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N.º 131, Shevat-Adar 5706 (Jan-Fev 1946)







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              MEMÓRIAS

da Literatura Sagrada dos judeus portugueses desde os
primeiros tempos da Monarquia até fins do Século XV

             MEMÓRIA I

   POR ANTONIO RIBEIRO DOS SANTOS

      (CONTINUAÇÃO DO N.° 130)

Podemos acrescentar a estes Davide Ja-
chia filho de José Jachia natural de Lisboa,
que nos fins deste século escreveu:

Epitome Gramatical (Nasceu em Lisboa
em 1465 e morreu em 1543); conservava a
sua obra da Gramática o R. Gedaliah Ja-
chia. Castro na Bibliot. Espan. não faz
menção desta obra, antes diz que R. Geda-
líah, que havia visto e lido as obras de
Davide Jachia não especificara os seus titu-
los, no que houve equivocação, porque Ge-
daliah falou especialmente desta Gramática.
Dela faz menção o nono Barbosa e Wolfio
que julga que é esta mesma Gramática He-
braica e que se acha Mrs. na Real Biblio-
teca de Paris (Bibliot. Hebr. Tom. III
pág. 188).

            CAPÍTULO VI

      Da Tipografia Hebraica
            em Portugal

Os Judeus Portugueses são os pri-
meiros que introduzem em Portugal a
Tipografia Hebraica-Pelo que toca à
Tipografia Hebraica muito se adiantaram
os nossos judeus a introduzi-la e propa-
gá-la entre nós (Para sabermos quanto os
nossos judeus se apressaram a introduzir e
aperfeiçoar entre nós a Tipografia Hebraica,
convem notar, que posto que se não saiba
ao certo, nem o ano da invenção da Tipo-
grafia, nem as primeiras obras, que se
imprimiram nela, contado a sua época se
pode assentar entre os anos de 1428 e 1460.



Porque uns como R. José Coen põem a pri-
meira obra em 1428 no livro Arbáh Turim
impresso em Veneza dando por falta a edi-
ção do livro Schulchan Aruch em 1420
como mostra Mallincrol no Tratado da
Arte Típognifica, pág. 5; outros em 1448
no Código De Miseria humana conditionís,
impresso em Argontorato: outro em 1450
no livro Catholicon de João le Beque escri-
tor Genovez, e na Bíblia Maguntina;
outros em 1457 pela Tipografia de João
Guttenberg de Mayença; e outros final-
mente em 1460, na impressão do mesmo
Catholicon de João le Beque), por quanto
poucos anos depois que se inventou a
imprensa na Europa e apareceram as pri-
meiras obras desta Arte recente, começa-
ram os Judeus de erigir tipografias hebrai-
cas em diversas partes da Itália (Houve
quem se lembrasse, que por ventura o
Mestre José e seu filho Chaim Mordachai
e Ezechias Montro teriam sido os primei-
ros impressores de livros; porque na Epi-
grafe, que vem na obra do Praltério He-
braico impresso em 1477, se denominam
Hujus Artis factores; todavia esta expressão
não significa propriamente inventores, ou
primeiros compositores desta Arte; mas só
Mestres e Arttfices dela) e apenas haviam
estabelecido as suas primeiras oficinas,
desde os anos de 1477 em Pesaro (Davide
Ganz deu a edição Hebraica Veneziana da
Biblia em 1511 pelo primeiro parto da
tipografia hebraica, no que por certo se
enganou.

                          (Continua).


 
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