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N.º 116, Nissan-Yiar 5703 (Mar-Abr 1943)







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Avalor Álvaro; Aonia, joana; e assim os
outros. Intitulou-se Menina e Moça, e como
o não compôs mais que para si, e foi parte
de seus altivos e namorados pensamentos,
como êle diz: que o livro o não fêz para
nenhum ou para melhor dizer para um só,
se não imprimiu em sua vida; por sua
morte se achou entre os seus papéis".
Êste autor nos indica que a Menina e
Maça trata de amores do poeta no Paço e
que são usados na obra anagramas e dis-
farces para mascarar factos verdadeiros.
Apresenta-se o editor como parente de Ber-
nardim, ora sabendo-se que os Mascarenhas
do Torrão eram pessoas de confiança de
D. João II (Bernardim Ribeiro e o Buco- 
lismo por Teófilo Braga) vejo aqui um- 
indicio de que a familia que tomou o
encargo da criação do filhito de Judah
Abrabanel era parente dos Mascarenhas e
vivia no Torrão.

Almeida Garrett. numas notas do seu
poema Camões, diz:

"Bernardim Ribeiro, cujo romance da
Menina e Moça é uma alegoria de seus
altos amores do Paço. Corre por verda-
deiro o que aqui se diz a éste respeito. A
sua morada na Serra de Cintra, a sua ida
de peregrino aos Alpes, isto é a Turim onde
se achava a Infanta D. Beatriz, casada com
o Duque de Sabóia, são factos: o resto
quem pode afiançar".

-Os derradeiros dias da vida romanesca
e aventureira do apaixonado Bernardim
Ribeiro são a parte menos decifrada e deci-
frável do enigma da sua vida".

Alexandre Herculano no Panorama, diz:
Os amores de Bernardim Ribeiro e a In-
fanta D. Beatriz.

"Tradição antiga é o que o célebre autor
da Menina e Maça, tivera largos amores
com a Infanta D. Beatriz, filha de D. Ma-
nuel, a qual por conveniências políticas
casou com o Duque Carlos de Sabóia.

"Todavia a história cala a êste respeito:
o único homem que podia ter-nos dito
aiguma coisa sôbre tão tristes amores-
Garcia de Rezende - que descreveu miuda-
mente a partida da Infanta, era mui destro
para haver de tocar em um ponto que
ofenderia os pios ouvidos dos cortesãos de
D. Manuel e de D. João III. Com efeito, se
se ainda hoje parece incrivel que um pobre
cavaleiro trovador ousasse levantar os olhos
Para a filha do maior rei do mundo, quão



criminosos não pareceriam, então, amores
tão desproporcionados?

"Posto que a história seja muda em tal
matéria, não o é quanto ao modo porque
os portugueses olharam o casamento da
Infanta. Damião de Góis nos conservou
àcêrca disso uma memória curiosa: "no
tempo (diz êle) em que se fêz êste casa-
mento da Infanta D. Beatriz com D. Carlos,
Duque de Sabóia, e ainda neste presente,
há aí muitas pessoas, que dizem Duque nem
em geração, nem em estado, tinha calidades,
porque lhe houvesse El-Rei D. Emmanuel
de dar a sua filha por mulher, posto que
fôsse segunda.

"Seria porém a causa apontada pelo cro-
nista a única da desaprovação que mereceu
tal casamento? Não nos parece provável à
vista do que vamos dizer.

"Entre os importantes manuscritos da bi-
blioteca real existe um códice, que contém
memórias avulsas de vários sucessos, nacio-
nais e estranhos, da primeira metade do
século XVI. É todo escrito pela mesma
letra, a qual sem dúvida é daquele tempo.
Entre outras coisas, aí se acha uma noticia
da partida da Infanta, que completa a que
nos deixou Garcia de Rezende, e nos dá a
saber quão desgraçada foi a pobre D. Bea-
triz no seu casamento com o Duque Carlos,
e que a idéia que da insuficiência e pouca
nobreza dêste se fazia em Portugal nasceu
provavelmente da pintura, que voltando
à Pátria, os fidalgos e mais pessoas da
armada deviam traçar do acolhimento que
em Sabóia tinham achado. Damos na inte-
gra a notícia citada, sem nos cingirmos
todavia à extravagante ortografia daquela
época, não tendo ainda acertado a saber
para que sirva conserva-la na publicação de
artigos inéditos, se não é para dificultar a
leitura dêstes."

       A ida da Infanta para Sabóia

-O embaixador D. Claudio, do Duque
de Sabóia, havendo, o que desejava, que era
a mais formosa Princesa, que se podia di-
zer, apressou sua ida em breve. El-Reí.
vendo a sua vontade, e a do duque, que por
cartas dava pressa à sua partida, ordenou
uma mui boa armada de naus, galeões.
caravelas e galés e muitos fidalgos honra-
dos, e mui luzidos de muitos colares e
chaparias."


 
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