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N.º 148, Tishri-Tevet 5711 (Set-Dez 1950)







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 2          HA-LAPID
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pela qual nós poderemos reconduzir as
nossas acções, o facho que permitirá nos
orientar?" (Zadoc Kahn, Serm. et Alloc.
tomo I. pág. 70). Num espírito semelhante,
Spinoza dizia (Etica. Livro IV. T. XIV):
"Se o verdadeiro conhecimento do bem
e do mal pode reprimir uma paixão, isso
não será tanto como verdade, mas ela
própria é considerada como uma paixão n.
Só, com efeito, o sentimento nos pode
guiar na moral, como ele nos guia na
arte: a santidade e na vida moral o que
o gosto é na vida estética. Por falta de
poder definir o bem com a precisão
do método cientifico, a religião procura
fazê-lo atingir pelo sentimento: como a
arte, ela não dá regra absoluta; ela inspira.
aconselha e guia.

Nisso é preciso contudo que ela entre-
gue a nossa vida moral à descrição do
nosso juizo.

Ela põe em relevo os casos importantes
guie conduzem à santidade ou que afastam 
dela.

Doutrina da vida e não de escola, ela
define as coisas não dum ponto de vista
abstracto mas baseando-se sobre a obser-
vação da vida corrente.

"Não façais como as populações no
meio das quais ides viver,-disse Moisés
aos Hebreus, na véspera da sua penetração
na Terra Prometida-não sacrifiqueis os
vossos filhos sobre o altar de Moloch;
não vos prostitueis; não vos deiteis com
animais; habituai-vos a distinguir entre o
que é limpo e o que não o é; sede santos...
respeitai pai e mãe; a honra e a vida do
vosso próximo, os velhos, os fracos e os
infortunados; tende piedade dos desgra-
çados; sede honrados, equitativos e gene-
rosos; tende horror ao roubo, à mentira.
à velhecaria; fugi dos maus sentimentos
(ódio, vingança, rancor); em duas pala-
vras. buscai tudo o que lavoreça a vida
entre todos os homens e evitai o que a
pode contrariar". (Lev. XIX, e seguintes).

Na época do Talmud (cinco primeiros
séculos da era cristã), os sábios de Israel
recomendam mais especialmente o sustento
dos pobres, a visita aos doentes, a conso-
lação aos aflitos, a sepultura dos mortos.
Segundo o tempo e as circunstâncias, é
preciso assinalar certos actos e passar por
cima de outros. Em tempo de guerra ou
de perturbações sociais não se poderia



actuar com a mesma mansidão que em
tempo de paz; nas sociedades onde o tra-
balho está bem organizado, a caridade não
saberia procurar os mesmos benefícios
como naquelas onde as forças de activi-
dade ficam sem emprego contra a sua
vontade.

Segundo as necessidades do momento_
o próprio termo santidade deve evoluir:
enquanto que a Biblia se esforça de o tor-
nar tangivel aos rudes beduinos do deserto
pelas ablações, imersões e sacrifícios, os
sábios do Talmud contentam-se em reco-
mendar aos seus discípulos o acto meritó-
rio (miçvah), e de lhes inspirar o afasta-
mento do acto degradante (awerah). Hoje
os nossos termos também evoluiram: nós
distinguimos actos nobres, correctos, vu1-
gares e vis. Mas, a despeito da transfor-
mação dos termos e das matizes que lhes
correspondem, o mesmo sentimento que
guiou os antigos continua a guiar-nos hoje
em saber que há actos que podem ou de-
vem fazer-se, e que há outros que se não
podem fazer. E se a apreciação que nós
fazemos sobre cada um deles pode sofrer
modificações de detalhe segundo o desen-
volvimento da nossa vida, as grandes linhas
ficam eternas. A má vontade pode criar
distinções fictícias, mesmo em presença
dum código perfeitamente explícito: há um
sentido que não engana o homem de bem,
assim como o gosto não engana o artista
ou o sentido dos negócios não engana o
comerciante, é o sentimento da santidade.
E todo o esforço da doutrina judaica será
de o fazer penetrar no coração dos seus
adeptos.

             CAPÍTULO III

 Realidade do sentimento de santidade

Se é incómodo de explicar a razão cien-
tifica deste sentimento, nós podemos con-
tudo constatar a sua existência e o seu
poder. Nós não sabemos demasiado o que
é electricidade e contudo servimo-nos dela
todos os dias. Os grandes espíritos do
judaismo, que se esforçaram para encontrar
um fundamento racional para este senti-
mento, não puderam pôr-se de acordo para
indicar um que seia reconhecido por todos.
Mas a diversidade das suas explicações
nada prova contra o próprio ideal: ela
prova que o seu valor é independente das


 
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