HA-LAPID 5 =============================== COMO RESOLVER O PROBLEMA DA PALESTHNA segundo a opinião de dois membros do Parlamento Britânico já aqui demos a noticia do recente aparecimento, em português, de um oportuno opúsculo "A Pales- tina outro Munique?", da autoria de dois membros do parlamento inglês, os srs. R. H. Sbrossman e Michael Foot. O referido estudo, que trata pertinentemente, do problema da Palestina, inaugura a colecção "Cadernos de Politíca Internacional" da "Inquérito". Por que nos parece de flagrante actuali- dade o assunto, e ainda os autores do referido livro o tratam magistralmente, julgamos do maior interesse transcrever do momentoso ensaio as respectivas conclusões: O que se deve fazer 1) Ao Governo, ao Partido Parlamen- tar e Partido Trabalhista em geral incumbe o dever de abandonar o Livro Branco de 1939 e permitir a imigração judaica até o máximo da capacidade de absorpção da Palestina. Dum modo especial, manifesta- ram-se explicitamente a favor desta politica os seguintes ministros do Gabinete: O Chan- celer do Tesouro, dr. Dalton, o Lord Pre- sidente, sr. Herbert Morrisson, o Lord Chanceler, Lord Jowitt, o Lord do Selo Privado, sr. Arthur Greenwood. A acres- centar a estes, o sr. Noel-Baker, Ministro de Estado para os Negócios Estrangeiros, e eo sr. Creech-Jones, Secretário-Parlamen- tar no Ministério das Colônias, ambos inte- ressados na nossa politica do Médio Oriente, condenaram persistentemente o Livro Branco como ilegal e desonroso. Justificação da quebra de compromisso 2) A única desculpa para a quebra do nosso compromisso nesta questão é que somos levados pelas circunstâncias a agir assim. Os factores invocados são: a) Que precisaríamos duma divisão suplementar na Palestina para deixar entrar os 100 000 Judeus; b) Que não podemos correr o risco da oposição que a nossa politica levantaria Entre os Estados árabes: c) Que, em vista da possibilidade duma terceira guerra mundial, não deve- mos lançar os Estados árabes nos braços da Rússia. 3) Suposta a importância de cada um desses factores, devemos salientar o seguinte: a) Se faltarmos à nossa solene obriga- ção para com os judeus, seremos obrigados a impor-lhes pela força a nossa decisão. Transigindo com os árabes, não evitamos, por isso, a efusão de sangue. Segundo a opinião de alguns generais britânicos, uma campanha contra os judeus da Palestina seria operação muito mais morosa e dispen- diosa do que quaisquer medidas que se tomassem contra a resistência dos árabes à imigração judaica em larga escala; b) Para obter o apoio da Liga Árabe, teremos de escandalizar a opinião pública, especialmente a dos E. U. A., por nos envol- vermos numa guerra anglo-judaica, mais sangrenta do que os tumultos irlandeses de 1920. Nesta guerra, os judeus estariam lutando por direitos que o Partido Tra- balhista reconheceu e defendeu até subir ao poder. Teriam a justiça por seu lado. Os nossos homens estariam lutando por impor o que os oradores trabalhistas cha- maram o Munique do Médio Oriente; c) O Livro Branco a apareceu em 1939 como um suborno dos Árabes, a fim de evitar que caissem nos braços da Alemanha. Durante a guerra, e apesar do Livro Branco, os Estados árabes mantiveram-se neutrais até à certeza da nossa vitória. O Muftí que ainda hoje dirige os Árabes da Pales- tina, foi a Berlim e ali organizou uma SS muçulmana para Hitler. No Iraque, durante os meses críticos de 1941, quase triunfou um levantamento anti-britânico. Pergun- tamos, pois, se há qualquer razão que per- mita supor que o apaziguamento em 1946 dará melhores frutos do que o apazigua- mento em 1939.
N.º 137, Nissan-Sivan 5707 (Mar-Mai 1947)
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