Ha-Lapid הלפיד

N.° 130                       PORTO - Luas de Novembro e Dezembro - 5706 (1945 e. v.)                  ANO XX
=============================================================================================================

Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                      ...alumia-vos
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   e aponta-vos  o 
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   caminho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)
                                                   O  FACHO

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
DIRECT. E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH)   ||   COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA
      Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim        ||                 Rua da Fábrica, 80
           Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto          || ------------------- P O R T O -------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------



     A CRIAÇÃO DO HOMEM

Quando Deus se preparou para
criar o homem os anjos reuniram-se
à sua volta.

Uns exclamaram:- Ó Senhor, cria
um ser, que te louve sôbre a terra,
como nós te louvamos no céu.

E outros disseram:-Escuta, Rei
Todo-Poderoso, não o cries. A glo-
riosa harmonia que dos céus tu en-
viaste sôbre a terra será pelo homem
perturbada e destruída.

E uma voz doce disse suplicando:
-"Ó Pai, cria o homem, fá-lo à tua
semelhança. Eu encherei o seu cora-
ção duma piedade celeste, e tu im-
prime no seu ser a simpatia por tudo
o que vive, desta maneira para êle
tôda a coisa terá uma razão para te
louvar".

E o Anjo da Misericórdia ca-
lou-se.

E o Anjo da Paz exclamou cho-
rando:

-"Ó Deus! não o cries.--A paz



será destruída, ondas de sangue mar-
carão a sua vinda ao mundo, a con-
fusão, o horror, a guerra mancharão
a terra, e tu não encontrarás mais um
lugar que te possa agradar entre as
tuas obras sôbre a terra."

E então o Anjo da Justiça falou:

- "Tu o julgarás, Senhor, êle será
submetido ao meu dominio."

E o Anjo da Verdade aproximou-se
e disse:

-"Pára, Senhor, ó Deus da Ver-
dade, com o homem tu envias a falsi-
dade sôbre a terra."

Então todos se calaram, e das pro-
fundezas dos céus ressoaram as pala-
vras divinas:

-"Tu, ó Verdade, tu irás sôbre a
terra com êle, e apesar disso conti-
nuárás a ser um anjo dos céus; entre
a terra e o céu tu flutuarás, servindo
de ligação entre um e a outra."

     Midrash Rabah sobre o Genesis,
        cap. VII.