6 HA-LAPID ========================================== O preço da amizade árabe 4) Ainda que rejeitemos todos os argu- mentos morais e legais e consideremos apenas a pura conveniência, somos levados a concluir que o preço que a Liga Árabe pede pela sua amizade (a cessação da imi- gração judaica e a retirada das tropas britâ- nicas da Palestina) é tal que a Grã-Bretanha não pode permitir-se pagá-lo. Impor aos Judeus uma politica que os ministros tra- balhistas definiram como "quebra de pala- vra", "ilegal" e "segundo Munique", a fim de obter a amizade do Mufti, de Ibn Saud e de outros príncipes e politicos árabes, seria, não só desonroso, como absoluta- mente insensato. Uma vez derrotados os Judeus em beneficio dos Árabes estes pedi- riam a retirada imediata das nossas tropas da Palestina e revoltar-se-iam se isso não lhes fosse concedido. Então perder-se-ia a última base para a defesa do canal de Suez. Mais uma vez os "realistas" provariam ser, não só perversos, mas também insensatos. A politica de imigração 5) O Governo, no entanto, impres- sionou-se, este último Verão, com os argu- mentos dos seus conselheiros civis e militares que defendiam o Livro Branco e, na dúvida da resolução a tomar, dicidiu nomear para esse efeito uma Comissão Anglo-Americana. Esta Comissão entregou. em 20 de Abril, um relatório unânime a favor da politica de imigração, a que o Governo está colec- tiva e individualmente, obrigado. Inconvenientes duma intervenção americana 6) É amplamente justificável que a América colabore na execução do relatório. O Governo está na razão ao insistir no seu pedido de auxilio, mesmo à custa de quais- quer delongas. Mas que espécie de auxilio requeremos nós? Há fortes razões que ex- plicam porque é que o Governo não deve pedir tropas americanas e, muito menos uma curadoria anglo-americana na Palestina. Durante a guerra, já foi bastante dificil dirigir, conjuntamente, quartéis generais e agências civis anglo-americanas. Tentar a experiência no ambiente politico da Pales- tina, agora que a guerra acabou, seria fatal. tanto para as possibilidades de paz na Palas- tina como para a cooperação anglo-ameri- cana. Além disso, os Árabes desconfiam profundamente dos americanos e julgam que a Administração está sob a influência judaica. Aceitar tropas americanas na Pa- lestina seria de péssimo efeito nas nossas relações com os Árabes. A Rússia também encararia, não sem razão, o controle anglo- -americano da Palestina como uma maneira de preparar bases conjuntas para uma futura guerra contra ela. Logo, uma proposta semelhante destruiria toda e qualquer possi- bilidade de cooperação entre os Três Gran- des no Médio Oriente, bem como de ami- zade anglo-árabe. Portanto, a afirmação de que não pode- mos executar o Relatório da Comissão Anglo-Americana sem a assistência mili- tar americana é extremamente hipócrita. Nenhum Governo britânico daria aos ame- ricanos o controle da nossa politica no Médio Oriente, como, certamente, o sr. Tru- mann pediria, a troco do envio das suas tropas. O único motivo que justificaria, tal concessão, da nossa parte, seria o receio dos russos e a determinação de se formar uma aliança anglogamericana contra eles. Este motivo, porém, foi expressamente excluído da politica externa do sr. Beuin. O que o Governo devia requerer dos americanos era uma firme declaração de apoio à nossa politica na Palestina, a auxilio financeiro em larga escala para projectos, tais como o do Conselho Governativo do Vale do Jordão, o fornecimento de pessoal técnico, víveres, equipamento, barcos para transporte e abrigo temporário para os 100.000 judeus. A única solução eficaz As recomendações da Comissão Anglo- -Americana implicam um longo periodo de curadoria. Seria à Grã-Bretanha que cabe- ria essa responsabilidade, visto que mais ninguém a reclamaria para si. O Relatório reconhece que a cooperação árabo-judaico só seria possivel se a politica do poder que administrar a curadaría for genuinamente da O. N. U. e largamente apoiada por todos os seus membros. Dadas as deploráveis relações actuais entre os Três Grandes, pode defender-se, com certa razão, que uma política da
N.º 137, Nissan-Sivan 5707 (Mar-Mai 1947)
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