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N.º 147, Sivan-Elul 5710 (Mai-Ago 1950)







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 4              HA-LAPID
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terras e até a própria vida, a prestar culto
a idolos, ainda que estes fossem os do
próprio imperador da poderosa Roma. Para
os funcionários romanos, esse povo tinha o
aspecto de uma gente obstinada, quase
demente, a quem era preciso dominar, pela
palavra ou pela espada, e empregaram
esta última.

Durante anos de terror, matou-se desa-
piedadamente.

Aos rebanhos, os judeus foram queima-
dos e crucificados.

Num só dia Tito mandou crucificar 500
prisioneiros e, para espalhar o terror, reen-
viou outros para a cidade de Jerusalém
com as mãos decepadas.

Durante quatro anos terríveis, o pequeno
povo judeu, num canto obscuro do império
romano, resistia ao poder das mais famosas
legiões romanas e à habilidade dos con-
quistadores do mundo.

No ano de 66 a inquietação tinha che-
gado ao auge. Mas a grande insurreição.
que havia de arrastar consigo a destruição
completa do estado judaico, não era fo-
mentada, apenas, pelos judeus da Judeia;
na fomentação da revolta, tem lugar pre-
dominante a Galileia, onde ainda escoavam
as vozes dos antigos profetas, e cuja popu-
lação mantinha um patriotismo ardente que
se opunha, com firmeza, contra as infiltra-
ções do exterior.

Da Galileia partiu, pois, o grito de
alarme, que foi atear o incêndio em todas
as colónias dos judeus, estabelecidas fora
da Palestina.

Os países longinquos, de um judaismo
primitivo, ofereceram-se para combater e
do milhão e cem mil judeus, que cairam
mortos, na defesa de Jerusalém, a maior
parte não era nativa da judeia, mas tinha
vindo ali para celebrar a pascoa de Pessah.

Da Síria tinham descido as legiões ro-
manas, para sufocar os rebeldes, mas, estes
batiam-se como leões ferozes, indomáveis.

Batíam-se com desespero e heroísmo, na
defesa da pátria e da religião, contra o ti-
rano estrangeiro e insolente.

De ambos os lados a guerra era impla-
cável. O imperador Nero compreendeu a
extensão da revolta, e que domina-la não
seria fácil; enviou, pois, para o teatro da
guerra, dois dos seus mais hábeis generais;
Vespasiano e Tito, filho deste.

Mas pouco depois Vespasiano era cha-



mado a Roma, para ser coroado imperador
e Tito reuniu o seu poderoso exército e
acampou no Monte Scopus, a norte da ci-
dade, onde, como uma promessa acaricia-
dora de tempos mais felizes, se levanta
hoje a Universidade Hebraica, e intimou
imediatamente os habitantes a que se ren-
dessem. Apenas exigia submissão, respeito
pelas leis romanas e pagamento dos im-
postos.

Ancioso por regressar a Roma, onde o
esperavam agora todos os prazeres e delí-
cias a que a sua alta situação de filho de
imperador lhe dava direito, estava disposto
a usar de clemencia para com os judeus;
estes, porém, furtavam-se obstinamente a
quaisquer negociações; tinham jurado de-
fender a cidade santa, com a própria vida,
e não queriam a rendição.

O cerco começou e logo todos os jar-
dins deleitosos e bosques espessos, por
onde se espalhavam as sombras tranquilas,
de que nos fala a Biblia, foram destruídos
sem piedade, ao norte e a poente da ci-
dade.

Quem podesse segurar nas mãos uma
arma correu a entregar-se imediatamente
para a defesa; o heroísmo das mulheres,
que atiravam contra os sitiantes montões
de pedregulhos e azeite a ferver e que cou-
vertiam os projécteis, arremessados pelos
romanos, em instrumentos de morte, con-
tra estes próprios, porque de novo lhos
arremessavam, era um exemplo estimulante,
que levava os homens a praticarem actos
de uma tal temeridade, que dir-se-ia que
atingiam a loucura.

Perto da muralha norte, tinham-se le-
vantado montes de terra, sobre os quais
assentavam os arietes. A uma distância
de dez quilómetros, em redor da cidade
haviam-se cortado todos os troncos de ár-
vores, para a construção dos arietes. Dia
e noite, incessantemente, ouvia-se o estrondo
daqueles instrumentos de guerra batendo
contra as muralhas.

Os judeus furavam minas: minavam
debaixo dos montes de terra e os arietes
iam-se abaixo.

Quinze dias, durou o trabalho dos arie-
tes, que os romanos levantavam de novo
e, por fim, abriu-se a primeira brecha, na
muralha exterior: 17 de Tamuz.

Nove dias mais, e cala a segunda mu-
ralha e, finalmente, os romanos apodera-


 
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