HA-LAPID 7 ======================================= muitas queixas do apêrto que lhe faziam em Espanha para que não fóssem judeus e é a primeira coisa, em que falam aos espanhóis, quando os encontram, e conti- nuando nas ditas razões, com grande senti- mento e queixa e lhe disse o dito Manasse que por mais que fizessem Espanha, lhes não haviam de tirar serem judeus, porque quantos cristãos novos havia em Espanha eram cristãos violentados, e que desde Holanda iam todos os anos alguns judeus à Côrte de Madrid e a outras muitas partes destes Reinos de Espanha a circuncidar os cristãos novos, ao que lhe foi à mão o outro judeu, advirtindo-lhe que faziam mal em descobrir aquilo diante dêle, declarante, porque havia de vir a Espanha e contá-lo e poderia prejudicar as pessoas da sua nação e com esta advertência o dito Manasse dei- tou a coisa a zombaria, dizendo que dizia aquilo por graça e êle declarante também se fêz desentendido, e não passaram mais antes nem depois sôbre esta matéria. (Caderno 19 da Inquisição de Lisbon, pág. 7). Vibrantes manifestações da vitória na Palestina A Palestina viu em tempos passados, muitas e grandes manifestações em ocasiões festivas, e, mais freqüentemente, em ocasiões tristes, mas nada se pode comparar, nem no número dos manifestantes, nem na in- tensidade de sentimento, com as tumultuo- sas manifestações que se realizaram em Tel-Aviv, nas secções judaicas de Jerusalém de Haifa e de tôdas as colónias judaicas. Não havia tom de azedume ou de resigna- ção no pedido para que se abram as portas da Palestina e para que se estabeleça um Estado Judaico, que foi a nota dominante de todos os ajuntamentos para celebrar a vitória. Esses gritos eram soltados por pessoas inteiramente conscias da contribui- ção dos judeus para a vitória e dos seus sofrimentos sem igual. Entre as bandeiras dos aliados e judai- cas içadas nos edificios da Agência Judaica, ao Vaad Leumi, da Comunidade Judaica de Jerusalém e de outras instituições, foi colo- cada uma bandeira branca orlada de negro, como sinal de sentimento pelos judeus que foram exterminados na Europa. COMUNIDADE SEFARDIM FORMAM UMA FEDERAÇÃO MUNDIAL A formação duma "Federação Mundial das Comunidades Sefárdicas" com o fim de intensificar a activa participação dos judeus sefardim nos problemas mundiais judaicos e de coordenar os seus esforços, culturais, educativos e económicos, foi anunciada em Nova-Iorca pelo Sr. Joseph M. Pape, Direc- tor Executivo da Comunidade Central Se- fárdica Judaica da América. A Federação representará grupos sefár- dicos dos seguintes paises: Algéria, Argen- tina, Bulgária, Chile, Colômbia, Cuba, Ho- landa, itália, Marrocos, Palestina, Tunisia, Estados Unidos, Uruguai, Venezuela e Ju- goslávia. A RELIGIÃO De todos os conhecimentos que o homem procura obter, o da verdadeira religião é de todos o mais importante. Com o ensino religioso, ligado à boa educação depende a felicidade da familia. e sem êle a fé extinguir-se-á. E' em vão que um homem pretenda ador- nar-se com titulo de pessoa de bem, quando não tem religião, êsses não passam geral- mente de estúpidos vaidosos, sem cérebro. Religião, é o culto que se rende ao verda- deiro Deus criador de tudo o que existe, o que dela tomar parte viverá eternamente, eis porque Moisés disse na Thorah: É a ár- vore da vida para aquêles que a observam. Uma só religião nos indica o caminho da verdade única para todos os homens, pois que Deus só há um. “Ouve, O' israel: o Eterno nosso Deus é uno". A verdadeira religião é de tôdas a mais simples e a mais sublime nos seus con- ceitos. Começou há muitos séculos e desen- volveu-se sem se vergar ao jugo das paixões humanas, é ela a religião de israel, a única em que ainda brilham auréolas com os caracteres da religião divina. Ela é a base de tôda a boa moral dando-lhes aesperança, que os consola em tôdas as suas aptidões, e fazendo com que êles contribuam para o mais alto progresso moral, espiritual e inte- lectual, pois os filhos de Israel já nos tem- pos obscuros da Europa, para êles existia uma biblia e uma civilização admirável. ISAÍAS NOGUEIRA.
N.º 129, Tishri-Heshvan 5706 (Set-Out 1945)
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