N.° 119 PORTO - Luas de Setembro e Outubro - 5704 (1943 e. v.) ANO XVIII ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | e aponta-vos o busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | caminho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECT. E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim || Rua da Fábrica, 80 Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto || ------------------- P O R T O ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- KIPUR I Entre as festas religiosas instituídas pelo judaísmo, a que inspira os sentimentos mais profundos de respeito e temor, é sem dúvida a solenidade muito excepcional de Kipur. Os mais interessados, os mais indiferentes, os mais desleixados lembram- -se então que são judeus; e, sem que nada os force a isso, vem encher a Casa de Deus, que se toma acanhada; eles vem celebrar Kipur, o grande dia do Perdão. Não será pois sem utilidade mostrar aqui a necessidade desta instituição religiosa, de bem determinar as suas condições, tido das praticas sa- gradas ordenadas pelas leis de nos- sos pais ou pela tradição de nossos sábios e fazer ressaltar o seu ensinamento profundamente moralizador. "Eis para vós, diz o Pentateuco, uma etera lei que vós executareis em todas as vossas moradas (Levítico, cap. XXIII). No sétimo mes, no décimo dia, vós afligi- reis as vossas almas. Vós vos abstereis de todo o trabalho, vós e também o estrangeiro que habite entre vós. (Levi- fico, cap. XVI). E' a partir do nono dia à noite até à noite do dia seguinte, que vós observareis este repouso consagrado (Levítico, cap. XXIII, e o dia das expia- ções (Yom Ha-Kipurim), e será para vós uma santa convocação (Levítico, cap. XII)." Assim a Biblia nos declara que o dia das Expiações deve ser mantido em todo o tempo e em todo o lugar. Israel deixou de ser uma nação, as suas festas agricolas só existem nas suas recordações, mas Kipur não pode jamais cessar de ser observado. Ê' que o fim desta solenidade e completamente independente de toda a circunstância passageira. O homem e de tal modo feito, que se absorve voluntaria- mente nas suas paixões, nos seus inte- resses e nos seus trabalhos. Êle traça a sua volta um circulo, vasto ou restrito, e aí encerra os seus pensamentos e a sua actividade, e despreza a maior parte das vezes tudo o que está fora disso. Êle da satisfação à sua necessidade de estu- dos, de prazeres, de riquezas; mas uma especie de abran- damento se opera na moralização da sua alma, se nada o vem tirar as suas ideias de dia a dia, o transportar para as regiões serenas da virtude e do bem, lembrar-lhe finalmente que ele e homem, que ele cai no erro e no pecado, que ele deve reerguer-se disso e aproximar-zé de Deus. Kipur responde a esta necessidade da nossa consciencia; ele tem por fim inspirar-nos o pensamento de fazer um solene regresso a nós próprios. Êle nos oferece uma ocasião muito parti- cular de nos arrepender‹nos e regressar ao bem. Há no principio desta instituição uma profunda sabedoria. Não sómente ela res- ponde a uma necessidade intima do pró- prio coração, mas ainda ela um poderoso socorro à sua fraqueza; ela tem a imensa vantagem de trazer a nossa alma esta convicção: que não há nenhuma falta, por grave que seja, da qual não se possa obter o perdão; e e precisamente esta
N.º 119, Tishri-Heshvan 5704 (Set-Out 1943)
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