2 HA-LAPID ========================================= certeza que torna possivel o melhorarmo- -nos, que se julga, com efeito uma dou- trina que cerca de dificuldades a reparação dos vulgares delitos. Contas severas são tomadas das faltas de cada um, nenhuma indulgencia espera os infelizes culpados. Por vezes a expiaçao e tornada tao custosa que ela se torna quási uma impossibilidade para a fraqueza humana. E' caso de escrever como o Salmistat-Se tu guardas as iniquidadeš dos homens grande Deus, quem pois poderá subsistir? (Salmo 130) ual será a influencia sobre a nossa alma duma tal doutrina? Uma decadente tristeza penetrará os nossos corações, o desencorajamento se se apoderará de nós; não tentaremos corri- gir-nos; nós perseveramos nas nossas ini- quidades, no próprio crime. Sem espe- rança do perdão, diz uma nossa poesia tradicional, os culpados continuam a entre- gar-se aos actos mais abomimáveis. (Mussaf). Assim não acontece quando a indulgencia é anunciada aos pecadores. O nosso sa- lutar Kipur vem cada ano nos trazer as mais doces promessas. A lei nos diz: --Que neste dia terá lugar a expiação que deve nos purificar de todos os nossos pecados e nos tomar puros perante Deus. (Levitico, XVI). Uma tal esperança nos dá toda a nossa energia. O pecado e o mal já nao são para nós adversários inven- cíveis; nós podermos achar a força de os dominar. Está escrito:-O pecado e pôsto à porta, ele aspira a esperar-te; mas tu, podes domina-lo (Genesis VI, 7). Desde então nós nos esforçamos de nos tornar-nos melhores, nós nos sentimos como ajudados no nosso regresso ao bem; parece que a própria mão divina nos ajuda a purificar- -nos das nossas faltas. A vitória será talvez difícil para nós, mas ela será gloriosa. Pecadores arrependidos, nos poderemos elevar-nos a categoria dos jus- tos; talvez possamos mesmo subir mais alto. Mas se a solenidade de Kipur tem por objectivo apagar os nossos pecados é importante que nós compreendamos bem sob qual condição esta expiação pode-se efectuar para nós. Seria errado crer que Kipur possui em si próprio uma virtude especial para o resgate das nossas faltas, e que ele apaga todos os nossos delitos como por encanto. Isto seria verdadeiramente uma instituição duma grande comodidade para os culpados. Depois de terem come- tido faltas de toda a especie, eles chegavam ao dia de Kipur, sem demasiado desgosto e o coração bastante aliviado, dizendo para consigo: -"Eu fiz mal durante todo o ano, mas a penitencia de Kipur me servirá de expiaçâo, e eu serei perduado". A dou- trina israelita não admite semelhantes aco- modações; ela odeia as restrições de cons- ciencia e a moral fácil. Em tais condições Kipur não seria mais do que um jogo sacrilego, e o mais enganado seria o homem bastante insensato para se entregar a isso. E preciso antes de tudo que Kipur não seja um cálculo do vício que procura um pretexto para continuar as suas desor- dens; e preciso antes de tudo que Kipur seja uma expiaçao séria, profundamente sentida, bem resolutamente executada; e a única que possa ser admitida perante Deus. A nossa alma, entristecida pelo pensamento do mal praticado, deve ele- var-se com convicção para com o Dispen- sador supremo de todo o perdão e lhe oferecer em sacrifício um coração arre, pendido e contrito. "Kipur, dizem os nossos sábios, produz a expiação, mas com o arrependimento". Mas qualquuer que seja a sua eficácia, o arrependimento não basta sempre. Que nós tenhamos cometido contra Deus faltas graves, que nós tenhamos desconhecido a sabedoria da sua providencia e esquecido os nossos deveres para com ele, nós nos tornaremos grandes pecadores; mas nós poderemos ainda esperar uma misericór- dia infinitamente maior que as nossas faltas. "A transgressão dos deveres para com Deus, diz o Talmud, é expiada pela observação de Kipur". Mas é tolice que a penitencia de Kipur não pode em nenhum caso opor: são os delitos cometidos contra o próximo. Antes da expiação cerimonial é preciso reparar, tanto quanto podermos, o mal que tenhamos feito a outrem. Se nós ofendemos o nosso irmão na sua honra, nos seus interesses, nós devemos primeira- mente fazer-lhe aceitar a expressão do nosso desgôsto e de obter o seu perdão. Nos restará então põr-nos em regra con- nosco e com Deus: e a penitencia que acabará a obra.
N.º 119, Tishri-Heshvan 5704 (Set-Out 1943)
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