2 HA-LAPID ==================================== O REGRESSO DE ISRAEL À TERRA DA PROMISSÃO A LUTA DO POVO IUDAICO PELO SEU LAR UM CHEFE DO TRABALHISMO HEBREU FALA-NOS DA NOVA PALESTINA Um acaso... a influência de um amigo... fizeram com que encontrassemos, à sua passagem por Lisboa vindo directamente da Palestina-um dos chefes do movimento Traba- lhista hebraico: o escritor Jacob Zerubavel. Não foi difícil, depois do encontro, obter as suas impressões sobre o que se passa actualmente na Palestina Nova. O Drama de Israel - E' necessário compreender - começou por nos dizer o nosso interlocutor-que não se trata apenas de um país, mas de milhões de judeus, que insistem em reivin- dicar o seu direito a terem uma vida normal e fecunda como todos os demais povos. Os judeus participaram, activamente na guerra, e ajudaram a destruir o dominio da barbárie e da tirania sobre a cultura humana e os povos livres. Mas um ano depois de finda a guerra, e apesar dos seis milhões de vitimas do barbarismo hitlérico. centenas de milhares de judeus, que foram salvos, encontram-se ainda nos campos de pessoas deslocadas, dependem de subsídios e de assistência, quando o que desejam é regressar a uma vida sã e normal. Não podem regressar aos paises onde, a cada passo tudo os faz lembrar a tragédia que sofreram e o sangue dos seus... A Europa é um grande cemitério para o povo judaico. O que eles agora procuram é um lar con- veniente para viver entre os seus irmãos. As promessas da inglaterra -O único pais no mundo, que, durante a guerra, se preocupou com salvar os judeus das garras nazis-dos fornos crematórios e das câmaras de gás- foi a Palestina. Foi lá que os judeus lançaram os fundamentos sólidos para uma páría. Depois da primeira guerra mundial, 52 nações reconheceram ao povo judaico o direito de construir o seu lar nacional a sua pátria milenária. Para este fim, recebeu a Grã-Bretanha o mandato sobre a Palestina, com o encargo de auxiliar a imigração e a colonização destinadas a estabelecer um lar nacional judaico. Durante algumas dezenas de anos, os judeus conseguiram, graças à sua energia, aos seus capitais, ao seu trabalho e à sua capacidade, converter um pais deserto e abandonado em cidades e aldeias florescen- tes, com grande vantagem para a popula- ção local árabe, que começou a beneficiar duma vida civilizada. Graças às suas fun- dações e métodos de desenvolvimento, os judeus aumentaram, de maneira considerá- vel, a capacidade de absorpção da Palestina. Hoje estão preparados para poder auxiliar os seus irmãos e irmãs intelizes, acolhen- do-os no seu seio-no seu novo lar. Um lamentável "Livro Branco" -E o mandato britânico?...-arris- camos. -O mandato britânico!... A potência mandatária, obedecendo a uma politica falsa, que consistia em jogar com os destinos dos povos, e em dar a primazia aos seus inte- resses, publicou antes da guerra um Livro Branco, pelo qual limitou, e até, em dada altura paralízou completamente, a imigração judaica para a Palestina, e proibiu aos judeus a aquisição de terras. Deste modo, a Palestina é, actualmente, o único pais do mundo onde há leis discri- minatórias contra os judeus como povo! A guerra terminou com a vitória da Demo- cracia, mas os judeus são tratados como párías, como gente de ínfima espécie, pri- vada de todos os direitos, mesmo dos mais elementares...
N.º 134, Ab-Elul 5706 (Jul-Ago 1946)
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