N.° 134 PORTO - Luas de Julho e Agosto - 5706 (1946 e. v.) ANO XX ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | e aponta-vos o busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | caminho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECT. E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim || Rua da Fábrica, 80 Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto || ------------------- P O R T O ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A ESPERANÇA "O homem nunca deve perder a espe- rança. A esperança no triunfo da justiça, no triunfo da verdade. Não quer isto dizer que se seja optimista até à insensatez. O optimismo e o pessimismo insensato são inimigos do bom senso e o bom senso é a base da inteligência, sobretudo da inteli- gência, do génio politico. Alexandre, o Grande, mediu bem o alcance da sua glo- riosa expedição. Distribuiu pelos seus ami- gos, antes de partir, tudo o que possuia e quando estes lhe perguntavam o que reservava para si-próprio, respondeu: A Es- perança. "Estas palavras, diz um autor, ficaram a divisa daqueles que se lançaram nas empresas atrevidas, com os únicos recursos da sua inteligência". A única coisa que ficou no fundo da caixa de Pandora foi A Esperança. Pandora, na mitologia grega, foi a pri- meira mulher que apareceu. Ornada por todos os dons divinos, foi ela que Zeus escolheu para punir Prometeu, o ladrão do fogo do céu, mandando-lhe de presente, por a linda Pandora, de extrema formosura. uma caixa misteriosa, contendo todos os males. Prometeu, desconfiado de tanta ama- bilidade, não aceitou o presente. Mas seu irmão Epimeteu, maravilhado com a for- mosura de Pandora, acolheu-a galante- mente, casou com ela e teve a imprudência de abrir a caixa espalhando sobre a terra todos os males de que ia cheia. Só uma coisa ficou no fundo da caixa: A Espe- rança! Os artistas da idade media não se esque- ceram de recordar e simbolizar a esperança na pedra e na tela. Num dos medalhões da parte central de Notre Dame de Paris está ela representada por uma mulher ves- tida, com um estandarte no seu escudo e aos seus pés, como simbolo do Desespero, um homem trespassado pela sua espada. Nunca o homem, em todos os periodos da história e desde que o mundo e mundo, deixou de alimentar a esperança de que a Justiça venceria a injustiça, de que a Ver- dade venceria a mentira, de que a Bondade venceria a maldade, de que a Liberdade venceria a tirania. E havíamos nós agora, em meados do seculo vinte, de perder a esperança que animou os nossos antepas- sadps e tantas vezes produziu entre eles heróis e santos? Seria o cúmulo da covar- dia e da estupidez." (Extrato dum artigo do Professor Homem Cristo. publicado no seu jornal O Povo de Aveiro).
N.º 134, Ab-Elul 5706 (Jul-Ago 1946)
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