HA-LAPID 3 ===================================== amargamente. Ele mandou imediatamente dizer a Ester para que se apresentasse ante o rei e interceder pela sua nação. Mas a rainha respondeu-lhe: "Tôda a pessoa que aparece perante o rei, sem ter sido chamada, incorre na pena de morte, a menos que o rei não lhe estenda o seu ceptro para lhe perdoar. Ora como serei eu acolhida pelo rei? Há trinta dias que não fui chamada à sua presença." Mar- doqueu mandou-lhe então esta resposta enérgica:- "Não tenhas a ilusão que, den- tre os judeus, só tu poderás escapar ao perigo, protegida no palácio do rei; porque se tu te calas na hora em que estamos, a libertação e a salvação surgirão para nós doutra parte, enquanto que tu e a tua serão destruídas. E quem sabe se foi para uma tal conjectura que tu chegaste a rainha?" Ester mandou dizer a Mardoqueu:- "Vai, reúne todos os judeus de Susan; não comeis nem bebeis, durante três dias e três noites: as minhas serventes e eu faremos o mesmo. Em seguida me apresentarei ao rei, e se devo morrer, morrerei!" Mardoqueu fêz o que Ester tinha orde- nado. 5-Ester é bem acolhida pelo rei.- No terceiro dia Ester vestiu os trajes reais e apresentou-se no limiar do aposento real. Assuero estava assentado no seu trono. Logo que ele viu Ester, ela encontrou graça a seus olhos, e ele lhe estendeu o ceptro de ouro, do qual ela tocou na extre- unidade. -"Que tens tu, rainha Ester, lhe diz ele, e que pedes tu? Ainda que seja a metade do meu reino, ela te será con- cedida." Ester respondeu: -Se agrada ao rei, que venha êle e Aman jantar comigo." O rei aceitou; e mandou imediatamente a Aman dizer, que fôsse com êle, a um festim preparado por Ester. Durante a refeição o rei repetiu a Ester: -"Diz o que desejas: ainda que seja a metade do meu reino eu to concederei! -"Se eu encontrei graça aos teus olhos, queiras voltar amanhã com Aman ao festim que vou preparar-vos, e então te direi o que desejo." Aman retirou-se muito alegre, cheio de Orgulho de ter sido o único que a rainha convidou com o rei. Mas ao sair do palá- cio e viu à porta Mardoqueu, que recusava sempre de dobrar o joelho perante êle, o seu furor despertou. Ao entrar em casa, diz a sua mulhen: -"Para que me servem as honras que me concedem o rei e a rainha, enquanto que êsse judeu Mardoqueu está assentado à porta do rei." Então Zerek, sua mulher, lhe diz:- "Que se levante uma forca, com a altura de cinqüenta covados; e amanhã pela ma- nhã pede ao rei para ali pendurarem Mar- doqueu." O conselho agradou a Aman e fêz levantar a forca. 6-Honras concedidas a Mardoqueu. -Aconteceu que naquela noite o rei não pode dormir. Para se distrair, mandou que lhe lessem as crónicas do reino, e o leitor acertou com a passagem onde ese achava referido que Mardoqueu tinha ou- trora salvo a vida ao rei. -"Qual foi a recompensa, preguntou o rei, que foi concedida a Mardoqueu como prémio da sua fidelidade?" -Nenhuma, responderam os seus ofi- ciais. Nesse mesmo momento anunciaram que Aman estava no átrio do aposento real. Êle vinha para apresentar ao rei o seu pedido para enforcar Mardoqueu. O rei tendo ordenado que o mandassem entrar. lhe disse: -Que convém fazer a um homem que o rei deseja dignificar? Aman, supondo que não se podia tratar doutro senão dêle, respondeu: -Que o rei mande vestir este com vestes reais, que o faça montar sobre um dos cavalos que o rei costuma montar, e sobre a cabeça dêle seja posta a coroa real, que o rei mande levar este homem a casa dum dos grandes do reino, e que ésse senhor o conduza, segurando pelas rédeas, pelas ruas principais da cidade, procla- mando:- "É assim que o rei trata quem quer dignificar!" -Vai depressa, diz o rei a Aman, e, tudo o que acabas de dizer fá-lo ao judeu Mardoqueu sem nada tirar! Aman estupefacto, não pode recusar a cumprir as ordens do rei. Êle prestou as honras a este Mardoqueu. que éle julgava, ainda nesse momento, poder enviá-lo à forca. Depois voltou precipítadamente para
N.º 121, Shevat-Adar 5704 (Jan-Fev 1944)
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