituladas la Menina i Moza ó Sau-
dades de Bernardin Ribeyro, despues que
perdio de vista la lnfanta, que fue quando
la llevaron a su marido, el Duque de Saboya
IX en el Titulo. i III en el nombre de Car-
los. Sucedió esta ausencia el año l521 i a
ella escribió la Cancion que empieça assí:
Desque a meu sal, etc..

No que diz êste autor estou de acordo
no que afirma dos amores de Bernardim
com D. Beatriz; quanto a ser Torrão a sua
terra natal, não aceito, mas acho possivel
que, quando D. João II mandou que dêle se
apoderassem, dada a sua tenra idade, alguma
familia da confiança do rei tomou o encargo
da criança e essa familia viveria no Torrão;
quanto à afirmação de que êle era jurista
de profissão, embora tivesse freqüentado a
Universidade onde travou amizade com Sá
de Miranda não creio que êle se doutorasse
pois nunca referência alguma apresenta o
nosso poeta como Doutor, não se dando o
mesmo com Sá de Miranda.

Manuel da Silva Mascarenhas, fidalgo
da Casa Real e governador da Fortaleza de
Outão, editou em 1645 Menina e Moça ou
Saüdades de Bemardim Ribeiro e no Pró-
logo, diz: - "...tratei de dar à estampa este
livro: à uma. pela obrigação de português,
e a outra pela de parente do autor dêle, que
era primo co-irmão de meu avô".

"O assunto do Livro são amores do Paço
daquela idade e histórias que verdadeira-
mente aconteceram disfarçadas debaixo de
Cavalarias, que era o que mais naquele
tempo se usava escrever. O principal da
história é sôbre coisa sua de certo amor
ausente, cujas saudades lhe acabaram a vida.
Os nomes dos que falam no livro são as
letras mudadas dos verdadeiros que se
escrevem, como Narbindel, Bernardim;


 
Ha-Lapid_ano17-n116_02-Nissan-Yiar_5703_Mar-Abr_1943.png [160 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página