HA-LAPID 3 ======================================= convidou com o rei. Mas quando saindo do palácio viu à porta Mardoqueu, que re- cusava sempre dobrar os joelhos perante ele, o seu furor despertou. Entrando em casa ele disse a sua mulher: "Para que me serve toda a honra que o rei e a rainha me concedem enquanto que este judeu Mardoqueu está assentado à porta do rei". Então Zerech, sua mulher, diz-lhe: -"Que se levante uma forca de cin- quenta côvados de altura; e amanhã de manhã pede ao rei que ali pendurem Mar- doqueu". O conselho agradou a Aman e mandou levantar a forca. 6 - Hanras conferidas a Mardoqueu.- Naquela noite o rei não pode dormir. Para se distrair, mandou ler os Anais do reino, e o leitor começou pela passagem onde estava consignado que Mardoqueu tinha outrora salvo a vida ao rei. "Qual foi a recompensa. preguntou o rei, que foi con- cedida a Mardoqueu por prémio da sua felicidade ?"- "Nenhuma", responderam os seus oficiais. No mesmo momento anun- ciaram que Aman se encontrava no átrio diante do aposento real. Ele vinha, está visto, para apresentar o seu requerimento ao rei e fazer enforcar Mardoqueu. O rei tendo ordenado que o mandassem entrar, disse-lhe: "Que convém fazer a um homem que o rei deseja honrar?" Aman, supondo que não se podia tratar senão dele mesmo, respondeu: "Que o rei faça revestir este homem com vestimenta real, que o faça montar sobre um dos cavalos montados pelo rei e sobre a cabeça do qual figure uma coroa real; que enviem este homem a um dos maiores senhores da corte, e que este senhor o conduza assim pelas principais ruas da cidade, proclamando: -"E' assim que o rei trata aquele que quer honrar!" -"Vai depressa, diz o rei a Aman, e tudo o que acabas de dizer, fá-lo ao judeu Mardoqueu, sem nada omitires!" Aman, cheio de espanto, não pôde recusar-se a executar a ordem do rei. Prestou as homenagens a este Mardoqueu, que jul- gava, momentos antes, poder mandar para a forca. Depois foi precipitadamente para sua casa, acabrunhado de tristeza e de vergonha. 7-Queda de Amam-Aman entreti- nha-se ainda com a sua mulher e seus amigos sobre a sua triste aventura, quando os mensageiros do rei vieram busca-lo para o conduzírem ao festim da rainha. A' mesa, o rei renovou o seu pedido: "Diz-me o que tu desejas, Ester; nem que seja a metade do meu reino, eu to con- cedo!" Ester respondeu: "Se eu encon- trei graça perante ti, ó Rei, concede-nos a vida, a mim e ao meu povo. Porque nós temos sido votados ao massacre e à ruína. Se nós não tivéssemos sido senão vendidos como escravos, eu teria guardado silêncio; mas o nosso inimigo nem mesmo se in- quietou com o prejuízo causado ao rei!" - "Quem pois teve a audácia de agir dessa maneira ?" disse o rei. -Foi este homem, replicou Ester, este homem cruel e encarniçado, este malvado Aman que aqui está!" Aman ficou ater- rado. O rei, na sua cólera, tinha-se levan- tado do festim para ir para o parque do palácio, enquanto que Aman se levantou para pedir graça da sua vida à rainha Ester, porque ele via que a sua perda estava re- solvida pelo rei. Como o rei voltava do parque para a sala do festim. Harboná, um dos seus servidores, disse-lhe: "Muito perto da casa de Aman está levantada uma forca, com 50 côvados de altura, que ele mandou levantar para ali pendurar Mar- doqueu". -"Que aí o pendurem a ele mesmo! gritou o rei. Penduraram pois Aman na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu, e a cólera do rei acalmou-se. 8-Elevaçãa de Mardoqueu; festa de Purim. - Tendo em seguida Ester revelado o seu parentesco com Mardoqueu, o rei nomeou este seu primeiro ministro, no lugar de Aman. Mardoqueu expediu ime- diatamente para todas as províncias novos éditos, munidos do selo real, para anular o efeito do de Aman. Assim o 13 de Adar, destinado por Aman a ser o dia do exter- mínio dos judeus tornou-se para estes um dia de alegria e contentamento. Em Susa assim como em todas as cidades e aldeias do reino, os judeus fizeram festins, envia- ram mutuamente presentes e espalharam muitas esmolas pelos pobres. Mardoqueu consignou todos estes acontecimentos num livro e enviou cópias dele aos judeus até às províncias mais longínquas. Ele esti- pulou que os judeus celebraríam para sem- pre, em recordação desta milagrosa liber-
N.º 146, Shevat-Nissan 5710 (Jan-Mar 1950)
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