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N.º 135, Tishri-Kislev 5707 (Set-Nov 1946)







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              HA-LAPID               7
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duais. em lugar de ser uma Junção numa
fé comum.

De todos os cultos da antiguidade.
dois somente subsistiram. Marduk não tem
já altar em Babilônia; Rá, a divindade
solar dos egípcios, não conduz mais as
almas da obscuridade para a luz; o grande
Osiris não tem já fiéis e as divindades de
Roma e de Atenas não existem mais para
nenhuma consciência religiosa. Mas o par-
sismo e o judaismo, estas duas velhas reli-
giões que outrora tiveram entre si estreitas
relações, continuam a viver. Os nomes
divinos, pelos quais se traduzem as suas
crenças respectivas. têm ainda um sentido
nas preces dos seus adoradores. Ahura-
-Mazda, o Senhor da luz é venerado nas
comunidades dos parses, pouco numerosos,
mas notáveis pela pureza dos seus costu-
mes, e o Nome sagrado, incomunicável,
o Tetragrama. que prostrava Israel num
santo tremor quando. um só dia no ano,
ele era pronunciado pelo grande sacer-
dote no Templo de Jerusalém, une ainda
nos nossos dias os judeus do mundo inteiro.

Estas duas religiões conservaram sem-
pre o simbolo da luz. Os padres parses
mantêm nos seus templos o fogo sagrado
cobrindo os seus rostos com um véu,
com medo de o manchar com o seu hálito
e, depois da destruição do santuário de
Jerusalém, onde as lâmpadas do candeeiro
de sete ramos ardiam constantemente diante
do Santo dos santos, Israel manteve nas
suas sinagogas a ner tamid (lâmpada pe-
rene) da Sinagoga, acesa diante da Thorah
que representa toda a sua herança sagrada.

Mas a lámpada perpétua simboliza em
Israel a continuidade da sua fé e das suas
esperanças, a comparticipação para todo o
povo judeu do tesouro de crenças legado
pelos pais. É um simbolo colectivo que
vale por si próprio; ele exprime bem melhor
a grandeza do passado e a riqueza das suas
recordações que a vida religiosa da época
presente, em que a tibieza e a ignorancia
o arrebatam sobre a sabedoria e a piedade.
Não houvesse mais judeu crente e prati-
cante numa comunidade, a ner tamid da
Sinagoga abandonada guardaria ainda todo
o seu valor de emblema.

Não é o mesmo para o candeeiro de
Hanukah. As suas luzes não são somente
destinadas a iluminar a sinagoga, elas de-
vem brilhar em todas as moradas judaicas.

O seu número vai aumentando cada dia
uma unidade durante toda a oitava da festa.
E' uma luz viva e progressiva. Ela indica
que a religião de lsrael exige de cada um
dos seus verdadeiros fiéis um esforço cons-
tante e pessoal para manter e enriquecer o
seu património sagrado, para preservar e
desenvolver este legado precioso, para orga-
nizar e propagar a sua acção beneficente.
E' preciso cada dia uma mão piedosa para
acender a menorah (candeeiro). E' preciso
cada dia um acto de vontade, de fé, e cora-
gem, talvez um sacrifício para ser um judeu
consciente, capaz de transmitir fielmente às
gerações futuras. acrescido e não diminuído,
o depósito recebido dos antepassados.

E' de bom augúrio constatar que no
judaismo moderno. onde a vida religiosa é
tão anémica e cujas instituições tradicionais
sofrem dum desequilíbrio que ferem todas
as atenções, a festa de Hanukah tem um
reganho de popularidade. O movimento
empreendida em favor do renascimento ju-
daico sobre a terra blblica não é estranho a
isso. A ideia que novas páginas iam jun-
tar-se à história de Israel na pátria dos pro-
fetas valorizou as recordações do passado.
O espirito dos Macabeus revelou-se nos
pioneiros da restauração palestínense; como
os filhos de Matatias, eles declararam-se
prontos a consagrar a sua vida pela causa
que queriam servir e muitos túmulos de
jovens e raparigas povoam já os cemitérios
da Judeia. Mas nós sabemos que nada de
grande se faz cá na terra sem o sacrifício
e não nos espantemos, que, triunfando das
diliculdades e dos perigos da empresa pela
fé do ideal reencontrado. os filhos tenham
feito de novo brilhar as luzes de Hanukah
que os pais, indiferentes. tinham já há
muito tempo deixado apagadas.

A Escritura aplica o simbolo da luz ao
próprio Deus: "O Senhor é a minha luz e
a minha salvação"- exclama o Salmista
(S. 29. 1); na revelação que ele faz à alma
humana: "E' pela tua luz que nós vemos
a luz (S. 36, 16)"; à lei divina: "A tua
palavra é uma lâmpada que ilumina os
meus passos, uma luz sobre o meu cami-
nho (S. 119, 105); à consciência que o mal
oblitera e abafa: "A luz do malvado ex-
tinguir-se-á e a chama que lhe fora dada
cessará de brilhar" (Job 18, 5). Haveria
um longo e interessante estudo a fazer
sobre os numerosos textos blblicos nos


 
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