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Ha-Lapid הלפיד


N.º 116, Nissan-Yiar 5703 (Mar-Abr 1943)







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 6            HA-LAPID
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A MORTE NÂO QUIS TROCAR

Num humilde casebre, sem sol e alegria,
no coração da Hara de Tunis.

A' cabeceira da cama de seu filho. Re-
beca, taciturna, meditava. Duas vezes, a
morte veio-lhe arrebatar o querido fruto
das suas entranhas. Ai! Que mal tinha ela
feito? Porque pecado o Deus justo lhe
reclamava êste horrivel resgate? Piedosa
ela o era assim como seu marido, ambos
viviam no respeito do Eterno e se afastavam
do mal.

Sem contudo se desesperar, ela nutriu a
esperança duma próxima maternidade. E a
criança veio.

"Um filho"! exclamou a parteira agi-
tando um pequeno ser todo côr-de-rosa que
chilreava. Mas desta vez, a parteira não
viu nos olhos dos pais éste orgulho judeu
de ter um filho macho. Rebeca pedia com
terror se tinha valido mais uma filha, pois
que os seus filhos não escapavam. E Choa,
seu marido, mascava o mesmo pensamento.

Só a avó Ester tinha acolhido a criança
por yu yu.

No seu quarto, Rebeca tinha rasgado o
papel cheio de sinais caballsticos, de peixes
vermelhos, de versículos apropriados para
afastar o mau olhado. No sangue ainda
quente duma bezerra sacrificada, ela tinha
molhado a sua mão, depois floriu as pare-
des do seu quarto de impressões digitais.

Ela tinha amamentado o seu filho com
abundância; os mais vigilantes cuidados
envolveram os seus primeiros anos e, como
uma planta saciada de seiva, a criança de-
senvolvia-se vigorosa e direita.

No quinto ano o mesmo pressentimento
os tragou, ela e seu marido. Ano fatal
para os seus outros filhos, seria ela desta
vez mais atendida? Deus compadecer-se-ia
enfim da sua desgraça?

O afoguiado das faces. o ardor vivo do
olhar, o riso claro indicavam a saúde do
pequeno Mochi.

Mas no começo do Outono, Rebeca
notou com aflição que seu filho emmagrecia.
Para triunfar do mal sorrateiro, ela o
-fartou de comida. Uma noite, um barulho
igual, surdo como um choque dum mar-
telo a acordou bruscamente: Mochi, no
seu sono. tossia fracamente.



A tosse! A tosse maldita!

-Nenhuma dúvida: o mal horroroso
habitava o peito do seu pequeno. Então
ela aproximou-se dêle, ternamente o acon-
chegou todo contra ela, oferecendo-lhe o
calor tépido do seu seio. E desde então
noite e dia sem descanso, a horrivel
tosse pontuou a sua dor de mãe. Então
ela mandou seu marido ir buscar o dou-
tor.

-Não o mesmo, tinha ela recomendado:
ela queria crer que o médico que tinha
tratado os seus outros filhos trazia a pouca
sorte.

Um outro veio, falou-lhes nos mesmo;
têrmos velados. mas ai! tão claros para
êles. tão claros!

Durante um mês ela lutou, desespera-
damente, sustentada pela sua fé no Eterno,
que duas vezes desgraças sucessivas, idên-
ticas, não tinha podido comover; ela lutava
contra a sua rival macabra. E' porque ela
estava a tornar-se má. Todo o dia ao pé
de seu filho, ela assestava os seus olhos
cheios de ódio sôbre aquêles que dela se
aproximavam. Choa êle mesmo evitava o
seu olhar duro onde se lia uma amarga
censura.

Hatati! (eu pequei), lhe gritava ela por
momentos, mas tu não sabes senão rezar!
no mal que nos arranca um atrás do outro
a carne da nossa carne, tu não ofereces
senão a arma frágil da oraçãp!

Ela olhava a sua velha mãe Ester com
mais severidade ainda; ela não lhe perdoava,
dir-se-ía, de viver tanto tempo, de acumular
anos sôbre anos, de ter enfim um poente
tão duradouro quando, na aurora da sua
vida, os seus pequenos, inexoràvelmente,
eram ceifados.

Para enternecer Deus clemente e para
se fazer perdoar, ela jejuava. Ela privava-se
de alimento na esperança mística que o que
ela perdia das suas forças iriam para o seu
filho. Ela deu dum jacto esta vida que ela
gastava lentamente em transes e jejuns¡

Uma vizinha aconselhou-a de ir caiar o
túmulo do Rabi Hai Bessis; o grande santo
que em reconhecimento interviria em seu
favor. Uma manhã dirigiu-se ao cemitério.
arrancou as ervas que invadíam, e o tumulo


 
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