N.º 137, Nissan-Sivan 5707 (Mar-Mai 1947) > P07
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 137, Nissan-Sivan 5707 (Mar-Mai 1947)







fechar




                HA-LAPID                  7
============================================

O. N. U. pouco provável. Por este motivo, as
propostas da Comissão podem falhar, devido
aos desentendimentos dos Três Grandes.
Se isto se der, deve procurar-se imediata-
mente outra solução que permita à Grã-
-Bretanha libertar-se das responsabilidades
do seu Mandato, sem pôr a minoria judaica
à mercê da maioria árabe. Só há uma so-
lução eficiente: a divisão da Palestina em
duas partes, um Estado da Judeia. aberto a
uma imigração sem restrições, e a transfe-
rência da zona montanhosa central, exclusi-
vamente povoada por árabes, para o reino
da Transjordánia (1). Uma Jerusalém en-
cravada teria de ser mantida sob fiscalização
internacional.

A partilha segundo estas linhas oferece
vantagem de dar a independência imediata
a 4:000.000 de árabes das montanhas centrais.
Passariam a pertencer à Transjordâuía, uma
vez traçadas as novas fronteiras, e tornar-
-se-iam, assim, cidadãos dum Estado árabe,
conforme é seu desejo. Na parte restante
da Palestina, os árabes ainda ultrapassaríam
os Judeus em alguns milhares de homens.
Mas a imigração da Europa estabeleceria,
em relativamente pouco tempo, uma pari-
dade, ou mesmo uma pequena maioria ju- 
aica.

   O futuro politico dos dois Estados

Uma vez estabelecido o Estado da Judeia.
a Grã-Bretanha ver-se-ia livre da responsa-
bilidade de manter a paz entre judeus e
árabes. Finalmente, as duas comunidades,
ambas perfeitamente capazes de se governa-
rem a si próprias, assumiriam a responsabi-
lidade, não só de gerir os seus assuntos,
como de resolver os seus próprios conflitos.
Os judeus do Estado da Judeia seriam leva-
dos, unicamente no seu interesse, a um
acordo com a Transjordânia e a outros
Estados árabes a fim de desenvolver a sua
Industria e evitar o desemprego. O inte-
resse próprio, também, levá-los-ia a partilhar
o poder politico e as vantagens económicas
com os seus concidadãos árabes do Estado
----

(1)-Lembremos que a Transjordãnia resultou
já dum desmembramento da Palestina, feito em 1922,
e que esse novo Estado, duas vezes maior do que o
território que ficou para a colonização judaica, é
quase desabitado, apesar de ter capacidade para
milhões de pessoas.- N. da T.

 

da Judeia e a trabalhar juntos por uma
federação do Médio Oriente. Ainda que os 
judeus aumentassem até um milhão, só pode-
riam prosperar tornando-se amigos dos ára-
bes, dentro ou fora das suas fronteiras.
Do mesmo modo, o Governo do Estado da
Judeia desejaria negociar um tratado de
aliança com a Ori-Bretanha. É quase certo
que tal tratado deixaria aos ingleses o porto
de Haifa, e os aeroportos e instalações ne-
cessários. Com tratados de amizade assina-
dos pela Transjordânia e pela Judeia, a
Grã-Bretanha gozaria duma posição muito
mais forte do que a actual. Em vez de
tentar governar duas comunidades na Pa-
lestina, ambas elas detestando o Mandato,
teria tratados de amizade com dois Estados
independentes: o Estado da Transjordãnia e
o Estado da Judeia.

       As três políticas possiveis

De facto, três politicas, e só três, estão
abertas ao Governo Britânico. Pode tentar
satisfazer a Liga Árabe, prometendo inde-
pendência próxima aos Árabes da Palestina
e deixando os Judeus em permanente mino-
ria. Isto implica uma guerra anglo-judaica.
Em segundo lugar, pode aceitar as reco-
mendações, a longo e a curto prazo, da
Comissão Anglo-Americana, contando com
o auxilio americano para transportar os
100.000 Judeus e financiar o desenvolvi-
mento económico do pais, mas aceitando a
administração da Pelestina, por um periodo
indefinido, como uma responsabilidade da
Grã-Bretanha. Em terceiro lugar, pode acei-
tar as recomendações, a curto prazo, da
Comissão Anglo-Americana, manter a sua
palavra para com os Judeus, rejeitando o
Livro Branco, e, simultaneamente, trabalhar
na elaboração dum projecto de divisão que
estabeleça um Estado da Judeia, aberto a
uma imigração sem restrições até o máximo
da capacidade de absorção do pais.

A primeira politica é incompativel com
razões morais, legais e utilitárias e estas
foram expostas com toda a clareza pelos
membros do Gabinete. Tanto a segunda
como a terceira são compativeis com a
politica trabalhista.

    Do Sol-Lisboa, 15 de Março de 1947.

----------------------------------------
Visado pela Comissão de Censura


 
Ha-Lapid_ano21-n137_07-Nissan-Sivan_5707_Mar-Mai_1947.png [151 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página