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N.º 139, Tishri-Kislev 5708 (Set-Nov 1947)







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   Como viviam os judeus em Portugal

            AS ORIGENS

                    POR AMILCAR PAULO
                    (LEVI BEM-BAR)

Acerca da origem dos judeus na Penin-
sula Ibérica, pouco ou nada poderemos
asseverar. Entretanto, na opinião de al-
guns historiadores de reconhecida autori-
dade, teriam vindo já no Século XIII antes
da era vulgar, referindo-se a própria Bíblia
a viagens de judeus das tribos de Dan e
Asher, às quais pertenciam a maioria dos
marinheiros do tempo. Estas duas tribos
eram vizinhas dos fenicios, que foram exi-
mios na arte de navegar, senhores dos
mares e costas do Mediterrâneo. O Livro I
dos Reis, Capitulo X relata-nos uma expe-
dição de judeus a Tarsis que alguns histo-
riadores, assim como Schulten e outros,
provam ser na Peninsula.

Nada mais natural, que de tempos anti-
gos, os judeus atraídos pela amenidade do
clima e fama das suas riquezas naturais,
seguissem os passos dos fenicios, vindo-se
fixar na Peninsula.

Quando da divisão do Povo de Israel
em dois reinos, novamente, judeus fugidos
às violências de Reboão, homem de génio
perdulário, foram trazidos pelas correntes
incertas do mar até à Peninsula.

Poucos anos depois, Nabucodonosar,
rei da Babilônia, destruia Jerusalém e o
Templo, levando cativos os habitantes.
Alguns deles, segundo opinião de alguns
historiadores, foram comprados por His-
pane rei de Espanha. Assim voltaram
judeus às terras do último ocidente, enxu-
gando lágrimas, simulando esquecimento
dos restos da opulenta cidade, outrora
alvejada de frondosos pomares, que eram
como o seu estrado de princesa.

Quando da revolta de Jerusalém. Tito
filho de Vespesiano, imperador de Roma,
à força de rigorosos combates, toma Jeru-
além destruindo-a. Os judeus que não
pereceram na luta, foram constrangidos a
aportar à Peninsula como escravos. Nos
Principios do Século II da era vulgar, a
ela voltaram, vendidos pelo Imperador
Àdriano.



Ao fundar-se a Nacionalidade Portu-
guesa, encontravam-se já muitos daqueles
judeus espalhados pela Peninsula Iberica e
portanto pelos lugares que formavam o
novo "Reino". Mas a grande vinda deste
povo para as terras de Portugal, deu-se
principalmente no ano de 1492, quando os
reis católicos de Espanha o expulsaram,
sendo acolhidos no nosso país por D. João II.

"Foram bem recebidos por El-Rei-
escreve o rabi Imanuel Aboab-e acorda-
ram, que pudessem entrar no reino, seis-
centas casas de judeus, com pagar-lhe oito
escudos de ouro cada um e que ao cabo
de seis anos, lhe mandariam dar navios
acomodados. e por moderados preços, para
poderem sair de seus reinos para as partes
de Africa ou Levante, como mais qui-
sessem."

   Os Judeus em Portugal antes da sua
         expulsão ou conversão

Manuel Pinheiro Chagas, na sua Histó-
ria de Portugal, livro III, capitulo XLIX.
páginas 364, diz: "Desde o tempo dos
godos que a raça judaica vivia e prospe-
rava em Espanha no meio de transes con-
tinuados, condenados e muitas vezes expul-
sos pelos reis, e pelos concílios, sujeita a
mil vexames, esmagada com impostos e
vitima frequentemente das convulsões popu-
lares. Mas os seus conhecimentos e os
seus recursos financeiros tornavam-na sem-
pre necessária, de forma que lá vinham ao
mesmo tempo leis protectoras compensar
o efeito das leis de perseguição e de into-
lerância".

Nesta mesma corrente de ideias claras
das suas qualidades, o ilustre historiador
Henrique Schaefer, diz: "As suas quali-
dades, as suas capacidades universalmente
reconhecidas cedo os dotaram neste país,
como em Espanha, duma certa influencia".

Daí os soberanos os escolherem para
ministros de finanças e senhores absolutos


 
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