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Ha-Lapid הלפיד


N.º 121, Shevat-Adar 5704 (Jan-Fev 1944)







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 8              HA-LAPID
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ainda, mas nestes batidos ouve-se já certas
articulacões; articulações bem nítidas!

Ele continua sempre a falar: e as suas
palavras, os seus olhos espalham sôbre os
cães uma maravilhosa magia...  Eis alguns
que já se mantêm de pé como homens.
Um dêles levanta a pata, dir-se-ia uma mão.
e aponta para o céu!

Depois nos olhos dêste cão passa qual-
quer coísa como um relâmpago, é um
esboço de vontade, de consciência. Ainda
um momento e a luz surgirá nos olhos de
todos os outros cães. Eles terão todos
uma vontade! E êles terão esquecido a
sua fome, a recordação que êles eram cães
esfomeados. Ainda um momento e o pen-
samento virá despertar-se nêles, o grande,
o magnifico pensamento...

-E que acontecerá quando êle tiver
despertado?

-Êle nunca despertará! Neste mo-
mento preciso surge um anjo infernal que
deixa cair um osso no fosso; os cães tor-
nam-se no que eram: cães famintos...

E quando o osso é completamente roído,
o profeta recomeça... E será assim sem-
pre, sempre!

- É horrivel!

-Sim, é horrivel.

Eu vi ainda um destes pecadores, junto
duma alta montanha.

No cume brilhava uma luz maravilhosa.
O pecador estava em baixo, enquanto que
a luz o atraía para cima para este reino
mágico.

Se êle atingisse o cume da montanha
êle se banharia num mar luminoso, se acha-
ria entre as estrêlas, tornar-se-ia um filho
celeste...

E éle cubiça tão ardentemente a luz.
que a sua alma quási desmaia de lascidão;
êle é atraido para o cume, onde se espa-
lham tão numerosos os raios mágicos.

-E êle não pode evidentemente lá
subir?

-Uma mulher está acocorada junto
dêle.

E cada vez que êle se levanta para por
o pé sôbre a montanha, a mulher abre os
olhos! Nestes olhos também há uma luz
encantadora, nestes olhos também há um
céu, sóis, estrelas e diversos raios doces...

Mas quando éle desce, ela fecha de
novo os olhos.

-Maravilhoso !



-E êle fica assim perdido. aniquilado
entre o céu no alto e o céu debaixo, entre
a luz escondida no alto e a luz escondia
em baixo...

-Vós gracejais, Shebat Mussar!

Porque não pega êle na mulher e sobe
com ela?

--A mulher é muito pesada! E depois,
ela não quer...

-E depois as águias dentro de peles
de porcos?

-O que é isso?

-Um nada!

Vós vendo, os vossos profetas se trans-
formam em águias, grandes águias de largas
asas: mas as suas peles ficam as de porcos.

Éles elevam-se nos ares. êles pairam
alto, muito alto. É o céu que êles cubiçam;
Eles quereriam apoderar-se do trono su-
premo e ocupar o lugar do Senhor! Mas
à medida que êles sobem no espaço as
suas peles de porco se põem a rebentar,
feridas aparecem numerosas, que os fazem
sofrer; então as águias baixam e caem por
terra, em águas lamacentas onde banham
as peles de porco...

E sempre se elevam e se abaixam...

De repente a lua desapareceu e com ela
Shebet Mussar.

E quando eu me levantei para acender
uma vela, encontrei sôbre a minha mesa
um convite:

-Convidamos V. Ex.a para a reunião
de amanhã...

Eu queimei-o.

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Publicações recebidas

Post-War Migrations é o quinto pan-
fleto da série Jews and the Pos-War Wordl
editado pelo Research Institute on Peace
and Post-War Problems do The American
Jewish Committee.

Tomar e a sua judaria, por j. M. San-
tos Simões-Edição do Museu Luso-Ju-
daíco-Tomar. 1943.

Esta monografia constitui um interes-
sante e consciencioso trabalho do Director
Conservador do Museu Luso-Hebraico de
Tomar (Museu Abraão Zacuto).


 
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