HA-LAPID 7 ============================================ O. N. U. pouco provável. Por este motivo, as propostas da Comissão podem falhar, devido aos desentendimentos dos Três Grandes. Se isto se der, deve procurar-se imediata- mente outra solução que permita à Grã- -Bretanha libertar-se das responsabilidades do seu Mandato, sem pôr a minoria judaica à mercê da maioria árabe. Só há uma so- lução eficiente: a divisão da Palestina em duas partes, um Estado da Judeia. aberto a uma imigração sem restrições, e a transfe- rência da zona montanhosa central, exclusi- vamente povoada por árabes, para o reino da Transjordánia (1). Uma Jerusalém en- cravada teria de ser mantida sob fiscalização internacional. A partilha segundo estas linhas oferece vantagem de dar a independência imediata a 4:000.000 de árabes das montanhas centrais. Passariam a pertencer à Transjordâuía, uma vez traçadas as novas fronteiras, e tornar- -se-iam, assim, cidadãos dum Estado árabe, conforme é seu desejo. Na parte restante da Palestina, os árabes ainda ultrapassaríam os Judeus em alguns milhares de homens. Mas a imigração da Europa estabeleceria, em relativamente pouco tempo, uma pari- dade, ou mesmo uma pequena maioria ju- aica. O futuro politico dos dois Estados Uma vez estabelecido o Estado da Judeia. a Grã-Bretanha ver-se-ia livre da responsa- bilidade de manter a paz entre judeus e árabes. Finalmente, as duas comunidades, ambas perfeitamente capazes de se governa- rem a si próprias, assumiriam a responsabi- lidade, não só de gerir os seus assuntos, como de resolver os seus próprios conflitos. Os judeus do Estado da Judeia seriam leva- dos, unicamente no seu interesse, a um acordo com a Transjordânia e a outros Estados árabes a fim de desenvolver a sua Industria e evitar o desemprego. O inte- resse próprio, também, levá-los-ia a partilhar o poder politico e as vantagens económicas com os seus concidadãos árabes do Estado ---- (1)-Lembremos que a Transjordãnia resultou já dum desmembramento da Palestina, feito em 1922, e que esse novo Estado, duas vezes maior do que o território que ficou para a colonização judaica, é quase desabitado, apesar de ter capacidade para milhões de pessoas.- N. da T. da Judeia e a trabalhar juntos por uma federação do Médio Oriente. Ainda que os judeus aumentassem até um milhão, só pode- riam prosperar tornando-se amigos dos ára- bes, dentro ou fora das suas fronteiras. Do mesmo modo, o Governo do Estado da Judeia desejaria negociar um tratado de aliança com a Ori-Bretanha. É quase certo que tal tratado deixaria aos ingleses o porto de Haifa, e os aeroportos e instalações ne- cessários. Com tratados de amizade assina- dos pela Transjordânia e pela Judeia, a Grã-Bretanha gozaria duma posição muito mais forte do que a actual. Em vez de tentar governar duas comunidades na Pa- lestina, ambas elas detestando o Mandato, teria tratados de amizade com dois Estados independentes: o Estado da Transjordãnia e o Estado da Judeia. As três políticas possiveis De facto, três politicas, e só três, estão abertas ao Governo Britânico. Pode tentar satisfazer a Liga Árabe, prometendo inde- pendência próxima aos Árabes da Palestina e deixando os Judeus em permanente mino- ria. Isto implica uma guerra anglo-judaica. Em segundo lugar, pode aceitar as reco- mendações, a longo e a curto prazo, da Comissão Anglo-Americana, contando com o auxilio americano para transportar os 100.000 Judeus e financiar o desenvolvi- mento económico do pais, mas aceitando a administração da Pelestina, por um periodo indefinido, como uma responsabilidade da Grã-Bretanha. Em terceiro lugar, pode acei- tar as recomendações, a curto prazo, da Comissão Anglo-Americana, manter a sua palavra para com os Judeus, rejeitando o Livro Branco, e, simultaneamente, trabalhar na elaboração dum projecto de divisão que estabeleça um Estado da Judeia, aberto a uma imigração sem restrições até o máximo da capacidade de absorção do pais. A primeira politica é incompativel com razões morais, legais e utilitárias e estas foram expostas com toda a clareza pelos membros do Gabinete. Tanto a segunda como a terceira são compativeis com a politica trabalhista. Do Sol-Lisboa, 15 de Março de 1947. ---------------------------------------- Visado pela Comissão de Censura
N.º 137, Nissan-Sivan 5707 (Mar-Mai 1947)
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