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Ha-Lapid הלפיד


N.º 146, Shevat-Nissan 5710 (Jan-Mar 1950)







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 4             HA-LAPID
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          NOITES DE SÉDER

Numa cidade inglesa, numa modesta
casa, em que antes da guerra, tudo era
felicidade e alegria, vivia uma familia com-
posta por pai, mãe, dois filhos e uma pe-
quenita que era o enlevo dos 4.

A vida daqueles 5 entes tão amigos e
tão unidos foi de-repente transformada
com o terrível flagelo da guerra.

O pai e o irmão mais velho foram cha-
mados para cumprir os seus deveres de-
fendendo a sua pátria e a sua religião.

Naquela casa em que outrora tudo era
alegria e satisfação, transformou-se numa
outra casa em que a alegria e a satisfação
eram substituidos pela tristeza e ansiedade.

Os anos de guerra foram~se arrastando
e o pai e o John que de longe vinham bei-
jar os seus queridos continuavam lá longe.
O Philip fez o ano passado a sua bar-
-mitsváh e não foi tão alegre como a do
john porque a essa pequena festa familiar
só duas pessoas assistiram: a mãe e eu.
Mas, como sabíamos os outros bem essa
tristeza foi um pouco atenuada.

Este ano as festas da Páscoa foram mais
tristes do que no ano passado, porque no
ano passado ainda o pai e o John as passa-
ram em casa aproveitando as suas licenças,
mas este ano como foi diferente, quando
nos sentamos à mesa e ouvimos o Philip
ler as orações desta noite a mãe com os
olhos embaciados pelas lágrimas e eu que
sentia um mal-estar, um não sei quê que
se me atravessava na garganta, ouvíamos
aquela voz que de quando em quando mu-
dava de tom e que um tanto modificada
pela comoção continuava sempre a ler.



O Jantar, que era um pouco melhor do
que os outros dias foi mais triste e, termi-
nado este, quando o Philip continuou a ler
a mãe que já não se podia conter começou
a soluçar e quase em seguida na nossa
casa não se ouvia mais nada senão o solu-
çar de 3 pessoas que com tanta saudade
recordavam o passado.

Mal terminaram as orações fomos para
a cama. E em cada quarto cada um de
nós fazia os possíveis por abafar os so-
luços.

Na manhã seguinte fomos à sinagoga e
numa altura em que todos estavam de pé
e rezavam baixinho, a mãe disse-me que
se eu quisesse pedir a Deus qualquer coisa
o fizesse nessa ocasião e então eu pedi:

-Meu Deus que estás no céu, ouve
bem o que te peço e vê se me podes aju-
dar neste momento de aflição. Faz com
que a guerra acabe e que o pai e John
voltem para casa para voltarmos a ser feli-
zes como dantes. Faz com que logo
quando fizermos o Séder, que a mãe não
chore, porque, quando a vejo chorar a
vontade de a imitar e tanta que acabo tam-
bém por deixar cair as minhas lágrimas.

Meu Deus! Eu sei que és bom e desde
que o pai está para a guerra tenho-me
esforçado por ser boa menina, portanto
concede-me o que te peço, faz com que o
pai e o John voltem depressa.

A' noite quando principiávamos a sen-
tarmo-nos à mesa bateram à porta e, qual
não foi a nossa alegria ao vermos o pai e
John entrarem. Nessa segunda noite de
Páscoa as lágrimas da primeira, foram
substituídas pela animação e alegria. Nessa
mesma noite quem fez as orações já foi o
pai e quase nós chegamos a esquecer de
que havia guerra. Estávamos os 5 como
dantes tão contentes que quase me cheguei
a esquecer da triste noite anterior.

Antes de me deitar agradeci a Deus o
milagre que havia feito e pedi novamente
que a alegria daquela noite se repetisse
para sempre e que em todos os lares onde,
como no nosso havia tristeza fosse substi-
tuída pela alegria. alegria essa que seria
pouco duradoira porque o pai e o John
teriam novamente de partir. Pedi também
a Deus que fizesse terminar a guerra, essa
maldita que tanto nos tem feito sofrer.

                 NUNO DE BARROS BASTO.



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tação e em sinal de reconhecimento, o 14
deste mês, como festa, chamada Purim
(por causa da sorte ou por que Aman tinha
consultado). Os judeus aceitaram, por eles
e para os seus descendentes, comemorar
anualmente esta data; assim a recordação
de Purim não se apagará nunca do meio
dos judeus.

Quanto a Mardoqueu, ele foi muito
considerado na sua alta dignidade; cami-
nhava, em segundo lugar, após o rei; ele
era também muito amado por todos os
judeus, seus irmãos, a quem ele sincera-
mente desejava felicidade.

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