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N.º 119, Tishri-Heshvan 5704 (Set-Out 1943)







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 2             HA-LAPID
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certeza que torna possivel o melhorarmo-
-nos, que se julga, com efeito uma dou-
trina que cerca de dificuldades a reparação
dos vulgares delitos. Contas severas são
tomadas das faltas de cada um, nenhuma
indulgencia espera os infelizes culpados.
Por vezes a expiaçao e tornada tao custosa
que ela se torna quási uma impossibilidade
para a fraqueza humana. E' caso de
escrever como o Salmistat-Se tu guardas
as iniquidadeš dos homens grande Deus,
quem pois poderá subsistir? (Salmo 130)
ual será a influencia sobre a nossa alma
duma tal doutrina?

Uma decadente tristeza penetrará os
nossos corações, o desencorajamento se
se apoderará de nós; não tentaremos corri-
gir-nos; nós perseveramos nas nossas ini-
quidades, no próprio crime. Sem espe-
rança do perdão, diz uma nossa poesia
tradicional, os culpados continuam a entre-
gar-se aos actos mais abomimáveis. (Mussaf).
Assim não acontece quando a indulgencia
é anunciada aos pecadores. O nosso sa-
lutar Kipur vem cada ano nos trazer as
mais doces promessas. A lei nos diz:
--Que neste dia terá lugar a expiação
que deve nos purificar de todos os nossos
pecados e nos tomar puros perante Deus.
(Levitico, XVI). Uma tal esperança nos
dá toda a nossa energia. O pecado e o
mal já nao são para nós adversários inven-
cíveis; nós podermos achar a força de os
dominar. Está escrito:-O pecado e pôsto
à porta, ele aspira a esperar-te; mas tu,
podes domina-lo (Genesis VI, 7). Desde
então nós nos esforçamos de nos tornar-nos
melhores, nós nos sentimos como ajudados
no nosso regresso ao bem; parece que a
própria mão divina nos ajuda a purificar-
-nos das nossas faltas. A vitória será
talvez difícil para nós, mas ela será
gloriosa. Pecadores arrependidos, nos
poderemos elevar-nos a categoria dos jus-
tos; talvez possamos mesmo subir mais alto.

Mas se a solenidade de Kipur tem por
objectivo apagar os nossos pecados é
importante que nós compreendamos bem
sob qual condição esta expiação pode-se
efectuar para nós. Seria errado crer que
Kipur possui em si próprio uma virtude
especial para o resgate das nossas faltas, e
que ele apaga todos os nossos delitos como
por encanto. Isto seria verdadeiramente
uma instituição duma grande comodidade



para os culpados. Depois de terem come-
tido faltas de toda a especie, eles chegavam
ao dia de Kipur, sem demasiado desgosto
e o coração bastante aliviado, dizendo para
consigo:

-"Eu fiz mal durante todo o ano,
mas a penitencia de Kipur me servirá de
expiaçâo, e eu serei perduado". A dou-
trina israelita não admite semelhantes aco-
modações; ela odeia as restrições de cons-
ciencia e a moral fácil. Em tais condições
Kipur não seria mais do que um jogo
sacrilego, e o mais enganado seria o
homem bastante insensato para se entregar
a isso. E preciso antes de tudo que Kipur
não seja um cálculo do vício que procura
um pretexto para continuar as suas desor-
dens; e preciso antes de tudo que Kipur
seja uma expiaçao séria, profundamente
sentida, bem resolutamente executada; e a
única que possa ser admitida perante
Deus. A nossa alma, entristecida pelo
pensamento do mal praticado, deve ele-
var-se com convicção para com o Dispen-
sador supremo de todo o perdão e lhe
oferecer em sacrifício um coração arre,
pendido e contrito. "Kipur, dizem os
nossos sábios, produz a expiação, mas
com o arrependimento".

Mas qualquuer que seja a sua eficácia, o
arrependimento não basta sempre. Que
nós tenhamos cometido contra Deus faltas
graves, que nós tenhamos desconhecido a
sabedoria da sua providencia e esquecido
os nossos deveres para com ele, nós nos
tornaremos grandes pecadores; mas nós
poderemos ainda esperar uma misericór-
dia infinitamente maior que as nossas
faltas. "A transgressão dos deveres para
com Deus, diz o Talmud, é expiada pela
observação de Kipur". Mas é tolice que a
penitencia de Kipur não pode em nenhum
caso opor: são os delitos cometidos contra
o próximo. Antes da expiação cerimonial
é preciso reparar, tanto quanto podermos,
o mal que tenhamos feito a outrem. Se nós
ofendemos o nosso irmão na sua honra, 
nos seus interesses, nós devemos primeira-
mente fazer-lhe aceitar a expressão do
nosso desgôsto e de obter o seu perdão.
Nos restará então põr-nos em regra con-
nosco e com Deus: e a penitencia que
acabará a obra.


 
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