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Ha-Lapid הלפיד


N.º 116, Nissan-Yiar 5703 (Mar-Abr 1943)







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             HA-LAPID             7
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conservado por as angústias das mães,
tomou-se branco como uma mortalha.

Mas o mal prosseguia na sua obra
devorante.

Uma outra lhe aconselhou de vender o
seu filho; ela só se resignou a isso com 
pena; uma noite que a tosse extenuava o
seu pequeno. ela correu à pressa bater à
porta do habir Jossef (gato-piugado), o
qual, mediante 12 piastras, consentiu em
comprar a criança. E, desde então, tôdas
as sextas-feiras, Jossef, levava à Rebeca o
produto do seu peditório porque Mochi
devia estar para o futuro ao encargo das
boas almas piedosas.

Mas o mal piorava sempre.

Disseram-lhe que era uma praga rogada
pelos invejosos. Para o conjurar, ela man-
dou vir a melhor Kheffafa (benzedeira) da
cidade. A exorcista tinha pôsto na sua
mão direita um punhado de sal e recitou
palavras misteriosas rodando a sua mão
sobre a cabeça do doente, sete vezes para
a direita e sete vezes para a esquerda.
Depois Mochi tinha cuspido sôbre o sal;
um delgado fiosinho sanguinolente nadava
na saliva.

Ai! Porque não tinha atendido à sua
inquietação ?

Ai! Cada dia mais sôbre a débil cria-
tura, a morte infame aplicava as suas
ventosas.

Entretanto, tinha passado o cabo do
inverno e, no coração doloroso da mãe, a
Primavera ia fazer florir uma esperança
efémera, como êle.

Uma noite, com efeito. Rebeca notou
gemidos que saiam do quarto onde sua
mãe dormia. Dum salto, ela foi ao pé dela.

-Mãe, que tens?

-Minha filha, eu sufoco. Ai! É aqui,
parece-me que me puseram um saco de
chumbo! E a velha torcia-se sôbre a sua
cama baixa.

Uma alegria maldosa estremeceu no
coração de Rebeca. Milagre! Sua mãe
tinha o mesmo mal de seu filho! Muito
baixo, ela agradecia a Deus compassivo
que aceitava tomar a avó em lugar do
Pequeno. Sem dúvida, pensou ela, como-
vida das minhas ínfelicidades, ela ofereceu-se
Em sacrifício, nas suas preces. E o Eterno,
que rejeitou os meus votos, atendeu os seus.

Rebeca pegou nas suas mãos a mão
descarnada e levou aos seus lábios.



-Mãel Mãe! murmurava ela, cheia
de alegria e de dor, cobrindo-a com os
seus beijos e com as suas lágrimas.

No dia seguinte, a tosse tinha acalmado
bruscamente; a esperança inundou o seu
coração. Mas eis que, fatigada, Ester exi-
gia que a tratassem, que a socorressem, e
Rebeca consternada, repartia-se entre seu
filho e sua mãe. Uma multidão de idéias
confusas acometia o seu espirito.

A mesma vizinha, que lhe havia aconse-
lhado de vender o seu filho, segredou-lhe
uma noite ao ouvido:

-Oh! minha irmã, deves recear que
Ester se cure antes de Mochi. O provér-
bio diz: "Se o velho se levanta antes, êle
devorará o pequeno".

E desde que ouviu isto, Rebeca, que
nisso pensava com abalo viu crescer a sua
angústia.

Dilema pungente! Alternativa cruel!
Sua mãe ou seu filho! Ai! como ela se
oferecer-se-ia com entusiasmo em seu lugar!
Mas a morte, instalada à cabeceira da cama
dos doentes, reclamava um dos dois, com
extrêma avidez.

Rebeca via a sua mãe lutar àsperamente
contra o abraço gelado, em quanto que o
seu pequeno se abandonava sem defesa.

Ela tratava descuidadamente a sua mãe,
não por vontade determinada, nem por
desejo inconfessavel, mas porque, primeira-
mente, ela devia salvar o seu filho.

Entretanto, Choa, por caridade. substi-
tuia a sua mulher ao pé da doente. Éle
estava todo o dia sentado numa esteira e
e rezava. Logo que a ouvia queixar-se,
levantava-se, dava-lhe o remédio, arranjava
a coberta sôbre o seu corpo emmagrecido.

-Que Deus te abençoe. meu filho!

-Que Deus afaste de nós o mal! repe-
tia êle baixinho.

E a velha, uma tarde de Verão, levan-
tou-se com fome. Rebeca viu-a aparecer
bruscamente no seu quarto! Á sua vista.
ela estremeceu, e deu um grito rouco.

O quê? Deus arrepender-se-ia? Sua
mãe lastimaria. de repente, o seu sacrifício?
No último momento, o terror ter-lhe-ía
feito recuar?

Essa noite. Mochi tossiu mais do que o
costume: o lenço com o qual ela lhe enxu-
gava os lábios tingiu-se de vermelho. Doida
de dor. Rebeca deixou o quarto, abriu a
porta da rua e, de joelhos sobre a soleira


 
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