N.º 130, Kislev-Tevet 5706 (Nov-Dez 1945) > P04
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 130, Kislev-Tevet 5706 (Nov-Dez 1945)







fechar




 4             HA-LAPID
==========================================

a 24 de Agosto de 1498 ao dar à luz o
herdeiro do trono de Espanha e Portugal,
que pouco lhe sobreviveu.

O mérito e os titulos do Rabi D. Abraham
Zacuto, e os grandes serviços por ele pres-
tados como propulsor cientifico para a cria-
ção do império colonial português, não o
impediram de sofrer a sorte que afligia os
seus irmãos em Portugal; vitima da real
ingratidão, como êles foi atingido pela lei
fanática de D. Manuel, e, se quis salvar os
seus dias, foi obrigado a fingir que se con-
vertia, esperando um momento favorável
para ir para outra terra professar altamente
a sua crença.

No seu baptismo forçado o Rabi
D. Abraham Ben-Samuel Zacuto recebeu
o nome de Diogo Rodrigues Zacuto e o
seu discípulo Mestre Joseph Vizinho o de
Diogo Mendes.

                 IV

Aquêles que haviam sido feitos cristãos
à força, logo que encontravam uma ocasião
favorável, sob o pretexto de especulações
comerciais passavam para o Levante; muitos
iam buscar um asilo nos outros estados
principalmente na Holanda e na Itália.

Em 1502 o Rabi D. Abraham Zacuto,
acompanhado por seu filho Samuel, conse-
guiu fugir de Portugal, levando a vida
errante e miserável de banido e não pôde
escapar, senão com custo, à morte. Correu
a viagem cheia de trabalhos, sendo por
duas vezes feito prisioneiro, e conseguiu
chegar a Tunis, onde encontrou tranquili-
dade.

Referindo-se a esta fuga, Gaspar Correia
emprega as interessantes expressões, que
transcrevo:-"... o dito judeu, chamado
Çacuto, grande astrólogo, que depois fugiu
de Portugal para Julfo como se passaram
outros muitos, e lá morreu em sua errónia
em o inimigo o cegou, tendo tanto saber
das estrêlas ficar cego em tão claro dia
como é nossa santa fé católica, e por esta
causa passou neste ano de 1502 o pus aqui
por sua memória, que isto escrevo neste
ano de 1561. Deus seja para sempre lou-
vado".

Tendo encontrado tranqüilidade em Tu-
nis o Rabi D. Abraham Zacuto começou a
escrever uma história cronológica dos judeus
desde a criação do mundo até ao fim do



século XV, época na qual ela brilhou com
o seu maior brilho, mas também onde ele
foi objecto das mais terríveis catástrofes,

Êste livro, intitulado Sefer Ha-Yoh'asin
(Livro das Genealogias) é a cronologia
mais exacta que tinha sido feita, fazendo
constantes observações sôbre a literatura
judaica; ela se recomenda além disso pela
precisão do estilo hebreu.

Nesta obra que Ribeiro dos Santos diz
muito erudita e sábia. Zacuto dá conta da
lei oral como transmitida de Moisés pelos
anciãos, profetas e sábios até ao ano de 1500,
e recorda os actos e monumentos dos reis
de israel, assim como os de alguns dos
soberanos das nações vizinhas. Consagra
muito espaço ao cativeiro de Babilônia, aos
acontecimentos que se deram durante o
periodo do Segundo Templo, às caracte-
rísticas dêste periodo, aos príncipes do
cativeiro e aos reitores das academias de
de Sura e Pumbadita. Apesar do autor
não ser muito escrupuloso em discriminar
fontes de informação e de ter caido em
erros numerosos, afirma-se que é obra va-
liosa para o estudo da história literária dos
judeus.

O historiador judeu Graetz diz: "Esta
obra ressente-se, com efeito, da idade avan-
çada e da situação precária do seu autor, a
quem faltaram, de resto, documentos ne-
cessários para escrever uma história séria.

O Yoh'asin tem contudo um grande
mérito, despertou entre os judeus o gôsto
pelas investigações históricas".

O Rabi Imanuel Aboab, no seu livro
Nomologia, diz: "... trata o ex-professo
Rabi Abraham Zacuto, no seu livro das
Genealogias; e é obra digna de inteiro cré-
dito, por quanto êle se achou presente a
tudo, e assistia na Côrte de El-Rei D. Ma-
nuel, com o título de seu astrólogo, na
qual profissão foi excelentissimo, e havia
lido Cátedra em Aragão".

Rabi D. Abraham Zacuto terminou em
Tunis o seu livro das Genealogias. Não
tinham porém cessado os trabalhos da sua
vida e poucos anos depois recomeçaram as
suas atribulações.

O Cardeal Cisneros, confessor da rainha
de Espanha Isabel, a católica, arcebispo de
Toledo e Inquisidor geral falou entusias-
ticamente a El-Rei D. Fernando para o
convencer a levar as armas espanholas à
África afim de empreender a conquista de


 
Ha-Lapid_ano20-n130_04-Kislev-Tevet_5706_Nov-Dez_1945.png [109 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página