HA-LAPID 5 ============================================ a rede de caça, aprisionava o seu cérebro de lutador, levando um dos mais brilhantes sábios de Israel, abandonando-o na saudade! Sua mulher, que se chamava Ester sobre- viveu-lhe alguns anos mais, vindo a falecer em 5 de Julho de 1712. Oróbio deixou alguns filhos, tais são: o médico Mosseh Oróbio de Castro que exerceu as funções de tesoureiro da Academia de los Floridos; Abraham Oróbio de Castro, fundador duma sociedade de beneficiência de Amesterdão e uma filha chamada Rebeca. Segundo Ribeiro dos Santos, foi Oróbio muito propagado no século XVIII, sendo vários os escritores que dele fazem menção, citando-os na sua obra intitulada, Memórias da Literatura sagrada dos judeus Portu- gueses no século XVII. Ao cabo desta escassa biografia resta- -nos dar algumas indicações sobre a sua obra. É ela modesta, sendo a sua maior aspiração a defesa da sua crença religiosa o que levou Ribeiro dos Santos a opinar - "a religião christan não tem tido nestes ultimos seculos adversario mais cruel, e obstinado que Oróbio". Nos seus escritos desenvolveu, Oróbio, o seu sistema filosófico religioso, vivendo sempre embebido num misticismo e sensi- bilidade mórbida, recolhendo-se a si próprio acompanhando todas as imagiuações e me- ditações do seu cérebro. A sua fé intensa e calorosa ajudada pela filosofia foram os ideais que o levaram a escrever os seus tratados de defesa contra aqueles, que con- denavam e maldiziam o judaismo. O seu impulso foi intenso, auxiliado por uma natureza de lutador, não temendo os ataques de Católicos e Protestantes. "O afamado Oróbio de Castro - escreve Lúcio de Azevedo-na história dos Cristãos Novos Portugueses - natural de Bragança, contra- ditor de Espinoza e polemista exaltado contra o cristianismo. Para a sua defesa apologética, teve o grande auxilio de poder exprimir com faci- lidade e eloquência nas línguas em que escreveu os seus eruditos tratados, mane- jando essas linguas como lingua maternal. Neles Orobio estuda à luz da razão o pro- blema religioso, dentro da sua feição filo- sófica, com caracteristicas novas de tese apresentadas por um método racional, não nos dando o parecer de análise mas sim de exemplificação. O seu primeiro tratado, parece ter sido, Prevenciones Divinas Contra la Vana Ydo- latria de las Gentes, obra manuscrita e da qual existem vários exemplares segundo refere Kayserling. Ribeiro dos Santos ao indicar este tra- tado, ajunta ao titulo os seguintes dizeres, Libro primeiro Pruevasse que tudo quanto se havia de inventar contra a ley de Mosseh previno Dios à Ysrael en los cinco libras de la ley para que advertido no pudiesse caer en tales errores... Libro segundo. Contra los falsos rnisterias de las gentes advertidas à Ysrael erz los escritos Pro- féticos. Contra este tratado escreveram Philippe Limborch e Witsio, o primeiro na sua obra intitulada De Veritate Religianis Chris- tianen, amica collatio de 1687 em Ganda; o segundo na obra Maletenata Ley deusia. Segundo a esteira de Provencianis Divi- nas concebeu, então, um tratado em que faz uma disputa contra um teólogo, que tentou provar a necessidade da vinda do messias, para assim expiar o pecado original. Este tratado intitula-se La Observando de la Divina Ley de Mosselz. Neste trabalho pre- pretendeu o glorioso sábio demonstrar- como assinala Ribeiro dos Santos-a não existência do pecado original, porque o tem como fundamento de toda a doutrina dos cristãos, dando em razão, que a alma dos filhos de Adão não estava no pecado do pai, mas vinha imediatamente de Deus, escreve ele no seu tratado. “És bien cierto que la alma racional, que es la principal parte constitutiva al hombre, no se puede contener en Adam, por que ella, vu espiritu criado de nada, por el Señor que lo infundo en el cuerpo en el instante-de la generacion, y de alli viene la impossibilidad de haverse conte- nido em Adam, que no tenia virtud de produzir la alma racional, de suerte que ella no pudo participar lo corrupcion de Adam, por la generacion, pues que ella no viene de Adam, nino de Diõs, que la crio pura limpia, sin peccado, ni macula." Certamen Philosophícum - imprimiu-se pela primeira vez em Amsterdão no ano de 1689. Foi escrito em latim. O seu amigo G. de La Torre, traduziu-a para espanhol dedicando-a "à Señor D. Carlos del Sotto. Agente de Espana em Hollaude". A obra espanhola foi impressa pela pri-
N.º 133, Sivan-Tamuz 5706 (Mai-Jun 1946)
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