2 HA-LAPID ========================================== dou pela sua simplicidade e pela sua graça, tão bem que ele a escolheu para ser rainha e pousou a coroa sobre a sua cabeça. Contudo. Ester não lhe revelou nem o seu povo nem a sua origem, como lhe tinha recomendado Mardoqueu. 2- Mardaqueu desvenda uma canjura- ção tramada contra o rei. Todos os dias, Mardoqueu vinha à porta do palácio para saber notícias da Ester. Tendo assim ou- vido dois oficiais da corte conspirar contra a vida do rei, deu imediatamente conheci- mento disso a Ester e esta informou o rei em nome de Mardoqueu. Foi feito um inquérito, que confirmou o caso; os dois culpados foram enforcados; e o facto foi consignado nos Anais do reino. 3 -Aman quer fazer massacrar todos as judeus do Império. Pela mesma epoca, Assuerus elevou Aman à mais alta digni- dade do Imperio. Aman era um homem arrogante e cruel. Todos os servidores do rei se prostavam diante dele segundo a ordem do rei. Só Mardoqueu se recusava a fazê-lo; ele não queria render a um homem a homenagem que devia ser reser- vada só a Deus. O orgulho de Aman foi vivamente ferido com isso, e resolveu vin- gar-se; mas desdenhando pôr a mão só sobre Mardoqueu, resolveu exterminar com ele a nação judaica inteira. Tirou à sorte o dia e mês mais favoráveis ao seu intento. a sorte indicou o dia 13 do mês de Adar. Então Aman dirigiu-se ao rei e disse- -lhe:-"Há uma nação disseminada entre todas as províncias do teu reino; esta gente tem leis que diferem das de toda outra nação; quanto às leis do rei, eles não as observam, porisso não está no interesse do rei conservá-los. Se pois o rei consente nisso. que um edito seja publicado para os fazer perecer e eu entregarei 10.000 Ko- kars de prata no tesouro real". O rei tirou logo o seu anel do dedo, entregou-o a Aman e disse-lhe: - Não quero o teu dinheiro, e quanto a este povo, trata-o como te aprouver! Imediatamente Aman fez expedir para todas as partes do Império cartas, contendo a ordem de exterminar num mesmo dia, 13 do mês de Adar, todos os judeus. homens, mulheres e crianças. 4-Ester decide-se a ir à presença do rei em risco de vida. -O édito de Aman. que foi igualmente publicado em Sosa, a capital do reino, mergulhou todos os ju- deus numa profunda consternação. Mar- doqueu rasgou os seus vestidos, cobriu-se com um cilicio e percorreu a cidade cho- rando amargamente. Mandou imediata- mente dizer a Ester que se apresentasse ao rei e intercedesse pela sua nação. Mas a rainha respondeu-lhe: "Toda a pessoa que aparecer perante o rei sem ter sido convocada incorre na pena de morte, a menos que o rei não lhe estenda o seu cetro para lhe fazer graça. Ora, eu, como serei acolhida pelo rei? Há trinta dias que não fui chamada à sua presença. Mardo- queu mandou-lhe esta resposta enérgica: - "Não te embates na ilusão de que uni- camente entre os judeus, possas escapar à morte, protegida no palácio do rei; por- que se tu guardas silêncio na hora em que estamos, o livramento e a salvação surgi- rão para nós doutra parte, enquanto que tu e a tua casa, vós perecereis.-E quem sabe se não foi para uma tal conjectura que tu chegaste à realeza? Ester mandou dizer a Mardoqueu:- Vai, reune todos os judeus de Susa; não comei nem bebei durante três dias e três noites; as minhas servas e eu fazemos o mesmo. Em seguida apresentar-me-ei ao rei, e se eu devo perecer, perecerei!" Mardoqueu fez o que Ester ordenou. 5-Ester é bem acolhida pelo rei.- No terceiro dia, vestiu os trajes reais e apresentou~se no limiar do aposento do rei. Assuerus estava assentado no seu trono. Logo que viu Ester, ela encontrou graça nos seus olhos, e ele estendeu-lhe o cetro douro de que ela tocou na extremidade. "Que tens tu, rainha Ester, lhe disse ele, e que pretendes tu? Mesmo que fosse a metade do meu reino, ela te seria conce- dida.-Ester respondeu: "Se é o bom pra- zer do rei que ele venha hoje à minha mesa, com Aman". O rei aceitou; ele mandou logo a Aman que se dirigisse com ele ao festim preparado por Ester. Durante a refeição, o rei repetiu a Ester: "Diz o que tu desejas: mesmo que fosse a metade do meu reino eu te concederei! - -Se encontrei graça a teus olhos, queira bem voltar amanhã com Aman ao festim que eu vos quero preparar e então eu te direi o que desejo". Aman retirou-se muito alegre, muito orgulhoso de ter sido o único que a rainha
N.º 146, Shevat-Nissan 5710 (Jan-Mar 1950)
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