2 HA-LAPID ======================================= nando, que possuíam 12 castelos, e por baixo delas a seguinte inscrição: GOVERNANDO AS ARMAS D'ESTA CIDADE E SEU PARTIDO O CORONEL, ANTÓNIO MONTEIRO D'ALMEIDA SE FEZ ESTA OBRA NO ANO DE 1781 Esta cadeia de muralhas avançava em seguida sobre a margem direita do rio, por cima do muro da Ribeira. Escadas do Code- çal, indo fechar no Postigo do Sol. Por fora de toda a muralha transborda- vam arrabaldes, constituídos de outeiros, aproveitados com arvoredos e olivais. Nesse afortelezado âmbito se desenvol- veu a cidade do Porto, heróicamente ciosa, dos seus foros, privilégios e liberdades. No meio destes burgueses estruturalmente democráticos, se desenvolveu a colónia Hebraica que chegou a constituir um im- portante elemento demográfico da cidade. O Porto ainda que profundamente reli- gioso, foi o que de entre todas as restantes cidades do Pais, mais soube respeitar as opiniões e crenças alheias. Assim demons- trando em vários momentos da sua história, o seu amor à liberdade politica e intelectual. Uma das inumeráveis questões, em que o espirito liberal e altruista dos habitantes, do Porto, mais se manifestou, foi na oposição ao estabelecimento do Tribunal do Santo Oficio nesta cidade e que o zelo religioso do fanático Frei Baltasar Limpo fez levar a cabo. Acerca da origem dos judeus no burgo portucalense, pouco ou nada poderemos asseverar, contudo alguns historiadores de reconhecida autoridade dizem prender-se a origem desses elementos da população por- tuense, na noite escura da primitividade da nossa nacionalidade. A primeira judiaría do Porto, parece ter sido aquela de que Querubino Lagoa encon- trou uma única referência, e que o ilustre investigador Sr. Prof. A. de Magalhães Basto diz ter encontrado alguns documentos a seu respeito. Segundo as referências dos dois investi- gadores acima citados, encontrava-se essa ju- diaría situada na Cividade (Corpo da Guarda) estendendo-se para a rua de Sant'Ana, onde estava a sinagoga. A Oeste do rio Frio, pequeno regato que desce pela encosta das Virtudes indo desaguar ao Douro, em Miragaia, existiu uma judiaría que ocupava Monchique (Mons siculus) arrabalde da cidade, estendendo-se para as Virtudes. Próximo ao rio Frio alastrava-se o almocávar hebraico. Ainda hoje a terminologia local, perpetua no Monte e Escadas dos Judeus o centro do antigo povoado. A sinagoga da judiaría, mandada cons- truir por D. Judah Ben-Manir, estava ao Norte da actual Calçada de Monchique. Esta judiaría foi mais tarde abandonada e substituída pela dos Banhos. Nos princí- pios do seculo XVI, era a referida sinagoga propriedade de Gil Vaz da Cunha, Senhor de Basto e Monte Longo. O seu descen- dente Pero da Cunha Coutinho e sua mulher D. Beatriz de Vilhena, resolveram com os seus avultados rendimentos fundarem nesse local um Convento de Religiosas, ao qual deram o nome de Madre de Deus de Mon- chique. O investigador portuense, Querubino Lagoa, segundo testemunho do arqueó- logo Pedro Vitorino, viu na padieira duma porta, das casas mandadas construir por Gil Vaz da Cunha, um epitáfio em caracteres hebraicos, alusivos à fundação da sinagoga, abertos em uma pedra, que fôra da mesma. Em 1872, depois de passado o convento à posse de particulares, o seu proprietário, Clemente Meneres, oferecia a dita pedra, ao Museu Arqueológico do Carmo na cidade de Lisboa. Esta judiaría foi abandonada e os seus habitantes fizeram judaria e pobraçom, nos Banhos como já dissemos. Segundo certos documentos referentes a prazos, aforamentos e rendas, existentes no Arquivo Municipal, ficava esta judiaria situada entre o rio Douro e as muralhas de de Oeste, postigo dos Banhos, largo de S. Domingos, Praça do Infante, rua da Mu- nhota e Belomonte. Esta judiaría, segundo um documento do Arquivo Municipal, parece não ter pos- suído sinagoga, mas sim um pequeno ora- tório. O documento citado e do seguinte teor: "Escritura do contrato entre o con- celho e a Câmara dos judeus, então no sitio da Munhota sobre os banhos em
N.º 137, Nissan-Sivan 5707 (Mar-Mai 1947)
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