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N.º 135, Tishri-Kislev 5707 (Set-Nov 1946)







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 6              HA-LAPID
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o véu do Templo se rasgou do alto até
baixo, e a terra treme e as montanhas se
abrem. Mas é preciso que vós me escuteis.

Eles não ouviam nada. Os seus olhos
vitrificados fixavam-se no signo pelo qual
os seus corpos tinham sido feridos, eterni-
dade sem fim. e o seu sangue derramado
como se fosse vinho. Os cães estavam re-
pletos dele. que bebiam nos regos das ruas.

Eles não ouviam nada. Mas o seu san-
gue iá acalmado batia-lhes agora no cére-
bro como o batente duma porta. Os seus
dedos encolhiam-se como garras. O ar era
vermelho como reflexo dum fogo ou
de algum sangue fumegante derramado.
As suas faces salam dos seus peitos Os seus
corpos estendiam-se para a Arca, violada
como nunca ainda nos anais da sua raça;
estendiam-se para o apóstata, inspirado e
hediondo, para a sua garganta. para os
seus olhos.

Então ouviu-se uma voz que resoou
como a voz do arcanjo de Deus.

- Parai! gritou ela, esta voz caindo em
cascata sobre as nuvens, do alto do centro
dos céus.

O homem parou, o nome de Cristo
suspenso nos seus lábios. Os outros vol-
taram a cabeça. Era Lea, a mulher do
apóstata. Ela brilhava e dominava, esta
mulher frágil e mortal.

- "Parai! gritava ela. vós esqueceste-
-vos? Esqueceste-vos que dia é este? Quê!
Não é o dia mais sagrado, o dia do Grande
Perdão?

- Tocarieis no que serve para fazer fogo

 

ou para cozer alimentos? Tocarieis num
animal dos campos que seía impuro? E vós
porieis a mão sobre esta coisa da maior
impiedade? Como não seriam manchados
os vossos dedos neste mais santo dos dias?
Voltai para os vossos lugares, eu vo-lo
digo. Deixai-o falar até que a sua lingua
obscena lhe caía da boca. Tapa¡ os vossos
ouvidos com as mãos, homens, mulheres e
crianças desta Sinagoga. Sou eu que vos
peço por Deus. Deus nomeará o vingador,
não tenhais receiol Eles retomaram os
seus lugares, homens. mulheres e crianças.

Ela retomou o seu lugar contra a grade.
Ele retomou ainda uma vez o seu tema
interrompido, o Cristo e o amor de Cristo,
o Cristo e o seu terror.

Homens, mulheres e crianças permane-
ciam acocorados, a cabeça sobre os joelhos, 
as mãos apertadas contra as orelhas. Eles
não ouviam nada.
-Gesto secular de Israel! Exclamou
ele. Teimosia feita carne!

Eles não mexeram. Os seus rostos es-
tavam cinzentos como túmulos. As pala-
vras param-lhe nos lábios. o seu pescoço
cedeu. O seu corpo esterilizou-se. Ele
saiu como uma besta vergonhosa, e batida.

Eles tinham-no vencido, eles tinham
vencido o Cristo.

Nota da Redacção- O que acabam de ler foi
extraído do romance, publica o em Londres, Day of
Atonement. O seu autor é o romancista judeu Luíz
Golding. O assunto do romance é o conflito de duas
almas, Elias, que se converteu ao cristianismo e se 
fez missionário. e sua mulher Lea, que ficou fiel ao
judaísmo. dílacerada entre a sua fé e o seu amor.

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                HANUKAH

           (o simolo da luz)

Não há simbolo mais universal que o
da luz. E não há nada de mais religioso.
Se a religião não é o facho que dirige os
nossos passos durante toda a nossa carreira
terrestre, a doce flama que nos acalenta
quando as provas e as desilusões da vida
lançam sobre a pobre alma um frio mortal,
a penetrante claridade que nas horas per-
turbadas da hesitação e da dúvida, nos
mostra o dever a cumprir, o bem a fazer,
a tarefa a desempenhar, então ela não é
senão de secas abstracções, vãs fórmulas,
gestos rotineiros.



Todas as religiões tomaram pois o fogo
para rito simbólico; as mais simples, con-
siderando as dificuldades que o homem
experimentava a obtê-lo, o honraram como
a grande manifestação da potência divina,
as mais perfeitas guardaram-no como eng-
blema espiritualizando-o. As que o rejei-
taram transformaram os seus templos em
salas de reuniões onde não se sente a sua
presença e onde resuma o aborrecimento:
elas substituiram a tradição pelo racio-
nismo e o seu culto tornou-se um perpé-
tuo discurso, uma troca de opiniões indivi-


 
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