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N.º 135, Tishri-Kislev 5707 (Set-Nov 1946)







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                HA-LAPID                 5
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tou, porque os dignatários conhecem a sua
vergonha e a vergonha de sua mãe, e têm
piedade deles.

Neste dia, mesmo os que estão mais
afastados do grêmio da congregação estão
juntos aqui, e o terror está nos seus cora-
ções. E aqueles que tomaram mulher en-
tre os gentios e têm tido vergonha de
fazer entrar os seus filhos na aliança de
Abraham, mesmo estes estão aqui.

Um só, um só, entre todos aqueles que
se perderam não voltou hoje.

Ainda uma vez e enquanto prossegue o
culto, um homem deve subir para a arca
santa e afastar o reposteiro e abrir as por-
tas. É ali que estão os rolos da Lei. É ali.
neste armário bafiento, que estão reunidos
todos os raios e todos os trovões que esta-
vam no Monte Sinai, e os seus fumos que
se elevavam como o fumo duma fornalha.

O trovão está nos seus ouvidos, os
relâmpagos deslumbravam os seus olhos,
o odor do fumo está nas suas narinas.

Neste dia a sua raça é poderosa, e no
seu poder, eles se humilham. Neste dia,
lhes é preciso conseguir o seu perdão, nos
dias antigos. E aquele, que se mantinha
de pé na tribuna, abriu o rolo, e começou
a ler, com a voz rouca de júbilo e abafada
pelas lágrimas.

"E vós fareis, no décimo dia deste sé-
timo mês uma santa assembleia; e vós
fereis o luto na alma; vós não trabalhareis
neste dia.

"Mas vós fareis ao Senhor um sacri-
fício cujo odor o alegrará: um tourinho.
um carneiro, e sete anhos dum ano: e eles
serão sem mácula.

"E a oferenda de carne será acompa-
nhada de farinha misturada com óleo: três
décimas para um tourinho, e duas décimas
para um carneiro.

"E várias décimas por cada anho, dos
quais haverá sete.

"E um cabrito..."

Que seria este ruido de passos grossei-
ros vindo do fundo das escadas? Ele con-
tinuou:

"...para a oferenda do pecado; e além
da oferenda para a remissão do pecado..." 

Que era isto? Porque este rumor?
Quem vinha interromper a leitura do Livro
mais Santo, e neste dia, dia do Grande
Perdão?

Ele tinha voltado, o único que faltava



no grêmio da congregação, neste dia. Ele
forçou um caminho entre os bancos cheios
de homens. Eles encolhiam-se para o evi-
tar, com mais horror do que do contacto 
dum pestífero. Era Elias, o apóstata. E ele
colocou-se diante da arca santa, em frente
aos seus irmãos reunidos para fazerem pe-
nitêncía neste dia de Perdão.

Os seus olhos estavam flamejantes.
Os seus cabelos arripiados selvagemente
na cabeça. Os seus vestidos cheios de
lama e de toda a espécie de espinhos.

Ele gritava:

-Irmãos, irmãos, e a sua voz eleva-
va-se, não acrediteis nada disso! Já passou
o dia em que se deve oferecer o cabrito!
E já não há sentido nenhum na oferenda
assada, nem na oferenda de carne, nem na
oferenda de bebida!

O nosso Perdão foi feito para nós, é
meus irmãos em Sion, por nosso irmão o
Cristo! Escutai, eu vo-lo ordeno, porque
as minhas horas estão contadas! Escutai,
porque eu falo com a autoridade deste
corpo que ele feriu por nós e deste sangue
que ele derramou por nós sob a forma de
vinho. E eu vos falo sob o sinal desta
Cruz!

E ele tirou do peito um crucifixo que
levantou diante dos seus olhos, de pé
diante da arca, o Santo dos Santos, neste
dia do Grande Perdão.

Um grito de horror se levantou entre
eles, mas que não parecia ter saído das
suas gargantas ou das suas linguas. O grito
sala do fundo dos arcanos violados dos
seus seres; grito mais desolado e mais
horrivel que o vento nos canaviais dum rio
pestilento, ou que uma voz entre as som-
bras num campo de batalha.

-Acreditais que eu não saiba o horri-
vel sacrilégio que segundo vós eu cometo
trazendo-vos o Cristo? Não estais vós
neste dia suficientemente afastados dele, a
única redenção? Em que dia seria preciso
que eu vo-lo traga para que o escuteis?

-Matai-me! Matai-me! Que os meus
ossos sejam dispersos no deserto! Mas eu
sobreviverei no sangue do Cristo! Porque
o Senhor está comigo que é terrfvel e
poderoso: e é porque os meus perseguido-
res tremerão e não sobreviverão!

-Eu não venho neste dia vos pedir
perdão. Eu venho armado de raios mais
supremos que os raios do Sinai. Porque


 
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