6 HA-LAPID ========================================= vulgar e, por uma estranha coincidência, essa também a data do aniversário da queda do primeiro Templo. Diz-se, como já indicamos, que no cerco de Jerusalém, pareceram mais de um mi- lhão de judeus e, também como já disse- mos, estes eram, em grande parte, peregri- nos, que tinham vindo celebrar a páscoa (Pessah), comemorativa do êxodo do Egipto. Dos sobreviventes, noventa e sete mil foram feitos escravos dos quais, uns foram deportados para as minas do Egipto e os restantes foram entregues aos animais ferozes, nas arenas romanas, segundo o costume romano. Tito assenhoreou-se da parte mais nobre e distinta dos zeladores, para figurarem, no seu regresso, na marcha triunfal, atra- ves das largas ruas de Roma e, nesta cidade, foi mandado levantar um arco triunfal, ainda hoje conhecido pelo Arco de Tito, no Coliseu Romano; muito visitado pelos visitantes da Roma moderna, em que figu- ram, como escravos, mancebos judeus acarretando às costas utensílios do Templo. O arco ainda existe, em parte arruínado; um troço das velhas muralhas de Jerusalém. -Kotel Má'arabi-outrora embebidas em sangue, também ainda existem e ainda hoje, os descendentes dos antigos judeus vêm ali chorar a pátria perdida e implorar o Todo Poderoso, pela sua restituição. São os únicos testemunhos do antigo heroísmo que excedeu todos os heroísmos, que a História regista. É esta a descrição que Flavius Josephus nos legou. Supõe-se que todos os judeus que habi- tavam então a Palestina pareceram nesta guerra tremenda e mais uma vez Sião chorou sobre as suas ruínas. Chorou pelos seus filhos mortos no campo de batalha; pelas suas filhas vendidas como escravas ou entregues à sofreguidão da soldadesca; mas, agora, Sião estava ainda mais deso- lada do que nos dias do seu primeiro cati- veiro porque se calara a voz do profeta que outrora lhe anunciara o cabo da sua viúvez e do seu luto... e chora Sião, ainda hoje, pelo regresso da antiga pátria. Lisboa, 1924. ----------------------------------------- Visado pela Comissão de Censura RECORDAR É REVIVER Los judios portugueses El acto politico mas desastroso de la historia portuguesa fué la expulsión de los judios. Más que injusto y violento para los judíos, ese hecho fué criminal para Portugal. El país perdíó con esa expulsión una clase numerosa, trabajadora y de gran valor cientifico. El hecho se reviste de un aspecto antipático de ingratitud, pues los matemáticos y astrônomos judíos habían sido los mejores auxiliares de nuestras navegacíones. Spinoza podría ser hoy una gloria de Portugal, en vez de serlo de Holanda, pues era hijo de judios por- tugueses. La prosperidad comercial de Holanda se debe en gran parte a los judíos expulsados de Portugal. Pero los españo- les, que practicaron el mismo error, saben cuanto perdieron, y reconecen así perfecta- mente cuanto perjudicó a Portugal esa expulsion. No tenemos la intencion de hacer aqui historia del pasado. Queremos referirnos sencillamente a un hecho de hoy que será mañana una cuestión importante. Por ahora ese hecho es tan sólo un hecho curioso: pero cuando la República se decida a estudiar el asunto se levantarán protestas de los católicos, suscitando una cierta agitación. En realidad, viven en el norte del país, en Traz-os-Montes y en la Beira Alta, algunas centenas y quizá milla- res de antiguos indios. Convertidos por la fuerza al catolicismo, esos "crístianos nuevos" o "maranos" siguieron practi- cando secretamente, y por cierto de una manera desfigurada, el culto judaico. La ley de la separación de la, iglesia del Estado les dió la libertad religiosa. Pero algunos espiritus liberales, sin que sean judíos, piensan que esa libertad no basta, siendo justo que el Gobierno republicano proteja a los reconvertidos contra el pre- dominio católico. A pesar de la fuerza de que la Iglesia dispone y ha dispuesto siempre aun dentro de la República, se ha dado en estos últimos años un verdadero renacimiento judaico. Un oficial del Ejército, el capitão Barros Basto. ignoraba, pero lo descubrió un dil-
N.º 147, Sivan-Elul 5710 (Mai-Ago 1950)
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