6 HA-LAPID ========================================= volvem estes pobres homens encarregados de governar o mundo se dissipavam diante dele. Deus, disse Maimonides, lhe falava do fundo da sua inteligência, da sua luci- dez flamejante. Moisés permanece inflexível no seu pro- grama: Livramento e soberanidade. As dificuldades que se anunciam para a sua execução são imensas: dificuldades inte- riores e dificuldades exteriores. Ele terá de lutar contra os do seu povo a quem repugne correr a aventura. e contra o pode- roso faraó. "Os filhos de Israel, diz a Escritura, não escutaram Moisés porque eles estavam desencoraiados e gemiam numa dura servidão". Quanto a Faraó, fazia-se mais cruel depois da intervenção de Moises e tornava mais duras as tarefas às quais os filhos de Israel estavam obriga- dos. "Que se acabrunhe estas gentes com trabalho, dizia ele aos seus ministros, a fim de que deixem de correr atrás de quimeras". Através a narração biblica tem-se a im- pressão que sem a intransigéncia de Moisés a situação de seus irmãos no Egipto não seria melhorada. Faraó faz já uma con- cessão concedendo a Moisés o favor para aqueles que ele defende de praticar livre- mente a sua religião. "Então Faraó cha- mou Moises e Arão e lhes disse: Ide sa- crificar ao vosso Deus neste país". Sacri- ficar a um Deus estrangeiro era nesta epoca a súmula da liberdade. O que irritava Faraó era a insistência de Moisés de fazer deixar o Egipto ao seu povo. Mas, ali está precisamente a grandeza de Moisés. Moi- sés desdenha a liberdade que lhe é lançada em esmola pelos outros. Ele quere a total. indiscutível, conquistada no combate. Moisés não teria certamente conseguido êxito na sua tarefa se ele não tivesse funda- mentado o seu programa de livramento e soberanidade sobre uma base altamente moral. A sua concepção dum Deus uni- versal, origem da verdade e da justiça, foi nas suas mãos um factor dinâmico pode- roso que electrizou um povo tornado amorfo por uma longa servidão. Também vê-se Moises apressar-se a dar ao seu povo em pleno êxodo e em plena batalha uma cons- tituição que será o esqueleto invulncrável da nação. E' esta constituição, conhecida sob o nome de Thorah, que impedirá Israel de sossobrar. Muitos povos independentes desapareceram no decorrer dos séculos. O povo judeu teria sofrido a mesma sorte se o programa de Moisés não tivesse sido senão um programa de liberdade material unicamente. Se a Páscoa devesse celebrar somente um facto histórico que se desenrolou há cerca de 3.500 anos, há muito tempo que ela teria caído no esquecimento. Se, de- safiando o tempo, ela se perpetua, é que ela traz em si uma mensagem valiosa para todos os séculos. Esta mensagem é a da liberdade nacional e espiritual ao mesmo tempo. Traduzido de "Le Judaisme Sephardy". Publicacões recebidas Le Judaísme Sephardi- Orgão mensal adoptado pelo Congresso Sephardi de Lon- dres (Maio de 1935) e pelo de Amsterdam (Maio de 1938). Director: O. Camhy. Direcção: 18. Rue Saint-Lazare. Paris-9.a. (em lingua francesa). Olath Odesche-Jornal mensal consa- grado às Ciências talmúdicas redigido em lingua hebraica. Esta publicação contém artigos emanando dos sábios e das luzes espirituais do Judaísmo mundial e tratando dos assuntos talmúdicos, halachicos e aga- dicos de interesse geral. inspirados da mais pura tradição ju- daica, as investigações profundas assim como os trabalhos recentes e variados de autoridades rabínicas incontestáveis conce- dem a este órgão tradicionalista um alto valor religioso, intelectual e moral. Ele tem já a colaboração de eminentes espiri- tos do mundo inteiro. Reduction: "Olath Hodeche". Rédacteur: Rabbi M. Mund. 37, Rue 0.-Cavaignac-Paris-Paris-XI Les Cahiers Sephardis Directeur: Sam Levy. Boulevard Bineau, 185 Neuilly - sur - Seine (France).
N.º 146, Shevat-Nissan 5710 (Jan-Mar 1950)
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