N.º 122, Nissan-Yiar 5704 (Mar-Abr 1944) > P03
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 122, Nissan-Yiar 5704 (Mar-Abr 1944)







fechar




                 HA-LAPID                3
===========================================

   A ignorância é um pecado em Israel

Israel viveu sempre, dominado pela preo-
cupação da instrução religiosa: êle põe todo
o orgulho, tôda a sua honra, no estudo da
Lei e é nisso que reside o segrêdo da sua
vitalidade.

Na origem e até à destruição do pri-
meiro Templo, o ensino fica puramente
doméstico. São os pais que têm o encargo
de instruir os seus filhos, de os iniciar na
observância das prescrições morais e reli-
giosas. Escolas propriamente ditas não exis-
tiam; mas já sob Samuel, tinha-se fundado
associações de profetas, onde, sob a direc-
ção dum mestre, os jovens iniciam-se na
Lei, na música, na poesia, na história nacio-
nal, que possuimos da época.

Os provérbios de Salamão, que pelas
suas concisões, os seus bons sensos, as suas
linguagens claras e simples, não faltam de
produzir sôbre a criança uma salutar in-
fluência.

Centros de instrução começaram então
a formar-se e o Talmud afirma que no rei-
nado de Ezequias não havia um único
iletrado em todo o reino de Judá.

Mas é somente no regresso do cativeiro
de Babilónia e sobretudo no periodo tal-
múdico que a instrução primária se espa-
lhara com uma organização e métodos que
merecem ainda hoje a atenção do mundo
escolar.

Foi Esrah que, durante o cativeiro. fêz
grandes esforços para manter entre os imi-
grados a prática da lingua hebraica: êle
enviou soferim em diversos centros para
ensinar a Thorah. O ensino doméstico tinha,
então. desaparecido, porque a maior parte
dos judeus não sabiam sequer ler nem
escrever e, desde o regresso de Babilônia,
Esrah instituiu leituras públicas das princi-
pais passagens dos livros de Moisés. Estas
leituras eram feitas na segunda-feira, na
quinta, dias de mercado onde a gente do
campo vinha a Jerusalém e êste uso se
manteve até aos nossos dias.

Os sucessores de Esrah criaram nos
centros importantes escolas onde os mestres
rivalizaram em zêlo para atrair o maior
número de alunos possivel e uma obra
pedagógica da época, Ben-Sirah, contém
interessantes máximas sôbre a educação.



Sentindo que a fôrça duma nação re-
pousa sôbre a educação popular, Simas
Ben-Shetah, tornou o ensino religioso obri-
gatório. Uma lei ordenou a criação de
escolas primárias em cada distrito e, como
a ameaça romana tornava-se mais opressora,
os judeus tentaram salvar o que havia de
mais precioso confiando a Lei sagrada na
memória de seus filhos.

Josué Ben-Oamlah tornou obrigatória a
fundação de escolas para as crianças de
cinco anos de idade, e, apesar de tôdas as
desgraças politicas que se abateram sôbre
os judeus, o ensino desenvolveu-se ràpida-
mente.

O ensino dava-se primeiramente num
campo a céu aberto; encerram em seguida
as crianças em recintos fechados, por vezes
mesmo na Sinagoga, uso que se mantém
em nossos dias em certas comunidades
pobres.

A escolha de mestres tinha uma grande
importância, era preciso homens integrados
sob todos os pontos de vista, de certa
idade, nem irasciveis, nem orgulhosos, só-
brios e desinteressados.

"E' em modestos vasos de madeira e de
barro, diz o Talmud, que o vinho, o leite e
a água melhor se conservam". O mestre
devia ser também paciente, doce, afável,
capaz de expor com um modo claro tôdas
as partes do seu ensinamento e, se a remu-
neração material não correspondia a tôdas
as exigências, o mestre gozava pelo menos
da estima pública e da veneração dos seus
alunos. A instrução religiosa era gratuita,
não só para os pobres como para os ricos:
era a comunidade que suportava as suas
despesas, tirando isso das taxas impostas a
tôda a população judaica.

Os alunos eram divididos em várias
classes segundo a sua idade e o grau da
sua instrução. Nas classes infantis (alunos
de 6 a 10 anos) ensinam-se a leitura e a
escrita do hebreu e do aramaico. Os alunos
mais adiantados copiavam sôbre rolos de
pergaminho as passagens mais importantes
do Pentateuco. Nas classes médias (alunos
de 10 a 15 anos) ensinava-se a Lei oral;
finalmente nas classes superiores (alunos de
15 a 18 anos) esta Lei oral era submetida à


 
Ha-Lapid_ano18-n122_03-Nissan-Yiar_5704_Mar-Abr_1944.png [151 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página