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N.º 122, Nissan-Yiar 5704 (Mar-Abr 1944)







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A NEOMÉNIA (Lua Nova) DE NISSAN

"Este mês será para vós o primeiro dos meses"

                            (Exôdo, XII, 2).

Assim começa o capítulo especial que a
Sinagoga prescreve para ler depois da sec-
ção do dia, no sábado que precede o
primeiro de Nissan. A instrução dada por
Moisés aos hebreus em vista à primeira
Páscoa. Pesah Miçraim, serve, cada ano de
introdução a êste mês privilegiado entre
todos que nos trazem os eflúvios bemvindos
da primavera.

Desde muito tempo a religião de Israel
solenizou os começos de mês. Era festa
para os nossos antepassados quando, os
olhos levantados para as extensões celestes,
êles enxergavam, no momento esperado, a
claridade nascente do primeiro crescente de
lua brilhante de novo no firmamento. Êste
indicio de ordem e de harmonia, êste sinal
aparecendo periodicamente entre o exército
das constelações, espectáculo que comove
sempre a sensibilidade dos seres inclinados
à contemplação, guiavam as almas para o
respeito da Omnipotência criadora, à pie-
dade e à humildade: "Quando eu contem-
plo os céus, obra da tua mão, a lua e as
estréias, que tu formaste... que é pois o
homem, que tu pensas nêle, o filho de Adão,
que tu proteges? (Psalmo VIII).

Mas um sentimento de gratidão predo-
minava, pela convicção de que o facho
nocturno, cujo clarão fiel não se extingue
senão para se reacender, desempenha o seu
papel regulador e benéfico na vida religiosa.

E é porque nós vemos mencionada na
Escritura, ao lado do sábado e das festas.
os regosijos da Neoménia, e é porque o
profeta anuncia, numa visão de alegria, a
época em que, de Neoménia em Neoménia,
de sábado em sábado, toda a criatura virá
prostrar-se perante o Senhor.

Nos nossos dias ainda, fiéis a uma tradi-
ção constante, nós saudamos a aproximação
do mês que vai nascer, com palavras de
bom' agoiro._onde se exprimem a despeito
de experiências muitas vezes dolorosas, de
provas ou de decepções, os nossos votos e
as nossas esperanças sempre renascidas, e
no dia da Neoménia os hinos sinagogais
dando graças a Aquêle que faz reinar a
ordem e a beleza nos espaços siderais.



Mas de todas as neoménias, a mais ale-
gremente acolhida, é a de Nissan, o mas
em que os raios mais ardentes do sol vêm
reanimar a natureza entorpecida, atestar a
vitalidade triunfante da criação, a regulari-
dade do seu curso, a permanência das suas
leis. É neste mês que se deixa melhor
aperceber o hino de gratidão que entoa o
psalmista, intérprete não só do seu povo,
mas de todo o género humano e de tôda a
criação.

Nesta estação de desenvolvimento rápido,
de eclosão irresistível, uma espécie de exal-
tação universal parece espalhar-se em todos
os seres, e vêm tornar leve o próprio fardo
daqueles que o sofrimento oprime, sugere
mais confiança na vida e naquele que dis-
põe soberanamente, em regra, e detém o
seu curso segundo um plano que fica para
nós misterioso.

Mas cada mês, cada étape mais para o
fim designado a cada um, pode para almas
sérias e para as consciências desejosas de
progresso, tornar-se uma ocasião de renas-
cimento e de aperfeiçoamento. As fórmulas
litúrgicas da bênção do mês no oficio de
sábado que precede Rosh H'odesh (Cabeço
do mês) pede que os dias próximos sejam
sómente favorecidos do beneficio duma exis-
tência pacífica e próspera, isenta de humi-
lhação, plena de força e dignidade, mas
marcada também por um avanço no caminho
do respeito pela Lei e pelo temor de Deus.

Nissan e particularmente apto a sugerir
tais sentimentos. Mês da germinação das
espigas nutritivas da floração nova sobre o
solo reverdejante, convida a tornar os luga-
res limpos não só na consciência como na
morada, para um esforço corajoso das
fôrças e da faculdade da alma, para uma
nova fase de actividade, produtora de bem-
-estar e salutar para as outras como para si
próprio, se a Lei é obedecida a disciplina
salvaguardada, se os olhares ficam valente-
mente voltados para os cumes da vida espi-
ritual e moral.

                                J. Weil.
(de l'Univers Israelite).


 
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