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N.º 129, Tishri-Heshvan 5706 (Set-Out 1945)







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vão as mães choravam e suplicavam ao
rei que não lhes tirassem os filhos. O rei
ficou insensível. Uma mãe a quem tinham
tirado sete filhos lançou-se aos pés do rei.
quando êle saia da igreia pedindo para lhe
dar pelo menos o mais novo; segundo a
expressão dum cronista, o rei disse para os
que o acompanhavam que ela gemia e se
lamentava como uma cadela a quem tira-
ram os filhos.

Algumas mães para se não separarem
dos filhos lançaram-se em poços e ao rio.

A maior parte destas crianças morreram
em S. Tomé vitimas do clima e de animais
malfazejos.

No ano de 5254 da Era hebraica (que
princpia na lua nova de Setembro de 1493
e finda com a lua nascida em Agôsto
de 1944 da Era vulgar) El-Rei D. João II
pretendeu que o seu conselheiro e Rabi-
-mor de Portugal D. Joseph Ben-Yahiah
Negro, com 68 anos de idade, se conver-
tesse ao catolicismo, dizendo-lhe:-Desejo
que tu, bem como tôda a tua familia se
se convertam à minha fé, por que tu és
um chefe respeitável entre os israelitas e
assim serias um exemplo para todo o teu
povo...

D. Joseph respondeu negativamente e
saiu da presença do rei.

Depois El-Rei mandou-lhe dizer que
cumprisse o seu desejo e se assim fizesse
lhe daria o senhorio de Bragança e seus
rendimentos e em caso contrário o manda-
ria matar. E quando o ancião ouviu estas
palavras ficou muito triste, orou a Deus e
levando consigo os seus três filhos Rabi
David, Meir e Salomão fugiu de Portugal.

El-Rei mandou-o perseguir por terra e
por mar e não o puderam alcançar. Um
temporal fêz com que o navio onde ia,
arribasse ao reino de Castela, ali D. Joseph
e seus filhos foram prêsos e destinados a
serem queimados vivos, porque havia quási
três anos que os judeus haviam sido expul-
sos de Castela e o decreto dizia que todo
o judeu que fôsse encontrado depois do
Prazo referido devia ser condenado à morte.
Veio em seu socorro D. Alvaro, descen-
dente do Duque de Bragança e que tam-
bem tinha fugido de D. João II. Graças à
Intervenção dêste nobre português, que
disse boas e elogiosas palavras sôbre êles,
deixaram-nos fugir duma cidade não mura-
lhada. Estiveram cinco meses no mar até 



que conseguiram desembarcar em Pisa
(cidade da Toscana-Itália).

Furioso D. João II vingou-se maltra-
tando alguns parentes dos fugitivos.

Depois dêstes acontecimentos D. João II
escolheu para Rabi-mor de Portugal o
astrônomo real Rabi Abraham Zacuto.

No dia 25 de Outubro de 1495 faleceu
em Alvor (Algarve) El-Rei D. João II,
sendo voz pública que êle tinha sido enve-
nenado. Assistiu aos seus últimos mo-
mentos o médico real Mestre Joseph Vizi-
nho, discípulo de D. Abraham Zacuto.

               II

Morto D. João II subiu ao trono seu
cunhado D. Manuel. Duque de Beja, o
qual contava então vinte e seis anos de
idade. O seu primeiro acto a respeito dos
judeus foi conceder carta de alforria aos
que eram escravos, por determinação de
D. João II, dando-lhes permissão de saírem
para onde e quando quisessem, sem dêles,
nem das Comunidades judaicas querer
aceitar um grande serviço de dinheiro que
lhe era oferecido em paga da generosa
resolução do novo rei. Julga-se-que éste
primeiro acto do monarca fosse inspirado
pelo Rabi-mor D. Abraham Zacuto, astró-
nomo real, a quem D. Manuel dedicava
afeição muito especial.

D. Manuel antes, de determinar a exe-
cução da viagem à India dos nossos nave-
gadores consulta Zacuto sôbre as probabi-
lidades dela.

Uma testemunha contemporânea de
Zacuto, embora mais novo, Gaspar Correia,
no seu trabalho, diz›nos:

Como por falecimento de El-Rei D. João,
El-Re¡ D. Manuel que sucedeu no
reino tomou entendimento no des-
cobrimento da Índia.

E metido o sentido nesse cuidado, e
como prudentíssimo homem de grande
conselho, quis primeiro tomar boa infor-
mação do que era e podia fazer primeiro
que começasse um tão grande feito, não
querendo arriscar em vão suas despesas e
vidas de seus vassalos, determinando pri-
meiro haver verdadeira informação não
querendo começar coisa que não acabasse
e mormente esta tão grande em comêço


 
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